SAKAMOTO: “ATAQUE A JORNALISTA DA FOLHA É EPISÓDIO GROTESCO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHER”

O ex-urubólogo Alexandre Garcia comentou que a reunião da CPMI das Fake News, de ontem, foi divertida, na medida em que, segundo ele, “o feitiço virou contra o feiticeiro”.

No depoimento que ele achou divertido, tivemos o ataque rasteiro de um depoente (à direita, na foto acima) segundo o qual a jornalista Patrícia Campos Mello (à esquerda), da Folha de S.Paulo, teria se insinuado sexualmente para conseguir as informações que embasaram reportagem escrita por ela sobre o disparo de fake News durante a campanha eleitoral.

A insinuação já foi rebatida ontem mesmo, com outra matéria que mostra os diálogos mantidos entre a jornalista e o depoente. Nelas, é possível ver que, na verdade, ele é quem tenta um encontro com a jornalista e é solenemente ignorado.

Por conta da reportagem, Patrícia sofreu ataques e ameaças da milícia digital bolsonarista e teve que passar a andar com segurança. Ontem, ela foi vítima de novos ataques. Alexandre Garcia, que deveria defender a colega de imprensa, como o fizeram diversos jornalistas que a conhecem, achou tudo isso muito divertido.

O blogueiro Leonardo Sakamoto, do UOL, deu sua opinião sobre o ataque de ontem. Eis um trecho:

Logo após o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, declarar, no Congresso Nacional e em suas redes sociais, que a jornalista Patrícia Campos Mello pode ter “se insinuado sexualmente em troca de informações para tentar prejudicar a campanha de Jair Bolsonaro”, uma maré de mensagens violentas tomou conta da internet com o objetivo de destruir a reputação dela

O ressentimento bolsonarista contra uma das principais repórteres investigativas do país – responsável por uma série de reportagens que revelou como empresários gastaram milhões de reais em disparos em massa de mensagens de WhatsApp para beneficiar o então candidato Bolsonaro – mostrou novamente sua cara.

Não é novidade o desprezo do bolsonarismo contra mulheres que são profissionais de imprensa – elas foram um dos alvos preferenciais do presidente no último ano. Mas o que aconteceu, nesta terça (11), é um divisor de águas: o Brasil presenciou o linchamento violento de uma profissional de imprensa, baseado em uma mentira de cunho sexual, a fim de encobrir um crime eleitoral, cuja discussão não interessa aos atuais donos do poder.

O deputado reverberava a declaração de Hans River Nascimento, ex-empregado de uma agência de disparo de mensagens digitais, que depôs na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News. Ele, que havia sido fonte do jornal, mentiu à CPMI sobre o que havia dito anteriormente e atacou de forma abjeta a repórter, dizendo que ela havia oferecido sexo em troca de informação.

Suas declarações foram desmascaradas horas depois, por uma matéria da Folha de S.Paulo, que desmentiu ponto a ponto o que foi dito na audiência, expondo material enviado pelo próprio Hans à reportagem, como áudios, fotos, planilhas e reproduções das trocas de mensagens – inclusive uma em que ele dá em cima da jornalista e ela, educadamente, o ignora.

Para uma parte das pessoas, contudo, pouco importa se a história é mentira, contanto que ela possa ser usada para atacar uma jornalista que incomodou o presidente da República com suas investigações. Seguem, com isso, a máxima da ignorância nas redes sociais e aplicativos de mensagens: verdade é tudo aquilo na qual eu acredito. A comprovação de fatos passa a ser irrelevante.

Se por um lado, o episódio gerou demonstrações de indignação na parcela civilizada da sociedade, por outro, trouxe júbilo a hordas bárbaras que entenderam a mensagem do clã presidencial como um sinal não apenas para quebrar a resiliência de uma repórter, mas também que ela sirva de exemplo para outras mulheres que tentem fazer jornalismo.

O mais fascinante desse episódio é ver que uma única repórter causa tanto medo no clã que governa o país. O que demonstra a força do jornalismo e de Patrícia Campo Mello, reconhecida internacionalmente como uma das melhores profissionais de imprensa, mas também a fraqueza de quem acha que vence gritando vazio.    

4 comentários

  • Thiago

    É muita pilantragem da folha mesmo, só rindo pra não chorar.

    Os ataques do Zé de Abreu a Regina Duarte não tem nada a ver com violência contra a mulher né ?

    O esquerda hipócrita

  • Sérgio

    Geraram o MONSTRO, agora aguentem a consequência.

  • Thiago

    Só porque o rapaz é negro estão dizendo que é mentiroso.

    Isso é racismo do bravo.

  • o feitiço virou contra o feiticeiro

    O deputado Rui Falcão (PT) convocou o ex funcionário para depor e entregar Bolsonaro. Porem o ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows, afirmou que fez disparos em massa para as campanhas de Haddad (PT) e Henrique Meirelles (MDB) em 2018.
    Ainda, ele declarou que todos os partidos políticos contrataram a Yacows para fazer a situação de propaganda”. Negando, por outro lado, que tenha atuado nas campanhas de Dória e de Bolsonaro.
    Hans bateu boca com acusações com os petistas Rui Falcão e Humberto Costa. Que baixaria!
    Toda essa pirotecnia da “troca de sexo por informação” é para desviar a atenção das declarações que apontaram para os partidos de esquerda. Mas não vai durar muito. Só o tempo necessário. Se pagarem pra ver, correm risco do sujeito apresentar provas e o estrago vai ser ainda maior. Isso se a imprensa deixar escapulir, claro.
    Pois, o PT combinou uma “coisa” com o cara e ele falou outra. kkkkkk O ex-urubólogo Alexandre Garcia riu muitoooooooooo

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