FRANCISCO, EL HOMBRE – “RODA VIVA”

A banda Francisco, el Hombre surgiu em Campinas, fundada por dois irmãos mexicanos – Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte – naturalizados brasileiros. A banda já foi um quinteto, mas, atualmente, é um quarteto integrado também por dois brasileiros de nomes esquisitos: Juliana Strassacapa (voz e percussão) e Andrei Martinez Kozyreff (guitarra).

O nome do grupo foi inspirado em uma figura de mesmo nome do folclore colombiano, conhecida por tocar acordeão pelas ruas das cidades. Em 2017, a banda foi indicada ao prêmio Grammy Latino na categoria “melhor canção em língua portuguesa”, pela canção “Triste, Louca ou Má”.

Recentemente, já em tempos de pandemia, a banda gravou uma versão do clássico “Roda Viva”, do Chico Buarque, para a trilha sonora do documentário “A Fantástica Fábrica de Golpes”. A nova releitura de “Roda Viva” traz uma citação incidental a outra canção emblemática da obra de Chico, “Apesar de Você”.

Ambas as canções são sinônimos de resistência à ditadura militar e a banda decidiu criar um elo entre as duas. Sobre “Apesar de Você”, seu papel desafiador frente à ditadura e sua atualidade, nem é preciso dizer muita coisa.

Anterior a “Apesar de Você” (1970), “Roda Viva” foi a terceira colocada do III Festival da TV Record, em 1967. A canção ganhou status de hino da resistência não exatamente por sua letra, mas por ter sido tema de uma peça homônima, escrita por Chico e montada por José Celso Martinez Correa.

Apresentada em 1968, o ano que não acabou, a peça gerou intensa reação de grupos de direita ligados ao regime militar. Em julho daquele ano, o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, espancou os artistas – Marília Pera entre eles – e depredou o cenário.

Dois meses depois, em setembro, a peça estava sendo encenada em Porto Alegre quando o Teatro Galpão também foi invadido pelo CCC e os atores foram novamente agredidos. Depois das agressões, eles foram enfiados em um ônibus e despachados para São Paulo, com a recomendação de não retornarem.

Segundo Mateo Piracés-Ugarte, um dos integrantes do grupo Francisco, el Hombre, a época em que “Roda Viva” foi criada, em meio à ditadura militar, “traz muitas semelhanças com o período que vivemos atualmente, com crises políticas, desrespeito aos direitos humanos, manipulação midiática…Tudo isso parece se repetir na história, que é cíclica como a canção”.

Vamos ao vídeo. Antes da música, Chico Buarque fala um pouco sobre o momento que estamos vivendo:

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