BOM EXEMPLO DE JALES

Abaixo, o editorial do jornal Diário de São Paulo, de ontem. Vale ressaltar que, no caso de Jales, o Ministério Público Estadual não está parado. Muito pelo contrário, os promotores estaduais aqui de Jales também estão investigando a aplicação de recursos públicos em festas de peão, e, tudo indica, em breve darão notícias. Vamos ao editorial, cujo título é “Bom Exemplo de Jales”:

Merece aplauso a iniciativa do Ministério Público Federal de Jales de levar à Justiça quase meia centena de políticos da região acusados de gastos indevidos com o dinheiro do contribuinte. A lista é formada por prefeitos e ex-prefeitos, a maioria de pequenas localidades, e também pelo ex-deputado federal Vadão Gomes (PP), político que coleciona processos judiciais na vida pública e particular.

Em números exatos, são 31 ações que pedem a cassação de 28 prefeitos e a suspensão dos direitos políticos de 11 ex-prefeitos, sem esquecer de solicitar a devolução de R$ 42 milhões que eles teriam desviado a partir de emendas parlamentares para financiar festas de peão, boa parte delas do ex-deputado. Para garantir que os acusados devolvam a grana, o procurador de Jales sugere também o bloqueio dos bens da turma.

Para início de conversa, apesar de a prática ser recorrente, não dá para aceitar que cidades com tantas demandas sociais, um arco imenso de carências que vai de educação numa ponta a saúde em outra, desperdice o suado dinheiro de impostos e taxas em festas. Tais eventos deviam ser patrocinados com dinheiro da iniciativa privada – empresários, fazendeiros e suas associações de classe, como Vadão, que já foi um próspero empresário do setor de alimentação até que seus frigoríficos começaram a naufragar juntamente com sua carreira política.

Mas até aí ainda não haveria irregularidade. O problema, segundo a denúncia do procurador Tiago Lacerda Nobre, é que shows para agradar eleitores nessas festas eram contratados com a intermediação de pessoas jurídicas que não eram exatamente os empresários dos artistas, como manda a lei para que haja a dispensa de procedimentos obrigatórios, como a licitação.

Há até um caso absurdo como o relatado pelo jornalista Vinícius Marques na reportagem sobre o assunto publicada na página 4 do BOM DIA de ontem a respeito de um contrato feito pela Prefeitura de São João de Iracema (cidade de 1.780 habitantes) em que o empresário atravessador teria recebido mais do que os artistas. Outro detalhe é que pelo menos dois desses empresários seriam de Rio Preto. Todos esses episódios precisam ser apurados com celeridade sem prejuízo de rigor para que, confirmadas as culpas, todos os envolvidos sejam punidos como se deve.

Mas sem entrar no mérito da questão, o procurador jalense dá um exemplo aos colegas, em especial aqueles do Ministério Público Estadual, pela iniciativa de investigar, em vez de ficar acomodado esperando que denúncias caiam sobre a mesa. Isso para não falar daqueles que mesmo quando isso acontece permanecem como se nada tivesse acontecendo. Gente que não merece o salário que ganha.

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