JOANNA – “RECADO” (“MEU NAMORADO”)

É provável que boa parte dos poucos e estimados leitores deste modesto blog não tenha ouvido falar da palavra “limerência”. Afinal, trata-se de uma palavra relativamente nova. Ela apareceu pela primeira vez em 1979, no livro “Love and Limerence: The Experience of Being in Love”. Em português, “Amor e Limerência: A Experiência de Estar Apaixonado”.

Segundo os dicionários, limerência é um estado cognitivo e emocional involuntário que resulta de um desejo romântico por outra pessoa, combinado por uma intensa, avassaladora e obsessiva necessidade de se ter o sentimento correspondido. É a chamada doença do amor.

Eu, por exemplo, tenho um amigo que, durante uns três ou quatro anos, “namorou” uma moça – a Terezinha – sem que ela soubesse. Acho, porém, que o caso do meu amigo se amolda mais a um amor platônico, pois ele tinha consciência de que a Terezinha estava fora do seu alcance e se contentava em passar todos os dias na frente da casa da amada, na Rua Oito.

Na série mexicana que estou assistindo – “Señora Acero” – temos, acho, um caso de limerência. O rico e poderoso traficante Teca Martinez mantém, desde a adolescência, uma paixão obsessiva pela Sara Aguilar, a senhora Acero, a ponto de mandar matar os dois primeiros maridos dela. Considerando que a série tem cinco temporadas e eu estou na segunda, é possível que a Sara ainda vá ficar viúva outras vezes,  

Na música, um exemplo bem menos trágico de limerência estaria, segundo os entendidos, na canção “Recado”, ou “Meu Namorado”, composta pelo Renato Teixeira e lançada pela Joanna em 1984. Na letra, uma moça pensa que namora um rapaz que, possivelmente, nem se dá conta de que ela existe. O fato de a moça ter que recorrer a anúncios em jornais para mandar recados ao “namorado”, dá a entender que ela procurava obsessivamente ser correspondida.

Assim como “Nos Bailes da Vida”, que foi composta por Milton Nascimento e Fernando Brant especialmente para Joanna, “Recado” também foi composta para ela, sob encomenda. Renato Teixeira, o autor, conta que voltava pra casa com o rádio do carro ligado, quando começou a tocar “Eu Te Amo”, do Chico Buarque, com a Joanna.

Chegando em casa, por uma incrível coincidência, ele recebeu um telefonema da própria Joanna, pedindo-lhe que fizesse uma música para seu próximo disco. Assim nasceu “Recado”, que foi o maior sucesso do disco de 1984 e se tornou um divisor de águas na carreira de Joanna.

Joanna, por sinal, não se chama Joanna. Batizada com o nome de Maria de Fátima Gomes Nogueira, foi ela quem escolheu o nome artístico. Seu produtor deu-lhe três opções: Joana, Mariana ou Juliana. Ela preferiu Joana, mas para diferenciar de outras joanas, acrescentou um “n”.

No vídeo, Joanna com dois “enes”, interpreta “Recado” (“Meu Namorado”):

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