EMÍLIO SANTIAGO – “SAIGON”

Na semana passada, ganhei um livro do meu amigo Luiz Carlos Seixas – “Caymmi e a Bossa Nova”, escrito pela Stella Caymmi, filha da Nana e neta do saudoso Dorival. No bilhete que mandou junto com o presente, o Bochecha disse que “se você consegue gostar do Cauby Peixoto, conseguirá também gostar desse livro…”.

A menção ao professor Cauby me remeteu a outro presente que o Seixas me trouxe de Ourinhos anos atrás: um CD com músicas variadas, entre elas “Velho Arvoredo”, um clássico do Cauby, e também “Saigon”, interpretada pela Beth Carvalho.

Em princípio, imaginei que fosse uma regravação da Beth para a música imortalizada pelo Emílio Santiago. Afinal, tantos artistas – Tim Maia, Sandra de Sá, Jorge Aragão, Mart’nália – já a regravaram, de modo que Beth Carvalho seria apenas uma a mais. Só que não!

Na verdade, lendo entrevista dos autores de “Saigon”, os compositores Cláudio Cartier e Paulo César Feital, fiquei sabendo que Beth Carvalho gravou essa música em 1988, antes do Emílio Santiago. Por uma dessas coisas inexplicáveis, a música não fez sucesso com a Beth. Já com o Emílio…

Emílio Santiago, que fora contratado pela Som Livre em 1988 deu início já naquele ano, por sugestão de Roberto Menescal, à série de CDs “Aquarela Brasileira”. Mas foi só no “Aquarela Brasileira 2″, de 1989, que ele gravou “Saigon”, um ano, portanto, depois da Beth Carvalho.

E aí a música fez sucesso e passou a ser uma marca do Emílio. Segundo Cláudio Cartier, “Saigon” está para o Emílio Santiago, assim como “Conceição” está para o Cauby. Era impossível para o Emílio não cantar “Saigon” em seus shows.

“Saigon” foi composta, segundo seus autores, cinco ou seis anos antes de ser gravada por Beth Carvalho. Quando ela foi escrita, a guerra do Vietnã já tinha terminado, mas foi esse confronto que inspirou o autor da letra.

“A guerra no Vietnã já tinha passado, mas ainda era algo muito vivo na cabeça das pessoas da minha geração. Então eu fiz um paralelo com um casal em briga, em guerra, quebrando o pau”, diz Feital. Detalhe: a primeira letra de “Saigon” não foi aprovada por Cartier, de modo que a letra que conhecemos é a segunda.

Apesar de inspirada em uma guerra e em brigas de casal, “Saigon” é uma música de amor e talvez por isso seja muito tocada até hoje. No vídeo, Emílio interpreta sua “Conceição” ao vivo:

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