ARTIGO: “TRANSPARÊNCIA, AINDA QUE TARDIA”

O advogado Gustavo Balbino enviou texto que, segundo ele, é uma crítica sutil à imprensa local. Segundo o advogado, a história da geladeira que pode ter estragado 1.000 vacinas só foi noticiada por um órgão de imprensa regional – a TV Tem – e não mereceu a atenção de nenhum site jalesense.

O fato, na verdade, foi noticiado por vários órgãos da imprensa regional – Diário da Região, CBN, Votunews, Cidade de Votuporanga, Jornal da Região, etc – e não apenas pela TV Tem. Aqui em Jales, que eu saiba, pelo menos uma emissora de rádio tratou do assunto.

De outro lado, não sei se este modesto blog pode ser considerado órgão de imprensa, mas o fato foi noticiado aqui neste espaço ainda na noite de segunda-feira, 14, após a sessão da Câmara. Mas, vamos ao artigo do Gustavo:

Transparência, ainda que tardia  

Fugindo um pouco dos recorrentes textos com temática ambiental, não há como se furtar de algo que está a chatear esse jovem ser humano: a (im)parcialidade nos veículos de comunicação. Vivemos em um país democrático, ao menos, é o que se extrai da Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã, apelidada carinhosamente pelo político Ulysses Guimarães, no dia 05 de outubro, dia de sua promulgação. Mas reflita: até que essas breves palavras sejam publicadas no jornal, o texto precisa passar pelo crivo de um editorial, ou ao menos, do dono do veículo de imprensa. Em resumo, pode ser que o texto seja conhecido pelos leitores, ou pode ser que fique apenas na memória do autor, ainda que pago.

E sobre o que deve ser publicado e o que é conveniente a população saber não é tão distante de nós jalesenses. Diz a história que o nosso fundador Euphly Jalles possuía dois jornais: Diário da Região (ainda existente) e outro, Município de Jales, depois chamado de Comarca de Jales. Segundo o professor Sedeval Nardoque, em sua tese de Doutorado, a imparcialidade deste jornal era fictícia. Era comum os textos do jornal enaltecer seus feitos e de padrinhos políticos ou de atacar seus adversários. Aliás, seguindo a conclusão linhas acima, o Jornal do fundador constava assim: “Reservamo-nos também ao direito de rejeitar (…) artigos (…) aqueles cuja publicação não julgarmos aconselhável”. É tipo jogar bola na rua somente quando o dono da pelota quiser e autorizar.

Pois bem, se um fato negativo ocorre ao nosso entorno, é natural que os jornais e mídia tradicional local noticiem o fato, com a imparcialidade que o jornalismo de qualidade exige. Ainda que esses veículos não divulguem algum fato, a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, garantiu a liberdade de imprensa àqueles que não possuem o ensino superior específico em Jornalismo. Único voto contrário (o resultado foi de 8×1) foi do Ministro Marco Aurélio Mello. Desta feita, em cumprimento a liberdade de expressão estampado na Carta Cidadã,

qualquer pessoa do povo pode criar um veículo de imprensa (site, blog, canal de vídeos) e tornar público fatos que ocorrem ao seu redor, sem qualquer filtro por Conselho Editorial ou restrição de liberdade de opinião.

Deste modo, é evidente que o poder político e a opinião dos habitantes estejam em sintonia, e para isso, os veículos de imprensa colaboram (e muito) para que o julgamento de um governo seja uníssono. Mas a verdade pode sofrer ruídos. Sobre isso, o filme “Relatos do Mundo”, estrelado pelo premiado Tom Hanks, aborda a história de um viajante que ganha a vida contando e lendo em voz alta aos pequenos vilarejos as histórias que não chegam até eles, seja pela indisponibilidade da chegada dos jornais até eles ou pela falta de leitura dos moradores. Na ficção, Tom Hanks lia somente textos que eram convenientes ou que considerava pertinentes (qualquer semelhança com Jalles é mera coincidência).

Por isso tudo, Henry Ford disse: “Se eu tivesse um único dólar, investiria em propaganda”. Fato é que fazer publicidade dos cem dias de governo em página aberta e colorida é fomentar e fazer transparência do Governo, porém, nem tudo o que se publica, de fato pode ter ocorrido, vez que a máxima “papel aceita tudo” é uma verdade absoluta. Que eventuais acontecimentos negativos não divulgados sejam esclarecidos a toda a população, com a sua devida confirmação, principalmente em tempos de pandemia, para que não haja acusação injusta para uns e absolvição para os culpados.

(Gustavo Alves Balbino, cidadão jalesense, advogado Especialista em Educação, Mestre em Ciências Ambientais)

5 comentários

  • Observador

    Verdade!!!
    Por ex aquele terreno próximo ao aeroporto doado segundo comentarios para uma cervejaria passou pela câmara???
    Até hoje não sei.
    Alguem da imprensa sabe?????

  • Quando for interessante e conveniente para alguém tirar
    algum proveito principalmente político aí a mídia interessada solta, até a marca da geladeira e anos de uso, quanto ao culpado será difícil, dependendo da influência ou estará em outro cargo ou mudou de função.

  • Transparência só da água que eles tomam nos gabinetes,nem entre os envolvidos existe transferência qto mais na imprensa

  • Quero me vacinar

    Nisso da vacina tem umas perguntas que devem ser respondidas na sindicância que o Riva falou.
    1 – porque tinha tanta vacina estocada há tanto tempo? Vacina tem que ser aplicada logo.
    2- a geladeira tava com defeito? Então porque colocou nela.
    3- foi queda de energia? Então porque as outras não deram problema.
    4- foi instalada sindicância para apurar? Se não é omissão.
    Espero que a imprensa obtenha as respostas e as divulgue.

  • Antigo jalesense e triste

    Jales é a cidade dos intelectuais. Que opinam sobre tudo. Mas, esta parada no tempo com 50 mil habitantes desde 2006. Certa vez uma pessoa me alertou disso. E é verdade.

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