“CHEGA DE SAUDADE”, MARCO INICIAL DA BOSSA NOVA, COMPLETA 60 ANOS

Ontem, 09 de julho, foi feriado no estado de São Paulo, mas, reparando bem, deveria ser feriado no Brasil inteiro. Afinal, foi num 09 de julho – e não de abril, o mês cruel – que Vinícius de Moraes finou-se, aos 66 anos de idade, deixando um legado imorredouro à poesia e à música.

Legado que traz, entre outras coisas, “Chega de Saudade“, o marco zero da bossa nova, que nesta terça-feira, 10, está completando 60 anos de sua gravação mais significativa. A sexagenária canção de Tom e Vinícius, composta em 1956, foi gravada pela primeira vez por Elizeth Cardoso, no disco “Canção do Amor Demais”.

Com arranjos de Tom Jobim, o disco de Elizeth apresentou ao mundo a batida diferente do violão de João Gilberto, que, afora “Chega de Saudade”, acompanhou  “A Divina” em outras cinco canções.

A versão definitiva da música de Tom e Vinícius foi gravada, porém, pelo próprio João Gilberto em 10 de julho de 1958, dois meses após a gravação de Elizeth e poucos dias depois que Pelé, Garrincha e Didi – ao contrário de Neymar e Cia – encantaram o mundo, conquistando nossa primeira Copa.

A batida de João também encantou o mundo e elevou a nossa música ao mesmo nível em que Pelé e Garrincha puseram nosso futebol. A versão de João encantou também Gilberto Gil, àquela altura com 16 anos. Gil revelou hoje, no Twitter, que ao ouvir “Chega de Saudade” pela primeira vez em uma rádio de Salvador, ficou tão profundamente impressionado que, naquele momento, decidiu aprender a tocar violão.

“Chega de saudade” ficou tão marcada pela interpretação de João Gilberto, que até mesmo o Ministério da Cultura do incompetente e ilegítimo governo Temer deu sua mancada na manhã desta terça-feira, numa publicação no Twitter. Segundo O Globo, “a mensagem (ao lado), num desses erros efêmeros típicos das redes sociais, chegou a ficar pouco mais de meia hora no ar até ser corrigida”.

Com mais de 80 anos, João Gilberto, que é mais ouvido nos EUA que no Brasil, vive recluso e foi interditado judicialmente pela filha – a cantora Bebel Gilberto – por problemas de saúde e complicações financeiras.

A reclusão não é, no entanto, novidade na vida dele. Antes de gravar “Chega de Saudade”, ele viveu cerca de dois anos com parentes em uma pequena cidade de Minas Gerais, mas, durante quase todo o tempo, permaneceu trancado em seu quarto, inventando os acordes do que seria a bossa nova.

No vídeo abaixo, Gal Costa canta “Chega de Saudade“:

3 comentários

  • O ministério da cultura está em “boas-mãos”,Chega de Saudade é uma música definidora na carreira de todos os artistas que surgiram na era dos grandes festivais.E o João Gilberto por não ter um vozeirão empostado,acabou criando por tabela a categoria de cantautor,que são os compositores que cantam suas canções sem malabarismo-vocal.
    Um detalhe,o bruxo de Juazeiro não enquadra na categoria,a sua importância como compositor é quase nula.O artista marcou seu nome na História como criador de um gênero.

  • E o mais engraçado é que ele rejeita o gênero,ele sempre disse que não canta Bossa-Nova e sim samba.

  • Gal Costa e sua interpretação equivocada,enquanto o sujeito lírico está triste e desolado,ela exibe um sorriso nos lábios do começo ao fim.Pode ser a alegria de interpretar um samba-bossa que também definiu a sua maneira de cantar.

Deixe um comentário para Ademar Amancio Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *