MARIA BETHÂNIA – “NON, JE NE REGRETTE RIEN”

Maria Bethânia, a nossa Abelha Rainha, talvez seja a cantora de MPB que mais valoriza a língua portuguesa. Ao longo de 55 anos de carreira – iniciada em 1965, quando ela chegou ao Rio de Janeiro para substituir Nara Leão no espetáculo Opinião – é possível contar nos dedos de uma só mão as músicas que ela gravou em outras línguas.

Em inglês, por exemplo, ela gravou apenas uma: “Whats New”, do disco “A Tua Presença…”, de 1971. E, que eu me lembre, gravou duas em castelhano: “Pecado”, no disco “Pássaro Proibido”, de 1976, e a célebre canção cubana “Guantanamera”, do show “Noite Luzidia”, de 2013.

E mais recentemente, ela incluiu no show “Abraçar e Agradecer”, transformado em CD e DVD, a icônica canção francesa “Non, Je Ne Regrette Rien”, composta em 1956 e gravada pela primeira vez em 1960, por Edith Piaf.

Nesta semana, essa canção foi muito lembrada, depois que o ex-juiz Sérgio Moro a citou para garantir, em entrevista, “que não se arrepende de nada”. Moro mudou o nome da cantora para Edith Piá, o que virou motivo de brincadeira nas redes sociais.

“Non, Je Ne Regrette Rien” foi uma das últimas gravações de Edith Piaf, que já estava bastante debilitada quando a cantou pela primeira vez. A música se tornou a balada mais famosa de Edith e é tida como sua canção-testamento, embora não tivesse sido composta por ela.

Abatida por um câncer, Edith mal conseguia se colocar de pé sozinha em seus últimos shows. Ela morreu em 1963, aos 47 anos, mas com aparência de 70, enrugada e frágil por conta não apenas do câncer, mas também de muita infelicidade e de um reumatismo que lhe exigia muita morfina.

A cena final do filme “Piaf – Um Hino ao Amor”, que pode ser vista aqui, nos dá uma ideia de como foram difíceis os últimos anos da cantora. No filme, Edith é maravilhosamente interpretada pela francesa Marion Cotillard, cuja atuação lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, em 2008.

No vídeo, “Non, Je Ne Regrette Rien” é interpretada por Maria Bethânia. Reparem que em meio à música, ela declama um texto muito bonito, mas dessa vez não se trata de nenhum poema de Fernando Pessoa ou de um de seus heterônimos, que Bethânia gosta de incluir em meio às canções que canta. O texto é a tradução da música de Piaf, ou, como diria o Moro, da Piá.

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