“Prá Dizer Adeus” é, sem dúvida, uma das obras primas da MPB. Tom Jobim – que considerava Edu Lobo um de seus filhos musicais – a incluiu em uma lista das “dez músicas imperdíveis”. Tanto que o próprio Tom a regravou em 1981.
Composta por Edu (melodia) e Torquato Neto (letra), “Pra Dizer Adeus” foi lançada em 1966 por Maria Bethânia, num bolachão em que ela cantava também “Andança” (junto com Edu), e que eu quase furei de tanto botar para rodar no meu velho Grundig.
O escritor piauiense Torquato Neto, o autor da letra, foi um dos fundadores do movimento Tropicália. Amigo de Caetano, Gil, Bethânia, Nara Leão e outros grandes nomes da cultura brasileira, ele se destacava pela irreverência e rebeldia.
De tão rebelde que era, resolveu dizer adeus a esse mundo cruel um dia após completar 28 anos, em 1972. Depois de voltar de uma festa, trancou-se no banheiro e abriu o gás. Foi encontrado na manhã seguinte pela empregada da família.
Antes de abrir o gás, ele escreveu um bilhete, sem muitas vírgulas. Ei-lo:
“FICO. Não consigo acompanhar a marcha do progresso de minha mulher ou sou uma grande múmia que só pensa em múmias mesmo vivas e lindas feito a minha mulher na sua louca disparada para o progresso. Tenho saudades como os cariocas do tempo em que eu me sentia e achava que era um guia de cegos. Depois começaram a ver, e, enquanto me contorcia de dores, o cacho de banana caía. De modo Q FICO sossegado por aqui mesmo enquanto dure. Ana é uma SANTA de véu e grinalda com um palhaço empacotado ao lado. Não acredito em amor de múmias, e é por isso que eu FICO e vou ficando por causa deste amor. Pra mim chega! Vocês aí, peço o favor de não sacudirem demais o Thiago. Ele pode acordar”.
Thiago era o filho, àquela altura com dois anos de idade. Voltemos, porém, a “Pra Dizer Adeus”. Além de Bethânia e Tom Jobim, muitos outros artistas a gravaram, entre eles Elis Regina, Nana Caymmi (duas vezes) e Roberta Sá. Bethânia voltou a gravá-la em 2014 e, mais recentemente, foi a vez de Zizi Possi fazer sua releitura, com participação do Edu.
É o vídeo em que Zizi e Edu cantam juntos, no show “Cantos e Contos”, que pode ser visto abaixo:
Eu conheci essa música na voz soberana de Elis Regina,além de ser uma das mais tristes,já prenunciava a morte do poeta:”Adeus,vou pra não voltar,e onde quer que eu vá,sei que vou sozinho”.
A vida e morte-precoce de Torquato Neto inspirou Caetano Veloso numa das canções mais bonitas da MPB,”Cajuína”: ( Existirmos,a que será que se destina?).É o mestre Caetano filosofando.
‘Prá dizer adeus’ é uma das canções mais tragicamente lindas que eu já ouvi!! Gênio musical de Edu Lobo e gênio poético de Torquato Neto. Outra canção inesquecível do Edu é a maravilhosa BEATRIZ !
Eu conheci essa música na voz soberana de Elis Regina,além de ser uma das mais tristes,já prenunciava a morte do poeta:”Adeus,vou pra não voltar,e onde quer que eu vá,sei que vou sozinho”.
A vida e morte-precoce de Torquato Neto inspirou Caetano Veloso numa das canções mais bonitas da MPB,”Cajuína”: ( Existirmos,a que será que se destina?).É o mestre Caetano filosofando.
Quanto a Edu Lobo,é sem dúvida um dos compositores mais refinados da nossa música,na linha de Villa Lobos e Tom Jobim.
‘Prá dizer adeus’ é uma das canções mais tragicamente lindas que eu já ouvi!! Gênio musical de Edu Lobo e gênio poético de Torquato Neto. Outra canção inesquecível do Edu é a maravilhosa BEATRIZ !