Blog do Cardosinho

Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que não tenho nada a ver com as eleições de Dirce Reis e Urânia, onde dois famigerados institutos – ambos de Presidente Prudente, envolvidos em escândalos ligados a pesquisas fraudulentas – andaram divulgando alguns levantamentos sobre intenções de votos.

O que me incomoda é constatar que, apesar de tantas mudanças na legislação eleitoral, ainda exista espaço para velhas práticas e para institutos suspeitos que, em época eleitoral, sobrevivem de vender pesquisas ao gosto do freguês. Por isso – e apenas por isso – me vejo na obrigação de, ao menos, tentar levar alguma informação que contribua para que eleitores não se deixem influenciar por fatores externos.

Vejamos o caso do Instituto Quality, que acaba de divulgar pesquisa realizada em Urânia. Tudo indica que o Quality seja mais uma empresa do afamado Araújo, sobre quem já falei aqui no blog. O Instituto mal começou suas atividades e já está metido em encrencas. Vejam trecho de uma notícia divulgada por um blog de Pirassununga:

No final da tarde de quinta-feira, 29, a Dra. Flávia Pires de Oliveira, Juíza Eleitoral da 96ª zona Eleitoral, Dra. Flávia Pires de Oliveira divulgou a suspensão da divulgação da Pesquisa Eleitoral registrada sob o nº. SP- 02552/2016, realizada pela empresa Quality Pesquisas e Assessoria Empresarial Eireli – ME/Quality Pesquisas, sob pena de multa de R$ 80 mil para a hipótese de descumprimento. A pesquisa cuida da intenção de voto em Pirassununga, para o cargo de Prefeito, nas Eleições Municipais de 2016.

E agora, confiram um trecho da decisão da juíza Flávia:

O Ministério Público Eleitoral apresenta representação para impugnação de pesquisa eleitoral realizada pela empresa Quality Pesquisas e Assessoria Empresarial Eireli – MEA, requerendo, em antecipação de tutela, a suspensão da pesquisa eleitoral registrada sob o nº SP-02552/2016.

Isso porque a pesquisa não atenderia aos critérios técnicos e científicos para sua realização, bem como não possuiria informações hábeis a permitir a conferência dos dados coletados.

Ademais, haveria diversos indícios acerca da idoneidade da representada, a saber: foi constituída em 19 de setembro de 2016; ausência de registro formal perante o Conselho Regional de Estatística da 03ª Região; possuir sócio sem qualquer experiência na área; possuir único estatístico, todavia, registrou, entre 22 e 23 de setembro de 2016, 46 pesquisas eleitorais em vários municípios paulistas e sul mato-grossenses; não teria capacidade econômica para arcar com o trabalho; é sediada em São Paulo, mas o número de telefone móvel e o endereço de comunicação eletrônica, “e-mail”, são atribuídos à área de Presidente Prudente/SP.

Presidente Prudente? Vejam só que coincidência… O caso de Pirassununga não é, no entanto, o único. Em Marília, a Justiça Eleitoral proibiu os jornais de divulgarem pesquisa do Quality. Vejam a notícia aqui. 

Levantamento feito pelo blog no portal do TSE mostra que a empresa registrou pesquisas em várias cidades da região: Urânia, Dirce Reis, Santa Albertina, Santa Fé do Sul, Fernandópolis, Rubinéia, Três Fronteiras, Santa Clara D’Oeste, Santana da Ponte Pensa e Ouroeste.