MARTINHO DA VILA – “TOM MAIOR”

Em 1966, inspirado na gravidez de sua primeira mulher, Anália Mendonça, o cantor, compositor e escritor Martinho da Vila compôs o samba “Tom Maior”, que seria gravado três anos depois, em 1969, no seu primeiro LP.

Na música, Martinho fala da expectativa de um filho que estava por vir e da sua esperança de que o herdeiro – na verdade, uma herdeira, mas ele ainda não sabia – viveria em um Brasil melhor, onde seria um homem de bem, que amaria a liberdade e só cantaria em tom maior.

Mas, por que em tom maior? É simples: em geral, as músicas compostas em escala maior, ou seja, em tom maior, são consideradas mais felizes. De outro lado, as canções em tom menor são, normalmente, tristes, embora haja exceções.

Dois exemplos clássicos são a alegre “Marcha Nupcial”, de Mendelssohn, composta em dó maior para animar casamentos, e a tristíssima “Marcha Fúnebre”, de Chopin, escrita em si bemol menor.

Na música popular, a melancólica “Contrato de Separação”, que arrancou lágrimas de Nana Caymmi, e a sofrida “Atrás da Porta”, que fez Elis Regina chorar, foram compostas em tons menores – sol menor e mi menor, respectivamente.

Em “Qualquer Canção”, uma linda e tristonha música do Chico Buarque, que a Leila Pinheiro canta divinamente, o compositor, não por acaso, diz que “é melhor sofrer em dó menor / do que você sofrer calado”.

Assim, quando Martinho da Vila diz, esperançoso, que seu filho só vai cantar em tom maior, ele estava desejando que o herdeiro fosse feliz e vivesse em um país melhor do que o Brasil de 1966. Infelizmente, o país não melhorou muito e, governado por um psicopata, vive um momento cuja trilha sonora é toda em tom menor.

No vídeo, Martinho da Vilela dedica “Tom Maior” a todas as mamães:

2 comentários

  • Anônimo

    Baú migalheiro

    Em 11 de maio de 1939, há 82 anos, nasceu, no Rio de Janeiro, Carlos Eduardo Lyra Barbosa, mais conhecido como Carlos Lyra, cantor, compositor e violonista da bossa nova. Entre suas composições mais famosas estão “Maria Ninguém”, “Minha Namorada” e “Ciúme”. Em sua carreira musical, participou da primeira geração da Bossa Nova ao lado de Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Durante o regime militar, Lyra optou pelo autoexílio. Em seu retorno ao Brasil, produziu Herói do Medo, um disco de letras propositalmente dúbias, que tentavam lembrar que, enquanto a multidão driblava a consciência com os gols da seleção e os capítulos da novela na TV, gente era torturada e morta na luta pela democracia. Esse disco foi censurado, e Lyra partiu para um novo autoexílio. Atualmente, para gáudio pátrio, vive no Rio. “Podem me chamar e me pedir e me rogar…”

    Lembrei de ti, Valdir Cardoso.
    Abraços

    Fonte:

    https://www.migalhas.com.br/pilulas/345117/bau-migalheiro?U=6FF750A8_F74&utm_source=informativo&utm_medium=1677&utm_campaign=1677

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *