Categoria: Música

HÁ 34 ANOS, MORRIA CLARA NUNES

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video

Clara Nunes perdeu os pais quando ainda era criança e foi criada por três de seus seis irmãos. Adulta, acalentou o sonho de ser mãe, mas, depois de três abortos, teve que se submeter a uma cirurgia para retirada do útero.

No dia 05 de março de 1983, ela se submeteu a outra cirurgia, dessa vez de varizes, mas acabou tendo uma reação alérgica à anestesia e sofreu uma parada cardíaca. Depois de 28 dias internada em uma UTI, Clara Nunes faleceu no dia 02 de abril, com 40 anos.

No vídeo acima, Clara interpreta “Morena de Angola” (Chico Buarque), um de seus grandes sucessos. E o texto abaixo é da Agência Brasil:

claranunesEra para ser uma simples cirurgia para retirada de varizes, mas complicações no procedimento levaram à morte prematura da cantora Clara Nunes, em 2 de abril de 1983. Mineira de Paraopeba, Clara Francisca Gonçalves Pinheiro foi uma das mais importantes vozes femininas da música brasileira. O samba e a forte influência dos ritmos e religiões africanos foram a principal marca de sua música, ainda hoje celebrada.

A carreira de Clara Nunes começou cedo. Aos 10 anos ganhou um concurso musical da sua cidade – o prêmio era um vestido azul.  Ao longo de toda a carreira participou e venceu diversos concursos musicais, incluindo os organizados pelas rádios e os grandes festivais. Já acumulava uma certa fama nas rádios e emissoras de televisão mineiras, onde chegou a apresentar um programa. Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a se apresentar em vários programas de TV, como o de Chacrinha.

Antes de ingressar no mundo do samba, Clara cantou principalmente boleros. Seu primeiro disco foi gravado em 1966: A Adorável Voz de Clara Nunes.  Em 1968 gravou o disco Você Passa e Eu Acho Graça, seu segundo álbum na carreira e o primeiro onde cantaria sambas. A faixa-título foi seu primeiro grande sucesso radiofônico.

O álbum Clara Nunes (1971) produzido por Adelzon Alves é considerado um marco na carreira da cantora, o “disco da virada”, com um repertório escolhido por ela, só de sambas. Em 1972, Clara atingiu a marca de 100 mil cópias vendidas com o compacto da música Tristeza, Pé no Chão. A marca era inédita para uma cantora feminina e quebrou o tabu de que mulheres não tinham grande capacidade de vendagem.

A incursão pelo mundo do samba levou Clara Nunes a nutrir uma grande paixão pela Portela, escola de samba carioca. Aos poucos a mineira se aproximou da escola, frequentava as rodas de samba e reforçou os laços com a Velha Guarda da Portela. Se tornou madrinha do grupo e gravou diversos sambas-enredo para a escola. Entre eles Ilu Ayê, no carnaval de 1972, considerado um dos mais belos sambas-enredo portelense. No dia 2 de abril de 1983, o seu corpo foi velado por mais de 50 mil pessoas na quadra da Portela.

BABY DO BRASIL – “MALANDRO”

baby aragãoNo vídeo abaixo, um dos melhores momentos do projeto Sambabook, que já revisitou as obras de João Nogueira, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e, por último, dona Ivone Lara. Nele, a nova baiana Baby do Brasil – ex-Baby Consuelo – canta um samba de Jorge Aragão (“Malandro”), utilizando alguns recursos vocais muito parecidos com o estilo Elza Soares de cantar.

Não deve ter sido por acaso a escolha de Baby para cantar esse samba ao estilo de Elza. Afinal, foi com “Malandro” que, em 1976, Jorge Aragão – ex-integrante do grupo Fundo de Quintal – despontou como compositor, graças a Elza Soares, a primeira cantora a gravar esse samba que já mereceu várias regravações. Certamente que a de Baby é uma das mais belas.

Com quarenta anos de estrada, Aragão é autor de clássicos do samba, como “Enredo do Meu Samba“, “Logo Agora” e “Coisinha do Pai“, música em homenagem à filha Vânia, que, na voz de Beth Carvalho, tocou até em Marte (foi a música que acordou o robô Mars Pathfinder, lembram-se?).

Jorge Aragão é, também, um dos autores de um samba que muita gente canta, mas não sabe de quem é: o tema da Globeleza, da TV Globo (“… na tela da TV, no meio desse povo, a gente vai se ver na Globo…). Confiram, agora, a performance da Baby:

CAETANO, GIL E IVETE SANGALO – “SUPER-HOMEM – A CANÇÃO”

Em março de 1979, Gilberto Gil – que ainda morava na Bahia – estava hospedado na casa de Caetano Veloso, no Rio, e, numa noite ouviu do amigo, que acabara de chegar do cinema, um relato entusiasmado do filme “Super-Homem“. Caetano narrou, empolgado, o momento em que o Super-Homem muda o movimento de rotação da terra para poder voltar o tempo e salvar a namorada. Depois, foram dormir, mas…

“Mas eu não dormi. Estava impregnado da imagem do Super-Homem fazendo a Terra voltar por causa da mulher. Com essa ideia fixa na cabeça, levantei, acendi a luz, peguei o violão, o caderno, e comecei. Uma hora depois a canção estava lá, completa. A canção foi feita, portanto, com base na narrativa do Caetano. Como era ‘Super-Homem – O filme’, resolvi botar o nome de ‘Super-Homem – A canção’.”

Sobre a “porção mulher”, Gilberto Gil explica que “muita gente confunde essa música como apologia ao homossexualismo, e ela é o contrário. A intenção foi mostrar o feminino como complemento do masculino e vice-versa; o masculino e feminino como duas qualidades essenciais ao ser humano”.

No domingo passado, uma amiga queria ouvir no programa que apresento lá na Regional FM – O Brasil & Cia – a versão de “Super-Homem – A canção” com Caetano, Gil e Ivete Sangalo. Como eu não tinha, fiquei devendo. E, como sei que ela acompanha o blog, estou postando o vídeo de 2012, em que os três cantam a música de Gil:

 

JOYCE CÂNDIDO – “SAUDOSA MALOCA”

joyce_candido

Um dia desses, o amigo José Favaron – corintiano e apreciador da MPB, como eu – me mostrou um vídeo que ele recebeu através do whatsapp, no qual a Joyce Cândido, da nova geração de cantoras, interpreta “Saudosa Maloca“, do Adoniram Barbosa. “Essa moça canta muito“, comentou o Favaron. 

E canta mesmo! Em janeiro de 2014, escrevi um post (aqui) sobre a Joyce Cândido, cujo trabalho eu conheci através do jalesense Celiomar Trindade, que, naquele ano, me presentou com um DVD da artista, autografado por ela, com dedicatória e tudo. Mas, afinal, qual a ligação do Trindade com a Joyce?

A ligação se chama Mário Martinez, poeta uraniense, amigo do Trindade e da Joyce. Em 2007, com 24 anos, a Joyce cantou uma música do Mário no Festival de Música de Paranavaí(PR) e ganhou o prêmio de melhor intérprete. Depois, ela foi para os Estados Unidos, onde, em 2011, ganhou um prêmio como melhor cantora brasileira em atividade nos States.

De volta ao Brasil, foi recomendada à gravadora Biscoito Fino por ninguém menos que Chico Buarque. E o CD gravado por ela na Biscoito Fino – “O Bom e Velho Samba Novo” – teve a participação especial do João Bosco, entre outros. Convenhamos, não é para qualquer cantora começar a carreira apadrinhada assim, por dois gênios da música. Abaixo, o vídeo em que ela canta “Saudosa Maloca“.

“ASA BRANCA”, O HINO NORDESTINO, COMPLETA 70 ANOS

images-cms-image-000536267

A gravação de “Asa Branca”, o hino não oficial do Nordeste, e um dos maiores clássicos de todos os tempos da MPB, completou 70 anos na sexta-feira, 03. A toada – que tem versões em dezenas de idiomas, inclusive em japonês e coreano, e é familiar a brasileiros de qualquer região – soava tão estranha naquele tempo que foi motivo de gozação em cima de Gonzaga, pelos músicos do Regional do Canhoto, que participaram da gravação, em 3 de março de 1947.

Para eles, “Asa Branca” era a mesma coisa que cantiga de cegos nordestinos, pedindo esmola na rua. Fizeram uma fila, um deles com uma vela acesa, cantando a música. O episódio foi contado pelo autor da letra, o advogado cearense Humberto Teixeira, que Gonzagão conheceu no Rio de Janeiro.

Além de ser alvo de gozação dos músicos, “Asa Branca” não mereceu muita atenção do pessoal da gravadora RCA, que a colocou no lado B de um compacto simples. O lado A foi ocupado pela hoje esquecida marcha junina Vou pra Roça (Luiz Gonzaga/Zé Ferreira).

Poucas canções da MPB têm tantas versões. “Asa Branca” – uma espécie de pomba brava que foge do sertão ao pressentir sinais de seca – vem voando há décadas, indiferente aos modismos musicais, tendo sido gravada tanto pelo pessoal do iêiêiê quanto pelos tropicalistas. O maluco beleza Raul Seixas, por exemplo, gravou uma versão em inglês, que pode ser conferida no vídeo abaixo, com tradução: 

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video

A toada de Gonzagão não foi sucesso só no Brasil. Ela ganhou também o reconhecimento internacional e, no final dos anos 60, surgiu um boato – que não passou disso, um boato – de que até os Beatles cogitavam gravar “Asa Branca”. Boatos à parte, o clássico nordestino ganhou as mais variadas – e até curiosas – versões no mundo inteiro. Nos vídeos abaixo, algumas dessas versões:

Versão japonesa:

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video

Versão senegalesa:

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video

Versão chinesa:

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video 

E pra fechar, a versão Demis Roussos. No Youtube, é possível encontrar versões de Asa Branca em italiano, francês, alemão, etc:

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video

MARIA RITA – “NÃO DEIXE O SAMBA MORRER”

Originário de São Paulo, o samba “Não Deixe o Samba Morrer” poderia ser a prova definitiva de que Vinícius de Moraes estava errado sobre Sampa ser o “túmulo do samba”. Poderia. Em verdade, não obstante ter sido composto por aqui, o samba é de autoria de dois modestos compositores baianos – Edson Gomes da Conceição e Aloísio Silva – à época radicados na capital paulista.

Lançada por Alcione, em seu primeiro disco – “A Voz do Samba“, de 1975 – a música fez sucesso em 1976. “Não Deixe o Samba Morrer” foi, por sinal, uma das duas músicas escolhidas pela própria Alcione para seu primeiro disco. A outra, foi “Etelvina Minha Nega”, de autoria do pai da cantora.

Todas as demais dez canções foram escolhidas pelos produtores, mas nenhuma caiu tão bem no gosto popular quanto “Não Deixe o Samba Morrer“, um samba de versos simples que, segundo os entendidos, impressiona pela qualidade da melodia.

O sucesso de Alcione foi tamanho, logo em seu primeiro disco, que a Rede Globo a convidou para apresentar um programa televisivo com o nome de “Alerta Geral”. Bons tempos aqueles em que “Alerta Geral” era o nome de um programa musical. Foi também o nome do segundo disco de Alcione, de 1976.

No vídeo abaixo, nada de Alcione. Afinal, os prezados e poucos leitores deste modesto blog já devem ter visto a “Marrom” cantando esse samba várias vezes. Apreciem a performance de Maria Rita – a filha da Elis – cantando “Não Deixe o Samba Morrer”:

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video

“SEM FANTASIA” – CHICO BUARQUE E MARIA BETHÂNIA

chico e bethânia ao vivoHoje, domingo, é dia de Brasil & Cia, na Regional FM. No domingo passado, uma amiga – a professora Maria Helena – ligou lá na Regional dizendo que gostaria de ouvir “Sem Fantasia”, com o Chico Buarque e a Maria Bethânia.

“Sem Fantasia”, uma música pouco tocada nos tempos atuais, é uma das minhas preferidas da obra do Chico. E ela não está entre as minhas preferidas por acaso. Essa canção era uma das 12 do LP “Chico Buarque – Volume 3”, de 1968, um dos primeiros discos que comprei na antiga Livraria Marisa e, certamente, um dos que mais ouvi em meu velho aparelho Grundig.

Na versão original, a de 1968, Chico, então com 24 anos, cantava com uma de suas irmãs, Cristina, seis anos mais nova que ele. Por sinal, Cristina só se tornou conhecida do grande público em 1974, quando gravou o seu maior sucesso – “Quantas Lágrimas” – um samba de Manacéia, compositor da Velha-Guarda da Portela.

A versão do vídeo abaixo, com Chico e Bethânia, é do show Noite Luzidia, gravado no Canecão, em 2001. Essa não foi, porém, a primeira vez que eles cantaram, juntos, “Sem Fantasia”. A primeira vez foi em 1975, na série de shows que ambos fizeram, também no Canecão, e que virou o disco “Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo”, cuja capa pode ser vista lá em cima.

CARMINHO E HAMILTON DE HOLANDA – “NASCI PRA SONHAR E CANTAR”

Estou voltando! E volto em boa companhia, mostrando um samba inspirado de Dona Ivone Lara, cantado com o sotaque lusitano da cantora portuguesa Maria do Carmo de Carvalho Rebelo de Andrade, ou simplesmente Carminho. De quebra, o auxílio luxuoso do bandolim de dez cordas do genial Hamilton de Holanda.

Filha de uma fadista, Carminho começou a se apresentar ainda criança em uma casa de fados com o sugestivo nome de “Taverna do Embuçado”, de propriedade de sua mãe. Embuçado, diz o Dicionário inFormal, significa “disfarçado”, “dissimulado”, “mascarado”, etc.

Já mocinha, Carminho travou conhecimento com a MPB de Tom, Chico, Vinícius, Milton, Elis e outros, através das trilhas sonoras das novelas brasileiras reprisadas em Portugal. Sua ligação com o Brasil e a nossa música passou a ser, a partir de então, algo permanente. Recentemente, ela gravou um CD só com músicas do maestro Tom Jobim, com participações especiais de Bethânia, Chico, Marisa Monte e Fernanda Montenegro.

No vídeo abaixo, Carminho comprova que nasceu para cantar, interpretando com alma de fadista “Nasci Pra Sonhar e Cantar”. A música é do CD/DVD Sambabook de Ivone Lara.  Vale a pena ver. E ouvir. 

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video 

VANESSA DA MATA – “ACREDITAR”

vanessa-da-mataDepois de dois domingos de folga, estarei de volta hoje ao Brasil & Cia, na Regional FM, onde tento mostrar o que há de melhor na MPB. E uma das melhores coisas da MPB, atualmente, é a mato-grossense Vanessa da Mata. Nascida em Alto Garças, a 400 quilômetros de Cuiabá, Vanessa, aos 14 anos, se mudou sozinha para Uberlândia(MG).

A ideia era se preparar para fazer medicina, mas a música falou mais alto. Aos 21 anos, ela conheceu o paraibano Chico César, com quem compôs “A Força Que Nunca Seca”, música gravada por Maria Bethânia. Aos 26 anos, Vanessa gravou seu primeiro CD, fazendo sucesso com “Nossa Canção”, música do Luiz Ayrão que o Roberto Carlos consagrou.

No vídeo abaixo, a esfuziante Vanessa da Mata canta “Acreditar“, de Dona Ivone Lara, gravada originalmente em 1976, pelo sambista Roberto Ribeiro. Vale a pena ver e ouvir a interpretação de Vanessa para o Sambabook com composições da quase centenária Dona Ivone (13 de abril de 1921):

You need to a flashplayer enabled browser to view this YouTube video

“NÃO TÁ FÁCIL…” – PASCOALINO S. AZORDS

O escriba Pascoalino S.Azords – um velho amigo jalesense que há tempos se mandou para outras plagas – dedicou a este aprendiz de blogueiro a crônica que ele publica semanalmente no combativo jornal impresso “O Debate”, de Santa Cruz do Rio Pardo. Eis a crônica:

Não tá fácil…

(para o Cardosinho)

Eu não queria ficar um velho pessimista e amargo como o português José Saramago, que Geraldo Machado, acertadamente, chamou de Salamargo. Para entender o que nobelíssimo Saramago escreve, às vezes preciso fazer tanta ginástica que me dá câimbras ou formigamento. Eu queria mesmo é ficar um velho louco e sorridente como Manoel de Barros, que, maior de 80 anos, ainda gostava dos filmes do Jim Jarmusch e tomava sua cachacinha diária. “É melhor ser alegre que ser triste”, já dizia o Vinícius de Moraes. Eu juro que venho tentando. Até deixei de comprar tênis… Mas tá difícil.

Não vou aqui nesse cantinho de página listar as cagadas do ex-vice-presidente decorativo em exercício. Disso se ocupa a chamada grande imprensa. É notícia ruim pra todo mundo, todos os dias da semana. Mas, picado pelo espírito natalino das lojas do centro por onde hoje campeei uma inocente ventana, me vejo batendo pernas pelas ruas da minha cidade, 45 anos atrás. Naquele tempo, eu ainda não procurava nada. Adentrava as lojas apenas para me esconder da chuva. E um desses abrigos era a Livraria Mariza, que praticamente só vendia cadernos e livros didáticos, mas tinha também uma razoável seção de discos.

chico-buarque-construcaoPassei aquele Natal de 1971cobiçando um LP que o Deonel não se cansava de tocar na Rádio Cultura. Estava lá na prateleira da Livraria Mariza, mas, cadê o dinheiro?

Hoje, eu tornei a ouvir o disco que não pude comprar 45 anos atrás. Abaixei o volume para não incomodar os cachorros e os passarinhos importados da vizinhança, e vi em alto bom som o quanto a gente regrediu. Longe de mim o pessimismo do premiado Saramago. Mas, mesmo vivendo sob uma ditadura covarde e sanguinária em 1971, pelo menos tínhamos um povo que se indignava. E por isso era perseguido, preso, exilado, quando não torturado e morto em repartições públicas, por funcionários públicos, quase sempre fardados, em pleno expediente!

E além da indignação, tínhamos a Música feita pelos jovens brasileiros de 45 anos atrás: Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Jorge Ben, Djavan, Alceu Valença, João Bosco, Gonzaguinha… E Chico Buarque, que naquele Natal de 1971 estava lançando “Construção”, seu quinto disco, aos 27 anos de idade. Por extenso para que não paire dúvida: aos vinte e sete anos de idade o compositor que hoje pode ser desrespeitado por qualquer playboy desinformado já tinha cinco discos no currículo.

Mais do que prazer, ouvir “Construção” também me dá uma noção do quanto emburrecemos. “Construção” tocava no rádio – e sem parar! Assim como, dois anos depois, no parque de diversões uma das músicas do “Dark Side of the Moon”, o disco do prisma do Pink Floyd, era a trilha para a moça que bateu na mãe se transformar em gorila.

É ou não é de amargar?

1 40 41 42 43 44 62