HUMBERTO GESSINGER E LUIZ CARLOS BORGES – “CORAÇÃO DE LUTO”

Ney Matogrosso é mesmo um artista surpreendente. Aos 76 anos, ele entrou em estúdio especialmente para regravar – pasmem! – o maior sucesso do cantor e compositor gaúcho Vitor Mateus Teixeira (1917 – 1985), o Teixeirinha, que foi muito popular no Brasil dos anos sessenta e setenta, principalmente no Sul do país, com um repertório voltado para os ritmos da música regional caipira.

Ney pôs voz em “Coração de Luto”, composta em 1936. A música, uma  espécie de toada tristonha que virou filme, fala sobre a morte da mãe de Teixeirinha, dona Ledurina, que, ao sofrer um ataque epiléptico, desmaiou sobre uma fogueira e morreu queimada. Não por acaso, a música é conhecida, pejorativamente, como “Churrasquinho de mãe”.

A gravação de Ney foi feita especialmente para a trilha sonora do espetáculo teatral “O homem que queria ser livro”, que deverá entrar em cartaz no próximo mês de janeiro, em São Paulo.

Ney Matogrosso não será, no entanto, o primeiro artista fora do universo caipira a interpretar “Coração de Luto”. Há alguns anos, a canção de Teixeirinha ganhou um toque roqueiro em releitura do líder da banda Engenheiros do Hawaii, o também gaúcho Humberto Gessinger, que, ao contrário do que muita gente pensa, não é engenheiro, mas arquiteto.

Gessinger, como se poderá ver no vídeo abaixo, teve a companhia de outro artista gaúcho, o sanfoneiro Luiz Carlos Borges:

 

3 comentários

  • Gostei do arranjo,um mix da linguagem do rock com o regional.Nos Estados Unidos é muito comum os artistas da música-pop fundiram o rock, o folk e o country.No Brasil,houve uma tentativa de Sá,Rodrix & Guarabyra estabelecer um gênero com características parecida,o trio buscava a fusão dos elementos regionais e urbano.Mas,apesar do chamado Rock-Rural ter produzido algumas pérolas,a tendência se diluiu com o tempo,não chegou a fazer escola.

  • Quanto ao Ney Matogrosso,com sua voz maleável de contratenor,ele pode cantar qualquer estilo.Eu sempre acho que as mulheres cantam melhor que os homens,o Ney talvez seja o cantor mais versátil que se aproxima de uma Elis Regina,por exemplo.Não sei se a androgenia explícita do cantor o favoreça.

    Um detalhe,ter uma musicalidade mais versátil não quer dizer que um cantor ou cantora cante mais bonito do que os outros,mesmo porque ”cantar-bonito” é um conceito subjetivo demais.

  • No comentário acima eu disse que o rock-rural-setentista não teria feito escola.Ouvindo melhor os meninos de Jales do duo Demerara,eu percebi que a proposta-estética é basicamente a mesma.A sonoridade tem suas diferenças mas está dentro da linha evolutiva do movimento.O som dos meninos é ótimo,só falta a crítica especializada descobrir e o grande público parar de sujar o ouvido com porcaria.

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