NÃO BASTA SER PAI. TEM QUE PARTICIPAR!

Ainda sobre o mesmo assunto do post anterior, reproduzo, abaixo, o texto do cronista Domingos Fraga, em seu blog, o Pense Nisso:

Não basta ser pai, tem que participar. O velho slogan da pomada Gelol cai como um mantra desde que li que um servente de pedreiro vai pagar R$ 1,5 mil às vítimas do seu filho, de 18 anos, acusado de roubar um posto de combustíveis, em Jales, no interior paulista. Sem carteira assinada, ele parcelou o ressarcimento em dez vezes. Dorivaldo Porfírio de Lima ganha pouco mais de um salário mínimo, mas não quer que ninguém tenha prejuízo. É um homem movido à esperança. Acredita que quando sair da cadeia, seu menino vai largar as drogas e vai pagar para ele o que ele, agora, está pagando para quem foi assaltado.

Sem medo de ser piegas, não consigo parar de pensar no que aprendi na casa do meu pai.Tenho quatro filhos, dois garotos e duas garotas, todos adolescentes. Todos criados para agirem dentro da lei e respeitarem o outro. Todos forjados no barro que o meu velho ensinou. Um homem é medido pelo seu caráter. E assim levo a vida. E assim tento deixar um legado para os meus.

Mas, até que ponto os pais devem ser responsáveis pelos atos dos seus filhos? Mesmo antes de ser pai, sempre tive uma resposta para esta pergunta angustiante. Os pais são sempre responsáveis. Não por tudo, é óbvio, mas um quinhão de responsabilidade é deles, com certeza. E depois que meus filhos nasceram confirmei-a mais ainda. Muitos, talvez até a maioria, não concordam comigo. Não quero entrar em discussões acadêmicas. Sempre teremos especialistas a endossar o que pensamos. Queria apenas um momento de reflexão. A justificativa mais recorrente dos pais para não se sentirem culpados é de que o ambiente no mundo moderno hoje influencia mais do que a família. Escola, namorado(a), amigos, internet, TV…etc.. são inimigos poderosos para que pais e filhos convivam mais. Discordo frontalmente. Se é verdade que hoje a criança ou o adolescente passa muito tempo na rua e aquelas reuniões diárias não são mais viáveis como se gostaria, também é verdade que a qualidade do convívio é sempre mais importante que a quantidade.

Vejo muitos pais simplesmente deixarem que a força da grana conduza o dia a dia da filharada. É dinheiro para o shopping, para o cinema e até para o motel, mas e aquele papo sobre drogas, sexo, rolou? E os caras que andam com seus filhos, você sabe o que pensam?  Já escutei gente inteligente dizer que se a educação dos pais fosse tão importante para a formação do caráter, não teríamos irmãos tão diferentes. A questão também me parece simples. Cada um é um mundo à parte e deve ser compreendido e criado assim.

Ao final, deixo um pedido e um agradecimento. O pedido é para que não deixemos que o corre-corre do cotidiano prejudique a convivência entre pais e filhos. O agradecimento é ao gesto de Dorivaldo. Me fez pensar, questionar, chorar e concluir: não basta ser pai, tem que ser como Dorivaldo.

1 comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *