O VÍDEO MENTIROSO SOBRE CHICO BUARQUE

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Ontem, dois amigos me mostraram um vídeo que circula no WhatsApp, onde o compositor Chico Buarque supostamente confessa que compra músicas de outros compositores.

Ou seja, depois de ser apontado por um boato virtual como sendo o pai do falecido ex-governador Eduardo Campos, Chico agora é “acusado” de não ser o pai de suas próprias canções. Vejamos o que diz o site Impressões Digitais sobre esse assunto:

Noutro dia, minha querida amiga Dadi Mascarenhas me mostrou, via Facebook, uma notícia sobre um suposto atentado durante uma manifestação pró-Impeachment. Um grupo de esquerda teria incendiado um automóvel com uma família dentro só porque o carro tinha um adesivo contra o governo. A notícia era de um falso site noticioso chamado A Folha do Brasil e mostrava, inclusive, uma foto do carro em chamas.

boatoNo texto, detalhes sórdidos como o que narrava o apelo do pai para que ao menos a esposa e o filho fossem poupados. Pura balela, mas, infelizmente, uma balela retransmitida por aqueles que achavam que se tratava de um fato real. Ou pelos que mal intencionadamente decidiram fazê-lo, mesmo sabendo que era uma notícia falsa.

Numa breve busca na Internet encontrei uma notícia que pode ter sido a fonte “inspiradora” dos boateiros. No dia 11 de março três pessoas morreram, em Sergipe, depois que um caminhão bateu em 11 carros parados na BR-101 devido a um ato do MST. Sete carros pegaram fogo e três vítimas, um homem, uma mulher e uma criança morreram carbonizadas. A foto também não foi difícil de localizar. Trata-se de um carro incendiado em um dos protestos de 2013, ao lado do prédio da Assembleia Legislativa do Rio.

chico-buarque-lulaBoatos virtuais são cada vez mais comuns. Vejam o que aconteceu com Chico Buarque de Hollanda. Alguém fez uma edição do DVD Desconstrução no qual Chico, por conta da faixa “Ahmed- a máfia da composição” brinca dizendo que não compõe e sim compra as músicas que grava. A montagem deu um falso contexto às falas com o intuito de denegrir o cantor, que apoia abertamente o governo. E o pior é que muita gente acreditou e compartilhou.

Assim como foi muito compartilhada a informação de que a ministra do STF Rosa Weber seria prima da esposa de Aécio Neves e que por isso estaria eticamente impedida de se envolver nas votações sobre o Impeachment. A postagem também dizia que o filho dela trabalharia na Rede Globo. Duas informações falsas.

O bang-bang virtual promovido pela crise que vivemos ajuda a propagar um péssimo hábito, o da falta de uso do “desconfiômetro”. Muita gente compartilha postagens sem ao menos ler sobre o que se trata. Se a manchete é a favor de suas convicções dão um clique e, pronto, o post segue sua trilha Internet adentro. Outros até leem, mas não checam. Acreditam piamente. Não importa se aquilo atenta contra a honra de alguém ou se alimenta ódios. E não pode ser assim. Toda notícia tem uma fonte e com o acesso a uma ferramenta de busca básica como o Google é muito simples checar de onde partiu aquela informação.

Pra encerrar: a Folha de S.Paulo publicou, em abril de 2006, matéria sobre a brincadeira de Chico, que pode ser lida aqui.

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