PAULA TOLLER – “E O MUNDO NÃO SE ACABOU”

Para nosso alívio, a profecia Maia de que o mundo se acabaria na sexta-feira, 21/12, não se confirmou. Aliás, desde que me conheço por gente, ouço falar de previsões sobre o fim do mundo. No século passado, os crentes garantiam: “de 1.000 passará; a 2.000 não chegará”. Chegamos.

Na verdade, desde que o mundo foi inventado, fala-se que um dia ele explodirá. Em 1910, por exemplo, a passagem do cometa Halley deixou muita gente com os cabelos em pé. Os crentes – sempre eles – garantiam que seria o fim do mundo. Os charlatães – sim, eles também já existiam – ganharam dinheiro vendendo máscaras de gás, garrafas de oxigênio e até comprimidos milagrosos que protegeriam os terráqueos ingênuos do feroz cometa.

Em 1936, o fim do mundo inspirou o samba “E o Mundo Não Se Acabou”,  do compositor Assis Valente, nascido, assim como Caetano, em Santo Amaro da Purificação. Assis Valente era uma figura ímpar. Baiano, construiu uma obra musical impregnada da malícia carioca. Fazia músicas alegres, mas, contraditoriamente, era um homem atormentado pela ideia fixa do suicídio.

Ele até se casou, talvez para – como fazem muitos, nos dias atuais – tentar  dissimular uma homossexualidade mal resolvida, mas o casamento, como era de se esperar, não durou muito. Veio, então, a primeira tentativa de deixar este mundo cão. Assis, que morava no Rio de Janeiro, atirou-se do Corcovado, mas – azar ou sorte? – enroscou-se em uma árvore da encosta e foi salvo pelos bombeiros.

Em outra ocasião, ele cortou os pulsos, mas foi apenas mais uma tentativa frustrada. Em 1958, três meses antes de ganharmos nossa primeira Copa do Mundo e alguns dias antes de Assis completar 47 anos, o mundo se acabou para ele. Após ingerir uma razoável dose de formicida com guaraná, o baiano, finalmente, alcançou o objetivo de subir ao andar de cima.

Assis Valente poderia chamar-se, se quisesse, Assis Polivalente, pois transitava, com maestria, por vários estilos musicais. Ele compôs  de  marchinhas carnavalescas a músicas juninas. Na seara natalina, compôs “Boas Festas” (…eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel…), o maior e mais perene clássico natalino criado no Brasil.

“E o Mundo Não Se Acabou” foi gravado pela primeira vez em 1938, pela cantora Marlene, e, depois disso, mereceu várias releituras de artistas como Carmem Miranda, Isaura Garcia, Eliete Negreiros, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhoto, Marília Medaglia, entre outros. A versão abaixo é a da Paula Toller. Reparem que, em certo trecho, ela deu uma pequena atualizada na letra e, ao invés de pegar na mão de um desconhecido, pegou em outra parte:

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1 comentário

  • Será que existe ainda homossexuais casando pra disfarçar sua condição sexual?Eu até pensava nessa possibilidade quando era bem jovem,final dos anos 70 e início dos 80,que horror.Eu e minha transparência,meu computador funciona como Divã.

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