Uma cientista brasileira liderou os estudos para a criação de uma espécie de caneta que permite diagnosticar tumores em poucos segundos.
Lívia Eberlin trabalha como professora de química na Universidade do Texas; formada na Unicamp e pós-graduada nos Estados Unidos, ela acaba de ganhar uma bolsa de quase R$ 2,5 milhões da fundação norte-americana MacArthur, conhecida informalmente por premiar gênios de diferentes áreas, das artes a computação.
Tamanho reconhecimento veio graças a uma invenção com potencial de revolucionar o tratamento do câncer. Eberlin e sua equipe criaram um aparelho no formato de uma caneta que permite identificar em segundos se o paciente tem um tumor.
A “caneta”, quando em contato com o tecido humano, libera uma minúscula gota de água. As substâncias químicas presentes nas células vivas se movem, então, para a gotícula, que é sugada para análise.
O aparelho funciona ligado por um tubo a um equipamento chamado espectrômetro de massas, que realiza uma espécie de raio x das moléculas, analisando diversas características, como peso, estrutura e composição.
Nos experimentos conduzidos por Lívia, essa “impressão digital química” permite que os médicos descubram em segundos, durante a cirurgia, se o tecido analisado é saudável ou um tumor. Uma análise padrão desse tipo pode levar até duas horas.
“Em várias cirurgias de câncer o que se faz é: você retira o tecido, faz uma biópsia, manda para o patologista e você tem que esperar o resultado”, explica Lívia. “Nossa visão dá a possibilidade para o cirurgião de fazer a análise dentro do paciente, antes mesmo de remover o tecido. Ou seja, de imediato.”
“A esperança é que a gente consiga reduzir a ocorrência de uma segunda cirurgia, já que o cirurgião poderá retirar [todo o tumor] de uma vez só”, acrescentou a cientista brasileira.