TERESA CRISTINA – “TRÊS APITOS”

Dias desses, com o radinho ligado em uma emissora local, ouvi um locutor anunciar as lives do dia. Entre as várias lives programadas para aquele dia, estava a da Teresa Cristina. O detalhe é que o locutor e seu companheiro de microfone confessaram não saber quem era, afinal, essa tal de Teresa Cristina.

Em janeiro de 2011, quando inaugurei este modesto blog, o primeiro vídeo musical que postei por aqui, foi da Teresa Cristina cantando “Um Calo de Estimação”. De lá para cá, já postei outros vídeos da Teresa, o último deles no mês passado. Do mesmo modo, quase todos os domingos eu toco a Teresa Cristina no programa que apresento na Regional FM, o Brasil & Cia.

Teresa é uma sambista respeitadíssima no meio musical. Na semana passada, foi alvo de extensa matéria no UOL, com foco no sucesso de suas lives diárias. Nesta semana, a Veja publicou em seu portal, uma matéria cujo título era “Teresa Cristina, a rainha das lives”. Reproduzo, para que vocês tenham uma ideia do prestígio da moça, o início da matéria:

“A sambista carioca Teresa Cristina, 52 anos, protagonizou uma missão difícil nesta pandemia: destacar-se em meio a um número incalculável de lives. Sua proeminência neste campo não é apenas medida pela quantidade de seguidores fieis (já passam de 320.000 no Instagram), que batem ponto em suas transmissões ao vivo com rara assiduidade, mas também por presenças ilustres na plateia virtual: Caetano Veloso, Chico Buarque, Alceu Valença, Gilberto Gil e Marisa Monte são apenas algumas delas. Às vezes, aparecem sem avisar, surpreendendo o público e a própria cantora”.

Também nesta semana, o G1 dedicou matéria a Teresa Cristina, por conta do novo CD que ela lançou na segunda-feira, 20. O assunto era o CD, mas lá pelas tantas o articulista menciona a visibilidade alcançada por Teresa com a “aclamada série de lives noturnas que tem feito diariamente desde o início do período de isolamento social”.

O CD se chama “Teresa Cristina canta Noel Rosa, Ao Vivo”, resultado de gravações feitas durante o show “Batuque é um Privilégio”, totalmente dedicado à obra do poeta de Vila Isabel, onde ela canta acompanhada apenas pelo violão de Carlinhos 7 Cordas. Uma das músicas do CD é a conhecidíssima “Três Apitos”, que Noel fez para uma tímida operária chamada Josefina, por quem ele se apaixonou.

Apesar de a música mencionar apenas um apito, o título está correto, pois a fábrica de tecidos onde ela trabalhava, chamada “Confiança”, tocava, realmente, três apitos. O primeiro apito avisava que estava quase na hora de os operários entrarem. O segundo, 15 minutos depois, marcava a abertura dos portões. E quinze minutos depois vinha o terceiro e, a partir dele, ninguém mais podia entrar.

O detalhe curioso é que Noel não gostava de “Três Apitos”, tanto que ele nunca a gravou. Ele achava a melodia repetitiva e a letra pouco inspirada. Mesmo assim, ele mostrou a música para Aracy de Almeida, mas pediu que a amiga não a gravasse.

Aracy só gravou “Três Apitos” quase 13 anos depois da morte de Noel (ele morreu em 1937, aos 27 anos, de tuberculose). Noel já não estava neste mundo para ver que a música que ele achava feia fez sucesso e se transformou em uma das suas obras imortais.

Para os que conhecem e também os que não conhecem, Teresa Cristina:

1 comentário

  • Joselita

    As lives diárias de Teresa Cristina tem sido um aprendizado para quem gosta de música brasileira, descobertas de talentos brasileiros desconhecidos e conforto para os dias difíceis que estamos atravessando.Recomendo.

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