ADRIANA CALCANHOTTO – “VAMBORA”

“Vambora” foi lançada em 1998 e integrou a trilha sonora da novela “Torre de Babel”. Já foi regravada por diversos artistas. A própria Adriana fala que a versão da Simone é uma das que ela mais gosta, mas a regravação de Bibi Ferreira – pelo que representa a grande dama do teatro – é a que ela considera “top”.

Adriana conta, também, que “Vambora” é a música que não pode faltar nos seus shows e, normalmente, é o momento mais aguardado pela plateia, que sempre canta junto com ela.

Um dia desses, querendo saber mais sobre a vida e as músicas da Adriana Calcanhotto, encontrei o texto abaixo, de um rapaz chamado Hevanderson, sobre a canção “Vambora”. Ei-lo:  

“Vambora” de Adriana Calcanhotto fala da solidão dos que amam. Aquela ansiedade e a quase que incontrolável sensação de vazio de quem espera outro alguém bater à porta. Quem nunca se sentiu tentado a pegar o telefone e ligar quantas vezes fosse preciso para falar com a tal pessoa que faz o coração disparar?

Fica aqui a pergunta: o que você faria se tivesse só meia-hora para mudar a vida de outra pessoa?

Existem tantas ocasiões onde ficamos assustadoramente sozinhos que cometemos um equívoco (ou agimos de forma egoísta) quando pensamos na solidão somente em sua forma romântica: quando a pessoa amada está longe ou ainda quando não se é amado/correspondido.

Já parou para pensar o quanto estamos sozinhos em nossas convicções e ideais, ainda que elas se baseiem no coletivismo? Pense também o quão sós estão aqueles que sabem estar próximos da hora de sua morte.

Normalmente não sigo uma ordem para ouvir minhas músicas, escolho uma de início, dou o “play” e deixo rolar. Sempre que meu iTunes passa por “Vambora” eu presto total atenção na música, não importa como estiver o meu humor ou meu dia. “Entre por esta porta agora….”, tenho a utópica sensação de que ela está falando para mim:

Mas são os pequenos detalhes nessa música que são motivo deste texto, ou dois versos para ser mais específico. Através deles chegaremos a dois clássicos da poesia nacional: “Dentro da Noite Veloz” (Ferreira Gullar) e “Na Cinza das Horas” (do “imortal”, Manuel Bandeira).

Dentro da noite veloz é um livro essencialmente político, mostra um Gullar preocupado com a situação do Brasil (que vivia o regime militar). A luta contra o regime foi coletiva, mas o momento da tortura era de extrema solidão à vítima. No poema “Dentro da Noite Veloz”, que dá nome ao livro, apesar de não falar especificamente do Brasil, é possível sentir a solidão daqueles que lutam em prol de uma causa e sofrem por ela.

“Na Cinza das Horas” foi o primeiro livro de Manuel Bandeira. Com poemas tristes e fúnebres, que demonstram como se sente uma pessoa que se aproxima da morte. Alguns dos poemas contidos no livro foram escritos enquanto Bandeira sofria com a Tuberculose (da qual conseguiu curar-se), doença gravíssima para a época.

E agora, o vídeo – que tem 8,6 milhões de visualizações – com a Adriana cantando “Vambora”:

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