ARTIGO – “O QUE MUDOU DESDE O MILÉSIMO GOL DE PELÉ?”


O texto é do advogado Gustavo Alves Balbino, mestre em Ciências Ambientais:

Ficou famosa a foto acima do menino Gabriel, no lixão de Pinheiro, no Maranhão. Com apenas 12 anos, o Gabriel estava no local, junto com a mãe, recolhendo recicláveis, para ter uma vida mais digna (se é que é possível).

Muitos podem pensar: em Jales o cenário é diferente! Será mesmo?

A outra foto (ao lado) revela o contrário: uma mulher, carregando um carrinho de bebê, na companhia de uma criança – menor que o Gabriel. A mulher recolhia resíduos recicláveis dos lixos que estavam no chão, prontos para serem apanhados pela empresa de lixo doméstico (Conservita Gestão e Serviços Ambientais, de Andradina). 

A criança chorava, por alguma razão. Possivelmente por não querer estar ali.

A mulher poderia fazer o mesmo serviço, mas na Cooperativa de Recicláveis de Jales ou na empresa Ecosul Sustentabilidade e Saneamento Ambiental, de Porto Alegre, vencedora da licitação aberta para contratação de empresas para realização de serviços de limpeza na cidade. Ou até mesmo em outro emprego.

Já o menino, poderia estar em uma creche, onde seria capacitado para um futuro diferente do da mulher.

Refletindo sobre a foto do Maranhão e a outra, de Jales, do estado mais desenvolvido do Brasil (São Paulo), a conclusão é uma: erramos e continuamos a errar no tratamento com as crianças, desde o gol mil do Pelé.

Lembrando: em 19 de novembro de 1969, Edson Arantes do Nascimento, do Santos F. C., ao comemorar seu milésimo gol sobre o Vasco, em um Maracanã lotado, fez o seguinte discurso, ao mar de repórteres que se formou:

“Pelo amor de Deus, olha o Natal das crianças, olha Natal das pessoas pobres, dos velhinhos cegos. Tem tantas instituições de caridade por aí. Pelo amor de Deus, vamos pensar nessas pessoas. Não vamos pensar só em festa. Ouça o que eu estou falando. É um apelo, pelo amor de Deus. Muito obrigado”. 

De 1969 para cá, pouco mudou. Lamento!

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