Em 2004, a Adriana Calcanhoto – usando o pseudônimo de Adriana Partimpim – gravou um disco infantil e, entre as músicas escolhidas, incluiu a “Ciranda da Bailarina”, o que fez muita gente pensar que a canção seria dela.
Não é! “Ciranda da Bailarina” foi composta pela dupla Chico Buarque/Edu Lobo para a trilha sonora do balé “O Grande Circo Místico”, espetáculo inspirado no poema homônimo de Jorge de Lima, publicado no livro “A Túnica Inconsútil”.
O sucesso do espetáculo levou Chico e Edu a gravarem um disco, lançado em 1983, com a trilha sonora de “O Grande Circo Místico”, interpretada por artistas como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Gal Costa, Simone, Tim Maia, Jane Duboc, Zizi Possi e, é claro, Chico e Edu.
O disco traz pérolas como “Beatriz”, uma homenagem de Chico a Beatrice, paixão de Dante de Alighieri. Como contraponto aos sete infernos de Dante, a Beatriz de Chico dança no “sétimo céu”. Traz, também, “Sobre Todas as Coisas”, onde Chico aborda a questão metafísica, questionando se o Criador nos criou para adorarmos a Ele.
“Ciranda da Bailarina” é a oitava faixa do disco, interpretada por um coral infantil formado por filhos e sobrinhos do Chico e do Edu. A música fala sobre a bailarina porque essa figura costuma ser associada à ideia de perfeição. Ou seja, fora ela, todo mundo tem algum problema.
O detalhe curioso é que, na versão gravada em 1983, foi suprimida uma palavra por imposição da censura da ditadura militar. “Pentelho”, que o Chico rimou com vermelho e o Faustão rima com qualquer coisa, era – pasmem! – um palavrão, segundo os estranhos critérios da ditadura militar, que, em “Fado Tropical”, proibiu a palavra “sífilis”.
Outro detalhe: “O Grande Circo Místico” virou filme em 2018 e está sendo indicado para disputar uma vaga no Oscar 2019, concorrendo na categoria “Melhor Filme de Língua Estrangeira”.
Vejamos, agora, o vídeo em que a Adriana Calcanhoto – ou Partimpim – interpreta a “Ciranda da Bailarina”: