O dado curioso é que “Trem das Onze” foi composta cinco ou seis anos antes de ser gravada pelos Demônios da Garoa. A composição de Adoniran ficou esquecida em uma gaveta de Arnaldo Rosa, fundador dos Demônios, e, não fosse a insistência do produtor Braz Baccarin, talvez nunca fosse gravada.
Filho de imigrantes italianos, o corintiano Adoniran (nome verdadeiro: João Rubinato) nunca morou no Brás (do Samba do Arnesto) e muito menos em Jaçanã, que só foi citado na música para rimar com manhã.
Adoniran morreu em 1982, ano em que o time da Democracia Corintiana – que tinha o jalesense Alfinete – foi campeão paulista, com direito a uma emocionante homenagem (ouça aqui) de Osmar Santos ao “pai do samba paulista”.
Abaixo, trecho do que foi escrito por Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello sobre “Trem das Onze”, no livro “A Canção no Tempo”:
A singeleza quase ridícula do episódio – um indivíduo, filho único, é obrigado a interromper um encontro amoroso para não perder o trem, pois sua mãe não dorme enquanto ele não chegar – cantado de forma patética nos versos de Adoniram Barbosa, é a razão principal da popularidade de “Trem das Onze”.
O dilema do suburbano de Jaçanã comoveu não somente os paulistanos, mas o público de todo o país, fazendo desse samba um grande sucesso, inclusive invadindo o carnaval carioca de 1965, para o qual não fora destinado.
Contribuiu também para este sucesso a interpretação dos Demônios da Garoa, absolutamente identificada com o motivo da composição, tanto assim que “Trem das Onze” se tornou peça obrigatória em suas apresentações.