Em sessão da Câmara realizada ontem, 23, os vereadores de Fernandópolis, que não são bobos, rejeitaram o projeto de lei de autoria dos nobres colegas João Pedro Siqueira(PTB) e Aparecido Moreira da Silva(PR), que previa a redução dos salários dos parlamentares fernandopolenses de R$ 6,3 mil para três salários mínimos (R$ 2,8 mil).
Se tivesse sido aprovado, o projeto valeria apenas a partir de 2021, quando os novos vereadores, eleitos em 2020, assumissem suas cadeiras. De qualquer forma, com dez votos contrários e apenas dois favoráveis – provavelmente dos autores – a proposta foi remetida ao arquivo morto.
O povo – apesar de convocado – não compareceu à Câmara para acompanhar votação. Um policial aposentado, o Cabo Santos, bem que tentou arregimentar simpatizantes da proposta para irem à Câmara pressionar os vereadores, mas conseguiu reunir apenas alguns gatos pingados (foto ao lado) que, sem uma faixa ou um cartaz sequer, se limitaram a acompanhar as discussões.
Inconformado com a falta de apoio da população para seu projeto, o vereador João Pedro desabafou: “a culpa de os políticos serem corruptos é do próprio povo e dos eleitores que trocam o voto por um saco de arroz, um emprego ou um litro de gasolina”.
João Pedro não foi o único a desabafar. O Cabo Santos, que é fundador do Movimento pela Ética na Política de Fernandópolis e pré-candidato a deputado – eu bem que desconfiava! – também verbalizou sua oportuna indignação: “esses vereadores que votaram contra são traidores do povo”. Mas, onde afinal estava o povo?
O povo está mais preocupado com o seu salário de fome e suas preocupações cotidianas,as questões mais relevantes da política só interessam à minoria letrada.
O povo está mais preocupado com o seu salário de fome e suas preocupações cotidianas,as questões mais relevantes da política só interessam à minoria letrada.