MARIA BETHÂNIA – “FERA FERIDA”
Antigamente, tinha lá no Brasil & Cia – o programa que apresento aos domingos na Regional FM – um ouvinte que, pelo menos duas vezes por mês, pedia para ouvir a música “Amiga”, com o Roberto Carlos e a Maria Bethânia.
Quando lançou seu LP de 1982 – esse aí do lado – o Roberto Carlos imaginava que “Amiga”, uma música um tanto comprida (5 minutos e 20 segundos) seria o carro-chefe do disco, ou seja, aquela que tocaria nas rádios e puxaria as vendas. Não foi!
O público e as emissoras de rádio preferiram “Fera Ferida”, música que também tem mais de 5 minutos, mas com uma letra bem melhor. Para os críticos, “Fera Ferida” era a melhor composição do disco e uma das melhores da obra de Roberto e Erasmo Carlos.
Há quem diga que a participação de Roberto na letra foi muito maior que a do Erasmo. É que a música trata do rompimento traumático de um caso de amor e foi composta justamente em uma época em que o primeiro casamento do Rei, com Nice – Cleonice Rossi Braga (1940-1990) – tinha se desfeito.
Em 1987, “Fera Ferida” foi regravada por Caetano Veloso e, em 1993, foi a vez de Maria Bethânia regravá-la no CD “As Canções Que Você Fez Prá Mim”, totalmente dedicado às canções de Roberto e Erasmo. A versão de Bethânia foi tema de abertura de uma telenovela global, com o mesmo nome da música.
No vídeo abaixo, Maria Bethânia interpreta “Fera Ferida”, no show “Maricotinha”:
Maria Bethânia foi a primeira cantora vinculada à MPB a prestar atenção e valorizar Roberto Carlos,até então ignorado por setores da imprensa e pelos medalhões da nossa música.E o seu álbum-tributo à obra de Roberto e Erasmo foi o que mais vendeu.E não foi uma jogada de marketing,é devoção sincera mesmo.
Maria Bethânia começou sua carreira como cantora de protesto,e até hoje segue protestando.Ela já disse que quando grava Roberto Carlos e até Zezé di Camargo é uma forma de protestar contra o preconceito.
Na minha modesta opinião,cantar o repertório de Roberto Carlos é uma coisa,gravar Zezé di Camargo foi uma provocação desnecessária – Tá certo que ela alterou os acordes e há quem adore a sua interpretação,questão de gosto é muito particular.