O “Tremendão” Erasmo Carlos, que faleceu ontem, 22, está na capa de todos os grandes jornais do país, nesta quarta-feira. A melhor, na minha opinião, foi a do jornal Correio, da Bahia, acima, que, no texto de capa, faz um jogo de palavras com citações a algumas músicas de Erasmo.
O título, “Ficaram as canções”, é uma referência à música “As canções que você fez pra mim”, onde se diz que “ficaram as canções, mas você não ficou”. A melhor interpretação dessa música, também na minha modesta e dispensável opinião, é a da Maria Bethânia.
O texto começa dizendo que “infelizmente, não é uma mentira absurda”, uma alusão a “Mulher”: “dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda”. E segue: “Erasmo Carlos, criador da Jovem Guarda, fez sua viagem para além do horizonte aos 81 anos”. “Além do horizonte” foi um dos sucessos da dupla Roberto e Erasmo.
“Nunca ficou parado – ou sentado – à beira do caminho e deixa mais de 600 músicas. Pioneiro, há mais de 40 anos ousou contradizer o chavão de que a mulher é o sexo frágil”, novamente uma citação à canção “Mulher”.
O texto diz, ainda, que Erasmo foi pioneiro ao homenagear, com uma canção, uma mulher trans. O trecho faz referência à música “Close”, que teria sido inspirada (ele negava) em Roberta Close, uma das nossas primeiras trans, “fêmea pra ninguém botar defeito”.
O texto de capa do Correio, termina dizendo que “como criança, ele já entendia tudo”, que remete a outro de seus sucessos, “Sou uma criança, não entendo nada”.
Eu apenas acrescentaria que Erasmo nunca precisou ficar nu para chamar nossa atenção. Tido como o pai do rock brasileiro, ele mandou tudo pro inferno, mas também escreveu coisas lindas sobre o amor. De suas canções românticas, “Seu corpo” é uma das minhas preferidas.