MULHER CHAMADA DE ‘GORDA’ NO FACEBOOK REGISTRA QUEIXA POR INJÚRIA

Por duas ou três vezes, eu já registrei alertas aqui no blog, dizendo que é preciso ter muito cuidado com as palavras. Afinal, a linha que separa a crítica da difamação ou da ofensa moral é muito tênue e, por vezes, uma palavra mal colocada pode render sérias dores de cabeça.

Eu mesmo já fui condenado por conta de críticas que fiz a um advogado aqui da cidade, há uns doze ou treze anos. E fui condenado não exatamente pelo fato que narrei em um jornal, mas pela utilização de duas palavras que, na opinião da justiça, ultrapassaram o limite da crítica.

Recentemente, um amigo foi condenado ao pagamento de uma multa e de algumas horas de prestação de serviços à comunidade, em função de comentários feitos por ele aqui no blog.

Vez em quando, tenho que ir à polícia para responder questões sobre comentários postados no blog. A chefe de gabinete da Secretaria da Saúde, Celma Crepaldi, por exemplo, já foi à Delegacia de Polícia duas vezes registrar queixas contra o aprendiz de blogueiro.

Por essas e por outras, reitero, mais uma vez, aos preclaros comentaristas, principalmente os anônimos, que sejam mais comedidos ao externar suas opiniões. Dito isto, passo à notícia do G1:

Uma auxiliar de limpeza de 29 anos procurou a Polícia Civil de Piracicaba (SP) na tarde de sábado (28) para denunciar caso de injúria que teria sido cometido pelo Facebook.

De acordo com as declarações da vítima, ela foi chamada de “baleia fora da água” e de “gorda” pela rede social. A avó dela, de 66 anos, também teria sido motivo de chacota na web por usar peruca.

Segundo informações do boletim de ocorrência, a auxiliar de limpeza alega que a responsável pelas ofensas é uma parente distante. A discussão virtual teria começado após a publicação da foto de uma ultrassonografia na rede social. A vítima foi orientada a procurar a Delegacia da Defesa da Mulher (DDM) para entrar com representação formal contra a suposta autora dos comentários maldosos.

No início do mês, uma servidora pública de Piracicaba foi condenada a pagar R$ 10 mil como indenização por danos morais depois de ter compartilhado críticas a um veterinário da cidade pelo Facebook. A autora do texto, uma estudante, também é ré na ação e terá que pagar mais R$ 10 mil ao ofendido.

As críticas foram publicadas pela estudante no Facebook em fevereiro deste ano e consistem em fotos de uma cadela depois de ter passado por uma cirurgia de castração com um texto chamando o veterinário de “açougueiro” e acusando-o de ter feito um “serviço de porco” no animal. A operação havia sido realizada no Canil Municipal dias antes da publicação.      

2 comentários

  • Antonio Rodrigues Belon

    Se me permite, faço a transcrição:

    CRÍTICA E MALEDICÊNCIA
    Antonio Rodrigues Belon
    No senso comum ocorre uma confusão entre a maledicência e a crítica, mas é muito relevante, filosoficamente, a distinção. A maledicência é a prática de falar mal dos outros. No campo dos significados a ela vem uma imensa associação de termos e ideias. Denegrir, difamar, injuriar, em termos mais elaborados. Ou popularmente: fuxico, mexerico, ou simples fofoca.
    O que é crítica?
    Por confusão se transfere para o segundo termo traços do primeiro: crítica é tomada por maledicência. Isto dá origem a ingênua e descabida diferença entre crítica construtiva e destrutiva. A força do substantivo cede ao engano do adjetivo. Crítica é crítica: ponto.
    A palavra crítica, na sua origem grega, significa separar, julgar. Indica uma avaliação, um julgamento na estética, na lógica, na moralidade, na prática: na extensão da vida.
    Conhecimentos, teorias, consideração de aspectos objetivos e subjetivos, embasamento e fundamentação: a crítica lança raízes nos jardins do trabalho rigoroso, intelectualmente e materialmente.
    Concebida nos aspectos da subjetividade a crítica parece gosto, sentimento, prazer ou asco. E é isto tudo; mas, vai muito além.
    Tomada nos aspectos da objetividade parece razão, avaliação, padrão, comparação. De novo: e é isto tudo; mas, vai muito além.
    Requer rigorosa fundamentação para pesar os aspectos em sua totalidade.
    Os critérios, os padrões, recebem determinação social e histórica. As castas, as camadas, as classes sociais dominantes na vida material, dominam também a determinação dos fundamentos da crítica.
    Dois pontos para encerrar.
    No primeiro, em recuperação do dito aqui enfatizar: a maledicência rebaixa, diminui e, no fundo, é conservadora, pois reduz todas as ideias e práticas humanas ao mesmo nível de desprezo. A crítica é necessária, pois, permite a compreensão da realidade material, da vida e social, e ─ um destaque especial ─ exige a intervenção, a transformação da convivência humana a um nível mais elevado nos aspectos das relações sociais, os subjetivos e os objetivos.
    Original em Interativa, junho de 2013, página 50.
    Em http://blog.uol.com.br/showposts.html?idBlog=952432.

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