FRANK SINATRA – “MY WAY”

“My Way” é uma das músicas internacionais mais solicitadas no programa que apresento aos domingos na Rádio Regional, o Brasil & Cia. A versão mais solicitada, é claro, é a de Frank Sinatra, mas há quem goste de ouvir também com o Elvis Presley e o Paul Anka.

Ela é mais identificada, no entanto, com o velho Frank, que a gravou em dezembro de 1968 e, a partir de então, “My Way” era a música com que Sinatra encerrava seus shows. Isso só mudou quando surgiu “New York, New York”, que ele começou a cantar em 1968, mas só gravou em 1970.

Embora conhecida mundialmente com os já citados três cantores americanos, “My Way” é, originalmente, uma música francesa – “Comme D’Habitude”, ou, em português, “Como de Costume” – escrita pelos compositores Jacques Revaux e Gilles Thibaut. Em 1967, eles apresentaram a composição ao astro pop francês Claude Francois, que a gravou naquele mesmo ano, não sem antes modificar um pouco a música e, com isso, se tornar coautor.

Paul Anka, ao visitar a França, conheceu a música e, ao voltar aos Estados Unidos, tratou de escrever uma versão em inglês para ela. Na versão francesa, a música conta a história do fim de um casamento, sob a ótica do homem. Já na versão de Paul Anka, a música conta a história de um sujeito que, pressentindo o fim da vida, resolve fazer um imodesto balanço de sua existência.

O dado curioso é que Frank Sinatra não gostava de “My Way”, pois a letra mostra um sujeito que, ao fazer o tal balanço, considerou que teve muito mais acertos do que erros ao longo da vida. Quando Frank Sinatra lançou a música, muita gente achou que ela fosse autobiográfica e que continha uma certa arrogância.

Por isso mesmo, em algumas ocasiões, Frank fez questão de dizer que a letra não era dele e que ele não tinha nada a ver com a história contada na música. Em alguns shows, ele chegou a dizer, meio que sério, meio que brincando, que “detestava essa música”.

O público achava que ele estava brincando, mas ele falava sério. Em uma entrevista concedida em 2000, dois anos depois da morte do pai, uma das filhas de Frank – a Tina – contou que “o papai sempre achou que a canção era egoísta e autoindulgente, mas essa música ficou presa a ele, que não conseguiu livrar-se dela”.

A um jornalista – Renzo Mora, que escreveu um livro sobre o cantor – Sinatra disse que “eu adoro ter grandes sucessos, mas cada vez que tenho de cantar essa música eu ranjo os dentes, porque, não importa a imagem que tenham de mim, eu odeio me gabar em cima dos outros; odeio falta de modéstia, e é assim que me sinto com essa música”.

Considerando tudo isso, é provável que o velho Frank tenha se revirado no caixão, em seu funeral, pois a música entoada enquanto ele descia à sua última morada foi justamente “My Way”, que ele canta no vídeo abaixo.

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