Categoria: Música

JAIR RODRIGUES – “DISPARADA”

Sete anos mais novo que Geraldo Vandré (Geraldo Pedrosa de Araújo Dias), o exímio violonista Théo de Barros (Theofilo Augusto de Barros Neto, foto acima) ficou conhecido em 1966 por sua parceria com o paraibano na música “Disparada”, uma das vencedoras do II Festival de MPB da TV Record, daquele ano.

A outra vencedora foi “A Banda”, de Chico Buarque, interpretada por Nara Leão. Empate que ocorreu porque a música de Vandré e Théo de Barros era a preferida do público (há controvérsias), enquanto a de Chico foi a eleita pelos jurados. Então, por conta do mérito das composições, e para que nenhum deles fosse injustamente vaiado, decidiu-se pela divisão do prêmio.

Mas Chico e Vandré (juntos, na foto ao lado) nem sempre disputaram os primeiros lugares como adversários. No ano anterior, Vandré (uma abreviação do nome de seu pai, o otorrino José Vandregíselo) participou do Festival de Música Popular Brasileira defendendo a canção “Sonho de Um Carnaval” do jovem Chico Buarque.

O dado curioso é que “Disparada” foi escrita por Vandré durante uma viagem que ele fez a Catanduva. Outra curiosidade é que Vandré, a princípio, não gostou da escolha de Jair Rodrigues para defender “Disparada”. Como Jair era conhecido por ser brincalhão e extrovertido, o compositor temia que ele não cantasse com uma postura séria que a música exigia.

“O Jair vai cantar esse negócio rindo…”, temia Vandré, mas, no fim das contas a interpretação de Jair foi forte e emocionante. Tanto que ele foi escolhido pelos jurados como o melhor intérprete do Festival.

Entrevistado na época, Jair explicou porque cantou a música de Vandré com tanta emoção: “Meu pai morreu no lombo de um burro. Ele era boiadeiro, o velho Severiano Rodrigues de Oliveira. Acho que ‘Disparada’ tem muita coisa a ver com ele”.

Geraldo Vandré, vocês sabem, é uma das figuras mais misteriosas da MPB. As últimas notícias dão conta de que ele vive isolado em um apartamento em São Paulo, sobrevivendo de uma aposentadoria. Já Théo de Barros faleceu na quarta-feira, 15, cinco dias depois de completar 80 anos.

No vídeo, Jair Rodrigues canta “Disparada”:

ZIZI POSSI – “EU VELEJAVA EM VOCÊ”

O primeiro sucesso de Maria Izildinha Possi, a Zizi, foi a música “Pedaço de Mim”, que ela gravou em um disco de Chico Buarque de Holanda (Feijoada Completa, de 1978). “Pedaço de Mim” tem um verso que, para muitos, é a melhor definição da palavra saudade: “Saudade é arrumar o quarto de um filho que já morreu”

Á época, Zizi tinha apenas 22 anos, mas bastou a participação no disco de Chico para que ela fosse convidada por Roberto Menescal para assinar contrato com a gravadora Philips, hoje Universal Music.

Apenas três anos depois, em 1981, ela já estava lançando o seu quarto álbum, chamado “Um Minuto Além”, que valeu a ela o prêmio de cantora-revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte. Um dos destaques do disco foi a belíssima “Eu Velejava em Você”, de autoria do Eduardo Dusek (foto) e seu parceiro Luiz Carlos Goes, que a Maria Bethânia também cantou no espetáculo “Amor Festa Devoção”.

Não por acaso, ao participar de um dos últimos álbuns de Zizi, gravado ao vivo, onde juntos cantam “Desafinado” e “Cantando no Banheiro”, Eduardo Dusek menciona que ele e Zizi já possuem “longos anos de amizade”.

A amizade foi iniciada, certamente, com “Eu Velejava em Você”, tema da novela global “Jogo da Vida”, de 1981, que embalava os encontros e desencontros da personagem Jordana, interpretada por uma atriz chamada Nilcedes Soares de Magalhães, mais conhecida como Glória Menezes.

Vamos ao vídeo:

SIMONE – “FACE A FACE” (EM HOMENAGEM A SUELI COSTA)

Na manhã deste sábado, a cantora e compositora Sueli Costa, uma de nossas mais sensíveis e requintadas melodistas, foi se encontrar com sua irmã Telma Costa, que deixou este mundo prematuramente em 1989, às vésperas de completar 36 anos. Cantora, Telma ficou conhecida nacionalmente pelo antológico dueto com Chico Buarque na canção “Eu te Amo”, de 1980.

Filhas de dona Maria Aparecida Correa Costa, pianista e professora de canto, Sueli e Telma não eram as únicas artistas da família. Outra irmã – Lisieux Costa – também é compositora. É dela, por exemplo, a melodia de “Lua Leblon”, sucesso de Raimundo Fagner.

Sueli foi gravada primeiramente por Elis Regina, mas foi através da voz de Maria Bethânia que suas primeiras músicas começaram a ganhar o Brasil, com sucessos como “Coração Ateu”, incluída na trilha sonora da novela Gabriela (1975).

Se Elis e Bethânia a tornaram conhecida, foi, no entanto, a Simone quem se tornou a intérprete mais popular das canções de Sueli Costa, com sucessos como “Face a Face”, “Jura Secreta”, “Cordilheira”, “Música, Música”, “Alma” e “Medo de Amar nº 2”.

Mas, vamos à notícia do portal da Fórum:

Morreu na manhã deste sábado (4), a cantora e compositora Sueli Costa, aos 79 anos. A notícia foi confirmada em suas redes sociais pela sua sobrinha e afilhada Fernanda Cunha:(pianista e cantora, filha de Telma Costa). 

“Minha rainha, meu amor, minha tia e madrinha, foi descansar. Velório será neste Domingo no São João Batista as 11 horas. Avisaremos o número da capela até o final do dia”, escreveu.

A causa da morte não foi divulgada.

Sueli Costa foi uma grande compositora brasileira.

Ela iniciou sua carreira profissional com o apoio de Nara Leão, que em 1967 gravou a canção “Por exemplo, você”, feita em parceria com João Medeiros Filho. Apesar de carioca de nascimento, criou-se em Juiz de Fora, onde cursou faculdade de Direito e onde testemunhou a efervescência cultural traduzida nos célebres festivais de música da cidade mineira.

Suas canções sempre foram muito mais conhecidas do que ela, que como intérprete teve uma carreira tímida, com apenas seis álbuns em mais de 50 anos de trajetória. Suas composições, no entanto, voaram alto e foram sucesso na voz de intérpretes como Simone, Elis Regina, Fagner, Maria Bethânia, Gal Costa, Beth Carvalho, Nana Caymmi, Fafá de Belém, entre muitos outros.

Cantou o amor como poucos e marcou em definitivo a nossa música, com canções que tiveram a rara combinação entre requinte, elaboração e beleza, fluidez e capacidade de atingir o grande público.

No vídeo, Simone canta “Face a Face” (Sueli Costa/Cacaso):

RITA LEE – “BAILA COMIGO”

Rita Lee, de 75 anos, deu entrada no Albert Einstein, na última quinta-feira, 23. A internação aconteceu porque, nos últimos quatro dias, ela perdeu peso e está com um estado de saúde mais frágil. Os médicos, portanto, acharam que, preventivamente, era mais adequado mantê-la em observação.

Neste ano, a nossa “Rainha do Rock” está completando 53 anos de carreira solo. Ela deixou o grupo Os Mutantes em 1970. Em 1980, dez anos depois de iniciar carreira solo, Rita – já com muito prestígio e reconhecimento – gravou o seu oitavo álbum, o disco “Rita Lee”, que ficou conhecido como “Lança Perfume”, devido ao sucesso estrondoso dessa música, que falava de prazeres proibidos numa época em que o país era controlado pela ditadura militar.

“Lança Perfume” ganhou o mundo e foi regravada por vários artistas em diversos países. Mas o disco não tinha só “Lança Perfume”, uma parceria de Rita com o marido guitarrista Roberto Carvalho. Tinha, outras sete músicas, entre elas “Caso Sério” e “Baila Comigo”, esta última escrita apenas por Rita Lee em poucos minutos, fruto, segundo a autora, de um sonho.

“Essa música me veio inteirinha em sonho, letra e melodia. Quando acordei, anotei a letra e fiz a harmonia no violão. Sinto que ‘Baila Comigo’ foi um sopro vindo de alguma entidade indígena”, diz Rita.

Abaixo, Rita canta “Baila Comigo”, mas um dos momentos mais bonitos do vídeo é onde ela dança com o ator e dançarino Ronaldo Resedá.

GERALDO AZEVEDO NÃO ENTENDE APOIO DE ELBA RAMALHO A BOLSONARO

O bolsonarismo já causou o fim do grupo Boca Livre e agora ameaça provocar um “grande desencontro” entre Geraldinho Azevedo, Alceu Valença e Elba Ramalho. Deu no DCM:

Na noite de sexta-feira (17), o cantor Geraldo Azevedo subiu ao palco do Marco Zero, em Recife (PE), onde fez um show de mais de duas horas e recebeu convidados, como os amigos Elba Ramalho e Alceu Valença.

A relação com a amiga Elba Ramalho anda estremecida por causa de posicionamentos políticos. Azevedo sente dificuldades de entender a opção de Elba pelo bolsonarismo.

“Ficamos chateados com ela, desde a época que ela fez campanha para o Fernando Collor, eu não discuto mais, eu faço show com ela, mas a gente não fala em política, porque teve momentos em que discutimos, e ela teve atitudes mais grosseiras”, disse Azevedo ao jornal Folha de S.Paulo.

“O Alceu às vezes se exalta. Eu não diria que isso afeta a amizade, mas afeta a convivência, nunca vou deixar de ter carinho pela Elba, mas não tenho mais a mesma disponibilidade que tive com ela, porque fica muito desagradável em determinadas situações”, acrescentou.

Elba Ramalho foi recebida no show com gritos de “olê, olê, olá, Lula, Lula”. Ao lado dela, Fafá de Belém fazia o “L”, em apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na plateia, muitas pessoas vestiam vermelho e usavam camisas de movimentos sociais.

Ao lado de Azevedo e Valença, Ramalho cantou sucessos, como “Táxi Lunar” e “Frevo Mulher”.

No vídeo, Geraldinho Azevedo e Elba Ramalho cantam “Bicho de Sete Cabeças”. Reparem, ao final do vídeo, que, apesar das divergências políticas, ainda há espaço para gestos e declarações de afeto.

BETH CARVALHO – “MARCHINHAS DE CARNAVAL”

Hoje, sábado de carnaval, não estou muito a fim de escrever, de modo que vou apenas postar o vídeo em que a Beth Carvalho canta um pout-pourri com algumas das mais tradicionais marchinhas de carnaval.

Ela começa cantando “Ô Abre Alas”, a marchinha pioneira da Chiquinha Gonzaga, lançada em 1901, que faz sucesso entre o foliões ate hoje. E termina com “Chuva, Suor e Cerveja”, do Caetano Veloso, lançada em 1971.

CURADA DO CÂNCER, RITA LEE RESSURGE NAS REDES E RECEBE HOMENAGENS

Deu no portal da Fórum:

A cantora e compositora Rita Lee, um dos maiores nomes da música brasileira e que hoje está com 75 anos, fez uma rara aparição por meio das redes de seu companheiro e parceiro de música, Roberto Carvalho. 

O músico Roberto Carvalho compartilhou uma foto da Rita Lee e na legenda colocou uma série de emojis com corações. 

Em 2021, Rita Lee foi diagnosticada com um câncer no pulmão e deu início ao tratamento, que deu certo e o tumor entrou em remissão. Em abril do ano passado a cantora recebeu alta. 

Nos comentários, uma série de artistas celebraram, entre eles, Patrícia Pillar, Marina Lima, Mel Lisboa, Dudu Bertholini, Otto, Adriana Lessa e muitas outras pessoas do mundo das artes e do jornalismo. 

Essa é a primeira aparição de Rita Lee desde o ano passado, quando surgiu comemorando os seus 75 anos completos no dia 31 de dezembro. 

B.J.THOMAS – “RAINDROPS KEEP FALLIN’ ON MY HEAD”

O texto é da Reuters:

O compositor Burt Bacharach, cujos sucessos como “Do You Know the Way to San Jose” e “Raindrops Keep Fallin’ on My Head” proporcionaram uma trilha sonora alternativa ao rock and roll dos anos 1960 e 1970, morreu aos 94 anos de idade.

Bacharach morreu de causas naturais em sua casa na região de Los Angeles, na quarta-feira, 08, com a família ao seu lado.

Suas canções, muitas escritas durante uma parceria de 16 anos com o letrista Hal David, não eram rock nem estritamente pop. Elas inundaram as rádios norte-americanas e foram apresentadas em grandes filmes, tornando-as tão ouvidas nos anos 1960 e início dos anos 1970 quanto obras dos Beatles, Rolling Stones e Bob Dylan.

Bacharach escreveu mais de 500 músicas. Ele escreveu sucessos para cantores que vão de Dionne Warwick aos Carpenters. Mais de 1.200 artistas interpretaram suas canções, que ganharam seis Grammys e três Oscars. Bacharach e David tiveram 30 sucessos no “top 40” apenas nos anos 1960.

“Ele era diferente”, disse David certa vez a um entrevistador. “Inovador, original. Sua música falava comigo. Eu ouvia suas melodias e ouvia letras. Eu ouvia rimas, ouvia pensamentos e ouvia quase imediatamente.”

Para Bacharach, seu talento era simples: “Sou uma pessoa que sempre tenta lidar com a melodia”.

No vídeo, B.J.Thomas canta “Raindrops Keep Fallin’ on My Head”, com cenas do filme “Butch Cassidy and the Sundance Kid”:

ROUPA NOVA – “SEGUINDO NO TREM AZUL”

Hoje, 21 de janeiro, é aniversário do moço ao lado, o jornalista e compositor Ronaldo Bastos, que está completando 75 anos. Apesar de não ser mineiro (ele nasceu em Niterói-RJ) Ronaldo é um dos fundadores do Clube da Esquina. 

Ele iniciou sua carreira de letrista na década de 1960, compondo três músicas com ninguém menos que Milton Nascimento: “Três Pontas”, “Fé Cega, Faca Amolada” e “Nada Será Como Antes”, que se tornaram clássicos da MPB.

Infelizmente, as emissoras de rádio não costumam dar o crédito aos compositores das músicas que tocam, de forma que a maioria das pessoas não sabe que os versos de “Todo Azul do Mar”, eternizados pelo 14 Bis e cantados em muitos casamentos, Brasil afora, foram escritos por Ronaldo Bastos e musicados por Flávio Venturini.

Da mesma forma não imaginam que, ao ouvir Caetano Veloso e Gal Costa cantarem “Sorte”, estão ouvindo uma composição de Ronaldo, com melodia do violonista Celso Fonseca. A mesma Gal Costa gravou “Nada Mais”, uma versão de Ronaldo Bastos para “Lately”, do Steve Wonder, e “Chuva de Prata”, composta por Ronaldo e Ed Wilson. 

“Chuva de Prata”, que, na gravação de Gal contou com a luxuosa participação do Roupa Nova nos vocais, é uma homenagem de Ronaldo à precursora do iê-iê-iê, Celly Campelo e seu grande sucesso “Banho de Lua”.

E já que falamos em Roupa Nova, um de seus maiores sucessos – “Seguindo no Trem Azul” – foi composto por Ronaldo Bastos em parceria com Cleberson Horsth, um dos integrantes do grupo. Antes, ele já tinha feito “O Trem Azul”, em parceria com Lô Borges, gravada pela Elis Regina.

Além dos parceiros já citados, Ronaldo fez músicas com Lulu Santos, Tom Jobim, Beto Guedes, Toninho Horta, Danilo Caymmi, João Bosco, Edu Lobo e outros menos votados. No vídeo, o Roupa Nova interpreta “Seguindo no Trem Azul”:

ROBERTO CARLOS – “FALANDO SÉRIO”

Faleceu ontem, 13, no Rio de Janeiro, o compositor Carlos Colla (Carlos Carvalho Colla), aos 78 anos. É possível que o prezado leitor e a estimada leitora já tenham cantarolado versos escritos por Colla, sem saber quem é o autor. Quem já não cantarolou “Verdade Chinesa” (Emílio Santiago), “Pede a Ela” (Tim Maia), ou “Fogão de Lenha” (Chitãozinho & Xororó)?

Afinal de contas, ele tem 1.270 músicas registradas no Ecad, a maioria delas compostas com o parceiro Maurício Duboc e gravadas por diversos artistas, entre eles Sandra de Sá, Joanna, Fafá de Belém, Matogrosso & Mathias, Chrystian e Ralf, Roupa Nova e até o grupo Legião Urbana, além dos já citados.

Roberto Carlos, por exemplo, gravou mais de 40 músicas de Carlos Colla, entre elas a clássica “Falando Sério”, lançada no álbum de 1977, um dos melhores discos do rei que, além de “Falando Sério”, trouxe músicas como “Outra Vez”, “Não Se Esqueça de Mim”, “Cavalgada” e “Jovens Tardes de Domingo”.

A primeira música de Colla gravada por Roberto Carlos foi “A Namorada”, de 1971. Alcione é outra que está sempre bebendo na fonte de sucessos de Carlos Colla. Ontem, ela publicou homenagem ao compositor em seu Instagram:

“A Música Brasileira se despede de um dos seus maiores compositores. Eu me despeço de um amigo que me deu a honra de gravar grandes sucessos que também construíram minha carreira: “Meu Vício é Você”, “Além da Cama”, “O Mundo é De Nós Dois”, “Delírios de Amor”, “Se Não é Amor” e muitas outras, são obras de Carlos Colla, a quem eu presto todas as reverências. Hoje e sempre. Siga em paz”, escreveu a Marrom.

Vítima de uma parada cardíaca, Carlos Colla deixa, além das 1.270 composições, dois filhos do primeiro casamento (Carlos e Daniela) e uma filha (Laura) do segundo casamento com a Miss Brasil 1983, Marisa Fully Coelho, com quem foi casado dois anos e meio. Mineira, Marisa faleceu em 1998, vítima de um acidente de carro em uma rodovia de Minas Gerais, com apenas 36 anos.

Colla foi aquele tipo de compositor que quase ninguém identificaria na rua, embora muita gente se reconheça em suas canções. No vídeo, Roberto Carlos canta “Falando Sério”:

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