GAL COSTA E TIM MAIA – “UM DIA DE DOMINGO”

O compositor Michael Sullivan foi destaque na imprensa, nesta semana, por conta da posse do novo presidente do STF, o ministro Luiz Fux. Isso porque algum puxa-saco do ministro lembrou que, entre as inúmeras qualidades de Fux, estão a de guitarrista e compositor.

Disseram até que ele tem uma música composta em parceria com o Michael Sullivan. Eu nunca ouvi a tal música da dupla Sullivan-Fux, mas não duvido que ela exista. Afinal, o Michael Sullivan já compôs mais de 1.500 músicas, de sorte que é perfeitamente possível que ele tenha feito pelo menos uma em parceria com o ministro.

Nascido em 1950, no Recife, Ivanildo de Souza Lima escolheu seu nome artístico (Michael Sullivan) em uma lista telefônica. Isso não é inédito. A mãe do ator Herson Capri, por exemplo, escolheu o nome do filho em um almanaque do Banco do Brasil, que trazia o nome de todos os seus funcionários.

Ivanildo – ou Michael – iniciou sua carreira nos anos 60, como guitarrista e cantor de um conjunto – Os Selvagens – que tocava em bailes. Em 1970, ele já estava tocando no famoso conjunto Renato e Seus Blue Caps. Em 1979, entrou para o conjunto The Fevers.

A carreira de compositor deslanchou bem antes dele conhecer o ministro Fux. Foi nos anos 80, quando ele começou a compor com seu principal parceiro, o letrista Paulo Massadas. O primeiro sucesso da dupla foi “Me Dê Motivo”, lançada por Tim Maia em 1983. Logo depois, veio “Nem Morta”, com a Alcione.

Por sinal, essa música rendeu à dupla uma homenagem da comunidade gay, uma vez que o título da canção, “Nem Morta”, foi inspirado em um bordão muito utilizado, à época, por gays, lésbicas e assemelhados.

As músicas melosas de Sullivan e Massadas – “Deslizes” (Fagner), “Um Sonho a Dois” (Joanna e Roupa Nova), “Entre Nós” (Sandra de Sá), “Nem Um Toque” (Rosana), “Estranha Loucura” (Alcione), “Retratos e Canções” (Sandra de Sá), entre outras – fizeram tanto sucesso que, em 1987, eles estavam entre os maiores arrecadadores de direitos autorais, perdendo apenas para a dupla Roberto e Erasmo Carlos.

Uma das canções mais famosas da dupla é “Um Dia de Domingo”, lançada em 1985 no disco “Bem Bom”, de Gal Costa, em que ela canta a música ao lado de Tim Maia.

Gal e Tim gravaram suas participações separadamente. O primeiro a gravar foi Tim. Depois foi a vez de Gal, que, em princípio, não gostou muito da música, considerada um pouco brega por ela. Além disso, Gal teve problema com o tom (altura, como se diz popularmente) da música.

A música fez tanto sucesso que o Fantástico resolveu fazer um clipe, com Tim e Gal cantando juntos. No dia marcado para a gravação do clipe, Gal mandou avisar que não poderia gravar, pois seu vestido não ficara pronto.

A gravação foi remarcada para dois dias depois, mas aí Tim Maia resolveu dar o troco. No dia combinado, ele não apareceu e mandou avisar que o vestido dele não tinha ficado pronto, de sorte que o Fantástico não conseguiu reunir os dois.

O único registro global com Gal e Tim cantando juntos – ou fingindo cantar, já que se tratava de um play-back – é do programa “Cassino do Chacrinha”. O Velho Guerreiro utilizava-se de uma tática infalível para que Tim Maia – àquela altura famoso por faltar aos seus próprios shows – não faltasse aos seus programas. Na véspera do programa, Chacrinha sempre ligava para a mãe de Tim Maia e ela se incumbia de não deixar o filho “dar o bolo” no Velho Guerreiro.

Foi assim que Chacrinha conseguiu juntar Tim Maia e Gal Costa, na única vez em que eles aparecem juntos, cantando “Um Dia de Domingo”. Eis o vídeo:

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