QUEM SABE FAZ A HORA: GERALDO VANDRÉ É APLAUDIDO DE PÉ EM RETORNO AOS PALCOS

Por conta de suas canções nacionalistas, Geraldo Vandré (nome verdadeiro: Geraldo Pedrosa de Araújo Dias) foi um dos alvos preferidos da ditadura militar, mas, ao contrário do que diz a lenda, ele não foi torturado e nem ficou louco. Apenas desapareceu por conta própria e virou um enigma.

Depois do auto exílio em países como Chile e França, onde, em 1970, gravou seu último disco, ele voltou ao Brasil em 1973, mas, dono de temperamento arredio, preferiu permanecer exilado em seu próprio país.

É sintomático que Vandré – um herói da resistência com a marcha “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” – tenha decidido reaparecer em tempos tão estranhos, quando resistir é preciso. E o final do vídeo acima nos mostra que o povo da Paraíba continua resistindo.

A notícia é do portal Parlamento PB:

O cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré foi aplaudido de pé na noite de hoje na Sala de Concertos Maestro José Siqueira na primeira de duas apresentações que marcaram o fim do silêncio de 50 anos fora dos palcos.

O último show do paraibano, considerado hoje “mito da MPB”, aconteceu em dezembro de 1968 – um dia antes da publicação do Ato Institucional nº5 (AI-5), que acabou o exilando no Chile. Advogado, poeta e violonista brasileiro, Vandré é um dos nomes mais célebres da música popular brasileira. Seu sobrenome artístico é uma abreviação do sobrenome do seu pai, o otorrino José Vandregíselo.

Para as duas apresentações (de quinta e sexta) os mil ingressos disponibilizados se esgotarem em cerca de 15 minutos. “O primeiro da fila chegou ainda na madrugada”, ressaltou o secretário de Cultura de João Pessoa(PB), Lau Siquiera. Foram limitadas duas entradas por pessoa, para que o maior número de espectadores possível fosse contemplado.

Em um coletiva de imprensa na quarta-feira (21), Vandré afirmou não ter pretensão de fazer outras apresentações em público, ainda que se fosse um show pago. “Canto aqui porque é a Paraíba”, afirmou o homenageado das duas noites.

1 comentário

  • Geraldo Vandré e seu exílio artístico é um enigma que ainda não foi decifrado,uns falam até em esquizofrenia,sei lá.Eu só acho que além da repressão política,ele também foi vítima de seu radicalismo-estético.Se tivesse feito parte do projeto-tropicalista (para o qual foi convidado e reagiu com violência),o compositor teria arejado o seu repertório,assim como fez Gilberto Gil que até então fazia uma música tão regionalista e engajada no social quanto o Vandré.As vezes é melhor se abrir para o novo do que insistir em uma fórmula que de certa forma já estava cansando.

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