ARTIGO – “JUNHO VERMELHO: O SANGUE DE JALES”

O artigo do procurador da República em Jales, José Rubens Plates, e da dentista Adriana Dal’Acqua Plates, integrante do Conselho Municipal de Saúde, trata da falta de doadores de sangue e de um hemocentro em Jales.

Na data escolhida do mês pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Dia Mundial do Doador de Sangue (14 de junho), infelizmente veio coincidir, neste ano, com a notícia do falecimento do primeiro jalesense confirmado para a COVID-19 (novo coronavírus).

Entretanto, apesar do contexto de guerra que vivenciamos contra a pandemia, que também poderia aludir ao sangue e à cor vermelha, nosso propósito é destacar o JUNHO VERMELHO como período de divulgação das campanhas em favor da doação de sangue. Dentre outras características do mês, coincide-se com a chegada do inverno e o aumento das infecções respiratórias, com sensível redução dos estoques nos bancos de sangue e hemocentros do país.

No Brasil, temos ainda outra data no calendário das campanhas em favor da vida: o 25 de novembro, escolhido como Dia Nacional do Doador de Sangue, para agradecer pelo ato da doação voluntária, bem como sensibilizar a população pela importância do gesto. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), apenas 1,6% dos brasileiros doam sangue, quando o ideal seria o número de doadores girar entre 3% a 5% da população.

A doação de sangue é um gesto simples de altruísmo (expressão sublime de amor a um próximo que, muitas vezes, não se conhece), porém, de resultados incalculáveis na preservação da vida humana. Cada doação pode beneficiar até 4 pessoas, que necessitam de transfusão sanguínea. Na pandemia da COVID-19 que atravessamos, cada dia mais tem se destacado o estoque crítico de sangue nos centros de hematologia do país, por conta da abrupta redução de doações e o aumento da demanda.

Como mandamento mais importante do assunto, firmado na própria Constituição Federal (art. 199, §4º) tem-se a proibição de todo tipo de comercialização do sangue. Ainda na esfera jurídica, temos a Lei 10.205, de 2001, que institui a Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados, que, dentre outras finalidades, visa garantir a autossuficiência do país neste setor.

O Município de Jales é um importante centro regional nos serviços de saúde, que abrange outros 15 Municípios, e congrega o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Jales – CONSIRJ (com a Unidade de Pronto Atendimento – UPA, Ambulatório de Saúde Mental, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU e o Centro de Especialidades Odontológicas – CEO), Ambulatório Médico de Especialidades – AME, Santa Casa de Misericórdia e o Hospital do Amor, abrangendo os atendimentos a saúde de, no mínimo, 100 mil pessoas.

Apesar de todo esse conglomerado da saúde, Jales não conta ainda com uma unidade de coleta de sangue ou hemocentro, como ponto físico para doação, como encontramos em outras cidades da região, como o Hemocentro de Fernandópolis e a Unidade de Coleta de Sangue de Votuporanga. Assim, torna-se difícil ou mesmo inviável para a pessoa que pretende fazer a doação de sangue ter que se deslocar até estas ou outras cidades.

As dificuldades para quem pretende doar sangue se confirmaram quando o Ministério Público Federal (MPF) em Jales, por meio da Procuradoria da República, na edição do Mutirão Jales pela Cidadania em 2016, no Centro de Pastoral Paroquial da Catedral, apesar de ter congregado dezenas de instituições (públicas e privadas), e feito mais de 1.800 atendimentos em diversos serviços gratuitos à população, não conseguiu viabilizar os serviços de coleta de sangue para os jalesenses naquela semana.

Por fim, além do convite ao ato de doação de sangue, fica a reflexão para que possa ser facilitado o acesso a quem pretende doar um cadinho de vida em Jales. Para concluir, lembramos do provérbio chinês: “Um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores”.

ADRIANA M. J. DAL’ACQUA PLATES

Cirurgiã Dentista, Especialista e Mestre em Implantodontia e Prótese Dentária
Pós-graduada em Gestão Pública em Saúde.

JOSÉ RUBENS PLATES

Doador de Sangue (Hemocentro de Marília)

Procurador da República em Jales

2 comentários

  • CAMARADA MARTINI

    PARABÉNS AO CASAL!!!!
    PARABÉNS NOSSA GRANDE AMIGA E MEU BRAÇO DIREITO COMO CONSELHEIRA MUNICIPAL DA SAÚDE, DRA. ADRIANA.

    FIQUEI FELIZ EM LER ARTIGO!!!!

    OBRIGADO MEU COMPANHEIRO CARDOSINHO PELA PUBLICAÇÃO DO BELO ARTIGO.

  • Fernando Jorge

    Excelente artigo. Parabéns! O Conselho Municipal de Saúde deve liderar uma mobilização no sentido de que se implemente uma unidade de coleta e armazenamento de sangue. É um serviço essencial. E não é tão oneroso quando se trata de cuidar da saúde da população. Basta vontade política.

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