É PROIBIDO PROIBIR? CAETANO DIZ QUE, DEPOIS DA DITADURA, É A PRIMEIRA VEZ QUE TEVE SHOW PROIBIDO
Caetano Veloso cantaria ontem em show de solidariedade às 8.000 famílias que ocupam um terreno de 70.000 metros quadrados em São Bernardo do Campo. A área estaria abandonada há trinta anos e tem uma dívida de IPTU que ultrapassa o meio milhão de reais.
Caetano defendeu a legitimidade da ocupação: “uma área urbana não pode ficar sem função social… A invasão tem o sentido de exigir que a lei se cumpra“. As atrizes Sônia Braga, Letícia Sabatella e Aline Moraes acompanharam Caetano. A programação incluía, além de Caetano, shows com Criolo e Emicida.
A juíza que proibiu o show, Ida Inês Del Cid, chegou a ser afastada do cargo em 2007, sob a suspeita de favorecer integrantes do PCC, conforme matéria da Folha de S.Paulo. O processo tramitou em segredo de Justiça e, pelo jeito, ela se livrou da acusação. Na época, telefonemas grampeados pela polícia mostraram que um homem suspeito de ligação com o PCC tratava a juíza como “my love” e ela devolvia: “palhaço“, “trouxa” e “amore“.
Mas, vamos à notícia do Brasil 247:
O cantor e compositor Caetano Veloso deixou a ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo às 20h45, sem conseguir realizar o show anunciado pelos Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), por conta de decisão da juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública de São Bernardo do Campo.
Dizendo não conhecer as questões legais, Caetano afirmou se sentir mal com a proibição. “Dá a impressão de que não é um ambiente propriamente democrático”, declarou o compositor ao sair da ocupação. “É a primeira vez que sou impedido de cantar no período democrático”, disse ainda.
Para o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, a Justiça deveria se preocupar em “pegar a quadrilha que está no poder no Brasil”, em vez de proibir um apresentação musical.
“Hoje aqui em São Bernardo do Campo mais uma vez a Constituição brasileira foi rasgada. É um absurdo, é censura, é ilegal. Para muita gente dentro do Judiciário o preconceito vale mais do que a lei. Se eles queriam nos provocar para uma ação violenta não conseguiram. Isso nos dá energia, nos dá ânimo”.
Boulos também criticou o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que segundo o coordenador do MTST apostou no conflito. “Eu não sei o que ele tem na cabeça. Ele age com ranço, com preconceito”.