HISTÓRIA DE SERVENTE DE PEDREIRO JALESENSE ESTÁ ENTRE NOTÍCIAS MAIS LIDAS DA FOLHA

A história do servente de pedreiro Dorivaldo, aqui de Jales, foi parar no Cotidiano, da Folha de São Paulo. E está entre as cinco notícias mais lidas, hoje, no portal do jornal:

1329193No último dia 8, um rapaz de 18 anos foi preso em Jales (585 km a noroeste de São Paulo) sob suspeita de ter assaltado um posto de combustíveis e uma farmácia, levando R$ 1.500. Ao saber do caso, já na delegacia, o pai do jovem, o ajudante de pedreiro Dorivaldo Porfírio de Lima, 44, decidiu procurar as duas supostas vítimas para ressarcir o prejuízo. Sem recursos, assinou promissória para parcelar e pagar a dívida.

Eu nunca havia pisado em uma delegacia antes, graças a Deus. Só passava na frente.

Meu filho caçula Bruno estava jogando bola lá perto de casa quando um policial veio e o prendeu. Eu estava na casa da minha irmã. Não estava trabalhando porque está difícil arrumar serviço como ajudante de pedreiro –tem dia que tem, mas passa muitos dias sem ter.

Minha mulher ligou: “Estão prendendo o Bruno, nosso filho”. Pensei: “Vou direto na delegacia saber o que é isso”. Porque meu filho é trabalhador, pedreiro como eu. Ajuda a pagar as contas. E nunca tinha visto nada estranho em casa, como dinheiro, arma, droga.

Eu e minha mulher sabíamos que ele usava maconha, e desconfiávamos que tinha alguma outra droga, porque ele chegava às vezes meio irritado. Ele contou para a gente que usava, pediu para ser internado. Estávamos arrumando uma comunidade [terapêutica] aqui com a Igreja Católica, mas aí ele foi preso.

No caminho da delegacia, pensei que talvez poderia não ser nada. Ele estava trabalhando certinho, mas sempre tem as más companhias.

Quando cheguei, me mostraram as imagens dele [captadas pelas câmeras de segurança do posto e da farmácia]. Fiquei meio em dúvida, porque nunca tinha visto aquelas roupas. Mas ficaram falando lá que foi ele, foi ele, então a gente fica quieto. E não o vi ainda desde que foi preso [em 8 de outubro].

Falaram o valor roubado por ele e um colega: R$ 600 da farmácia e R$ 900 do posto. Era bastante.

Veio na hora a vontade de devolver o dinheiro. Quando o filho não presta, os pais abandonam, nem vão atrás. Mas corri atrás para mostrar caráter, o que é certo. E porque ele é trabalhador, não é vagabundo. A avó do outro rapaz [suspeito de participar dos roubos] me disse que os pais nem vão atrás do menino, que ele já não tem jeito.

No meu caso não. Não é porque é meu filho, mas eu acho que ele tem conserto.

No dia seguinte fui ao posto e perguntei quem era o dono. O próprio respondeu, é até conhecido meu. Contei o acontecido com o Bruno. “Era teu filho? Não acredito”, ele disse. E eu: “Se meu filho fez isso, quero parcelar e pagar”. Ele não acreditou, ficou surpreso com a honestidade. Eu disse: “Acredite porque, se for meu filho, vou pagar porque ele é trabalhador”.

Pedi para parcelar os R$ 900 em promissórias de R$ 90. O ganho da gente é pouco, não chega ao fim do mês. A diária [de auxiliar de pedreiro] é R$ 70, mas às vezes você consegue trabalhar dois dias na semana, depois para.

Fiz a mesma coisa na farmácia. O dono falou que como foram dois envolvidos no roubo, ele dividiria os R$ 600 em R$ 300. Mas soube depois que um comerciante viu a história na TV e pagou a conta.

Se não der para pagar os R$ 90 do posto no fim do mês, eu pago R$ 40, R$ 50, o que der. Se hoje em dia a gente andando no caminho certo já corre o risco de alguma coisa dar errado, imagina se andar no caminho errado? Dá mais errada ainda a vida, e as pessoas não confiam na gente.

Mostrei as promissórias ao delegado. Ele disse que nunca viu ninguém fazer isso. Ele sabe que todo mundo é trabalhador na minha família.

Queria agora é tentar lutar para colocá-lo numa comunidade [terapêutica] para se tratar. Já ofereceram vaga de graça. Como meu filho já tinha pedido ajuda para ser internado, ele merece, não é?

6 comentários

  • jalesense satisfeito

    Agora o pai vem falar que ficou em dúvida quando viu o filho nas imagens, fala sério, o minuto de fama já passou né. Eu conversei com a vítima do posto de gasolina Espacial e do posto Morumbi, todos disseram que reconheceram o ladrão sem sombra de dúvidas, agora, falar que a polícia “insistiu” em dizer que era seu filho, fala sério, pra mim já não serve. Eu confio no trabalho da polícia que está de parabéns……

  • Anônimo

    Qaundo é hora de criticar, vamos criticar, mas quanto é hora de elogiar, devemos reconhecer e sermos justos, nestes casos, realmente a policia de Jales trabalhou muito bem, parabéns a todos.

  • Anna Carolina

    Comovente o amor desse pai ao filho, isso é maravilhoso!! Não desistir jamais!!
    A honestidade desse homem é exemplo pra todos nós, graças a Deus que ainda existe muitos cidadãos honrados nesse país…

  • Pedreiro

    Nos dias de hoje profissionais da construcao, ficar sem servico??? O que mais se ve e casa construindo.

  • Anônimo

    Esses idiotas q estão falando mal do coitado, são tudo um bando de mal amado!

    O homem é honesto, trabalhador… Claro q ele não queria acreditar q era o filho dele, é normal, pq os pais sempre esperam o melhor dos filhos e não o pior né!

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