GILBERTO GIL E PRETA GIL – “PAI E MÃE”

Há alguns domingos, no Dia dos Pais, eu toquei no Brasil & Cia – o programa que apresento na Regional FM – algumas músicas que tinham os pais como tema ou como inspiração, como é o caso de “Naquela Mesa”, que o Sérgio Bittencourt fez em homenagem ao pai, o Jacob do Bandolim.

Uma dessas músicas foi o chorinho “Pai e Mãe”, do Gilberto Gil, que ele compôs no dia em que completou 33 anos (26 de junho de 1975) e gravou naquele mesmo ano, no disco Refazenda. A versão que toquei – muito bonita, por sinal – foi a do Ney Matogrosso, gravada em 1992 para o songbook do Gil.

“Pai e Mãe” é uma música de confissão de afeto profundo pelos pais e, ao mesmo tempo, de contestação aos valores conservadores da época. Ela foi escrita em forma de recado, no qual Gil recorre à mãe como interlocutora de uma mensagem ao pai.

José Gil Moreira, o pai, era um médico baiano de costumes conservadores e, pelo que a música dá a entender, talvez tenha se incomodado com o comportamento moderno do filho, que incluía beijar amigos homens na TV, desrespeitando, segundo um censor da ditadura, “os valores vigentes da sociedade”. 

Eis um trecho do recado:

Como é, minha mãe?
Como vão seus temores?
Meu pai, como vai?
Diga a ele que não se aborreça comigo
Quando me vir beijar outro homem qualquer
Diga a ele que eu quando beijo um amigo
Estou certo de ser alguém como ele é
Alguém com sua força pra me proteger
Alguém com seu carinho pra me confortar
Alguém com olhos e coração bem abertos
Para me compreender 

Na gravação original, de 1975, Gilberto Gil foi acompanhado por instrumentistas geniais, como Canhoto, Altamiro Carrilho e Dino 7 Cordas. Na regravação lançada ontem, 27/08, nas redes sociais, Gil canta em dueto com a filha Preta Gil, acompanhado pelos filhos Bem Gil (guitarra) e José Gil (bateria) e pelo neto João (baixo).

Eis o vídeo:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *