DESCANSE EM PAZ, PERIGO!

Estive neste finalzinho de tarde no velório e enterro do Araídes Domingos Leal, o PERIGO, onde além dos seus familiares, encontrei vários de seus amigos, como o Chico Melfi, o Deonel, o Zé Antonio de Carvalho, o Martini, o Wilter, o Igayara, etc., e alguns de seus ex-companheiros de futebol, como o Joaquinzinho e o Murilo.

Conheço o Perigo desde quando ele chegou por aqui, em 1967, trazido de Catanduva pelo lendário técnico Eca, para jogar no glorioso Clube Atlético Jalesense. Toda a minha infância e adolescência, morei na Vila Maria, quase ao lado do Estádio Municipal “Roberto Valle Rollemberg”. Por isso mesmo, presenciei todos os grandes jogos, vi todas as grandes estréias e conheci de perto a maioria dos jogadores daquela época, uma vez que – depois dos treinos – eles costumavam ir tomar umas “biritas” na mercearia do meu pai. Inclusive o Perigo.

Lembro-me, como se fosse hoje, da estréia do Vagner Basso, vindo de Igarapava, do Netão, Tatu, Percival, Kermes, Tota, Rafael, Mário, Lolito, etc. Lembro-me da estréia do Edson, um lateral-esquerdo que o Dalua considera o melhor que já jogou no Caj. Lembro-me da melhor de todas as estréias, a de Hélio Ambrósio Filho, o Helinho, que, vindo do Botafogo de Ribeirão Preto, fez três gols no seu primeiro jogo em Jales. E lembro-me, é claro, da estréia do Perigo.

Como jogador de futebol, ele era um zagueiro voluntarioso, que não dava moleza pros adversários – nem na casa deles! – e, por isso mesmo, tinha uma justificada fama de valente. Quem o conheceu de perto, porém, sabe que, ao contrário do que podia parecer, Perigo era uma pessoa doce, romântica, de coração mole e uma alma tranquila. Uma de suas principais virtudes era a lealdade, qualidade que já trazia impregnada até no nome. 

Me lembro de uma ocasião – um Dia dos Pais – em que ele foi até a Rádio Regional, onde apresento o Brasil & Cia, levando um CD do Altemar Dutra e, em homenagem ao dia, pediu prá que tocássemos a música “Meu Velho”, uma das mais conhecidas do repertório do Trovador das Américas. Quando a música começou, o Perigo encostou-se à parede do estúdio e chorou como um menino. Era assim, o Perigo, um sentimental. 

Nos últimos tempos, já adoentado, ele dedicou-se a ajudar o Hospital do Câncer. Junto com alguns amigos, Perigo empreendeu uma campanha para arrecadação de recursos visando a aquisição de equipamentos para a cozinha daquele hospital, como se pode ver aqui, em matéria da Folha Noroeste. Mesmo doente, tentou ser útil até o fim. Que ele descanse em paz!

2 comentários

  • Antonio R. Grela Filho

    Cardosinho,
    Outros craques: Procópio, Zé Mauro, Zezinho, Maciel, Rafael. Netão este era craque. Se jogasse hoje, estaria fora do Brasil.
    Parabéns pela homenagem ao Perigo.

  • Valeu, Dalua. Você, como eu, teve o privilégio de ver essa turma jogar, às vezes até atuando como gandula. E você se lembrou de um volante, o Maciel, que, se jogasse nos dias de hoje, estaria na Europa. Abraços! É uma honra tê-lo aqui no blog.

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