MARIA BETHÂNIA – “LUA BRANCA”

No final de setembro, a TV Globo estreará uma nova telelágrimas – “Éramos Seis” – no horário das 18 horas. Nova é modo de dizer. Na verdade, essa será a 5ª versão novelesca baseada no romance de Maria José Dupré, a primeira na Globo.

As versões anteriores foram exibidas na Record, Tupi e SBT. Em 1977, na TV Tupi, a personagem central, uma mulher chamada Lola, foi interpretada pela atriz Nicete Bruno. E em 1994, no SBT, coube a Irene Ravache interpretar Lola. Na versão que a Globo começará a exibir daqui alguns dias, teremos uma espécie de homenagem às duas atrizes – Nicete e Irene – que farão participação especial no papel de tias de Glória Pires, a nova Lola.

Nicete, Irene e Glória à parte, o assunto deste post é, em verdade, outra mulher tão forte quanto a personagem Lola: a compositora, pianista e maestrina Chiquinha Gonzaga, que terá uma de suas músicas na trilha sonora da novela.

Escrever sobre a vida e importância de Chiquinha – Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935) – demandaria muito tempo e espaço, de modo que isso vai ficar pra outro dia. Direi apenas que ela – filha de um general do exército e de uma negra cujos pais foram escravos – se casou pelo menos três vezes.

O primeiro casório foi arranjado por seu pai, quando ela tinha apenas 16 anos. O marido escolhido pelo velho general era um empresário bem sucedido e não queria ver a mulher metida com música popular que, à época não era bem vista. Ele sugeriu que Chiquinha escolhesse entre a música e o casamento e ela escolheu a música. Mesmo durando apenas dois anos, o primeiro casamento rendeu três filhos ao casal.

Depois de se separar do empresário, Chiquinha se casou com um engenheiro, com quem teve uma filha. O segundo casamento também não durou muito, devido à movimentada militância extra-conjugal do marido. Após essas duas experiências não muito positivas, Chiquinha resolveu dar um tempo e, pelo menos oficialmente, ficou alguns anos solteira.

Em 1899, já com 52 anos, ela se encantou por um rapaz de 16, um português com quem ela viveu até o final de sua vida. Uma das composições mais conhecidas de Chiquinha é a marchinha carnavalesca “Abre Alas”, mas a música que estará na trilha da novela é “Lua Branca”, com Maria Bethânia, uma das canções preferidas do professor Luís Especiato, que, de vez em quando, pede para ouvi-la no Brasil & Cia.

“Lua Branca” foi composta em 1912 para uma peça teatral chamada Forrobodó e os versos originais tinham o espírito alegre da peça. Em 1929, um cantor paulista lançou uma nova versão de “Lua Branca”, bem mais romântica. O detalhe interessante é que não se sabe, até hoje, quem teria sido o autor dos novos versos, que se tornaram definitivos.

São esses versos de autor desconhecido que os prezados leitores ou as estimadas leitoras poderão apreciar no vídeo abaixo – e, sendo noveleiros, na trilha de “Éramos Seis” – na interpretação de Maria Bethânia.

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