DEPOIS DE PROTESTAR CONTRA A CORRUPÇÃO, AGRIPINO SERÁ INVESTIGADO POR SUSPEITA DE PROPINA
Investido por si mesmo no papel de juiz do planeta, o senador Agripino formava, ao lado de outros dois arautos da moralidade – Demóstenes Torres e Álvaro Dias – a trinca de adversários do governo preferida pela Rede Globo. Qualquer assunto em que o governo estivesse envolvido e lá estavam os três paladinos falando ao Jornal Nacional sobre a culpa alheia.
Demóstenes, vocês já sabem, foi apanhado no contrapé. Agora, parece ser a vez de Agripino. E curioso é que, mesmo sendo acusado de corrupção, ele foi uma das presenças ilustres nas manifestações de 15 de março contra a corrupção. Tudo, segundo suas próprias palavras, “em nome do Brasil que queremos”.
Resumindo: se até possíveis corruptos querem acabar com a corrupção, é sinal que, dessa vez, o Brasil vai mesmo ser passado a limpo. A notícia é do Diário do Centro do Mundo:
O Supremo Tribunal Federal decidiu abrir um inquérito contra o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), após pedido encaminhado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O parlamentar foi citado na delação premiada de um empresário do Rio Grande do Norte na qual é acusado de ter cobrado propina de R$ 1 milhão para permitir um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular do Estado. O caso chegou ao Supremo neste mês e a decisão de abertura de inquérito foi tomada pela ministra relatora do caso, Cármen Lúcia, na sexta-feira passada, 20. O processo tramita na Corte em segredo de Justiça.
Em delação ao Ministério Público do Rio Grande do Norte, o empresário potiguar George Olímpio afirmou que, além de Agripino, participavam do esquema a ex-governadora do Rio Grande do Norte e atual vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), seu filho Lauro Maia, o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PMDB), e o ex-vice-governador Iberê Ferreira (PSB), morto em setembro do ano passado. Todos negam envolvimento no caso.
O acerto com Agripino teria acontecido, segundo o empresário, na cobertura do senador, em Natal. “A informação que temos é que você deu R$ 5 milhões para a campanha do Iberê”, teria dito o senador, segundo o delator. Olímpio respondeu que doou R$ 1 milhão para a campanha do ex-vice e prometeu entregar R$ 200 mil imediatamente ao senador e outros R$ 100 mil na semana seguinte. “Aí ficam faltando R$ 700 mil”, teria dito Agripino. O empresário interpretou o comentário do senador como uma “chantagem”. “O R$ 1,15 milhão foi dado em troca de manter a inspeção”, disse Olímpio.
Segundo os promotores, Olímpio teria montado um esquema que envolveria as principais autoridades do Estado para aprovar uma lei que criava o sistema de inspeção veicular no Rio Grande do Norte. A aprovação da lei, de acordo com a investigação, teria ocorrido sem obedecer aos trâmites legais. O esquema de corrupção no Estado é investigado pela Operação Sinal Fechado, deflagrada em 2011, e o empresário George Olímpio é réu no processo.