REINALDO AZEVEDO PROVOU DO PRÓPRIO VENENO

rotnaldo-reinaldo rotweiller

De ontem pra cá, vários textos foram publicados sobre o caso do rottweiller da Veja, Reinaldo Azevedo, agora ex-Veja. Abaixo, a opinião do jornalista Joaquim Carvalho, do Diário do Centro do Mundo:

A Procuradoria Geral da República informou que não utilizou para fins processuais a conversa entre Reinaldo Azevedo e sua fonte, Andrea Neves, mas é inegável que a conversa, sendo verídica, foi vazada, seja por um procurador ou por alguém da Polícia Federal.

É grave, porque o vazamento, neste caso, constitui crime.

Quando os vazamentos prejudicavam Lula, o PT e seus aliados, nenhuma voz se levantou na chamada grande imprensa – ou velha imprensa — para denunciar o caráter ilegal do ato.

Reinaldo Azevedo, por exemplo, defendeu o juiz Sérgio Moro quando ele vazou para o Jornal Nacional a conversa privada entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, esta fora da jurisdição do juiz e não investigada.

Na nota “Dilma Rousseff quer prender Sérgio Moro, e eu quero prender Dilma Rousseff”, Reinaldo Azevedo escreveu:

“Dilma não foi grampeada. Grampeados foram outros entes e pessoas que estão sob investigação. O problema é que eles todos estavam em linha direta com a presidente da República. (…) Não se tratou de escuta ilegal, mas legalmente determinada. A quebra do sigilo dessas mensagens, dado o contexto, é plenamente justificada.”

Plenamente justificada… Uau!

Reinaldo Azevedo não estava sendo investigado, mas Andrea Neves estava.

Portanto, pelo critério de Reinaldo Azevedo, se a quebra do sigilo valeu para Dilma, valeria também para ele.

O problema não seria o grampo, nem o vazamento do grampo, mas o fato de que ele mantinha uma linha direta com a irmã de Aécio, apontada como operadora de caixa 2 do senador, hoje presidiária.

Mas não.

O que não valeu para Dilma não vale para Reinaldo Azevedo.

Simples assim.

Há coisas na vida que não podem ser relativizadas.

Os princípios da democracia, por exemplo, entre os quais a tolerância e a convivência com quem pensa diferente.

Reinaldo Azevedo costuma falar mais sobre esses princípios do que praticá-los.

Quando Reinaldo Azevedo chegou à rádio Jovem Pan, a redação tremeu.

Muitos já conheciam sua fama de queimar jornalistas que não pensavam exatamente como ele.

Carlos Belmonte, chefe de reportagem da Jovem Pan, reconhecido pela competência, caiu em desgraça depois que, numa mesa redonda, ousou dizer — já naquela época, início de 2015 –, que a Lava Jato trabalhava com dois pesos e duas medidas.

Moro seria o Torquemada com os petistas e franciscano com os tucanos.

Logo depois Belmonte foi demitido, depois de mais de 20 anos de emissora.

Não saiu de cabeça baixa, como escreveu no Facebook.

Agradeceu aos colegas e fez considerações sobre Reinaldo Azevedo, a quem atribuiu sua demissão:

“Desprezo a escola Reinaldo Azevedo, ou melhor, desprezo Reinaldo Azevedo. Pobre de espírito quem se rendeu a ele. Sou jornalista e saio da Jovem Pan de cabeça erguida, podendo olhar nos olhos de cada profissional. Triste de quem tem que abaixar os olhos quando me vê. Um abraço e é vida que segue”.

Ao dizer que havia gente que abaixava os olhos quando o via, Belmonte cutucou a ferida: Reinaldo Azevedo não apenas cobrou a cabeça dele como começou a dizer que ele era de esquerda, petista e que, portanto, não era digno de ocupar uma vaga na emissora nem da amizade dos jornalistas.

Era comum Reinaldo Azevedo se referir a jornalistas que não pensavam exatamente como ele dessa forma: “petistas”.

De uns tempos para cá, ser chamado de petista se tornou um problema nas redações.

Não que haja petistas na redação, mas qualquer jornalista que é crítico e não segue a cartilha dos chefes – em geral de direita — são tratados assim: “petistas”.

O significado é mais ou menos o mesmo que o de comunista na década de 60, ou seja, comedor de criancinha, inimigo da família, depravado, anticlerical, ladrão.

Não é preciso muito esforço para ver que é preconceito.

A diferença é que, naquela época, ser de esquerda não era a senha para perder emprego.

Hoje é.

Reinaldo Azevedo ajudou a semear o ódio. Nas redações e fora delas.

Independentemente disso, quem atentou contra Reinaldo Azevedo merece punição.

Não por ele, mas por nós.

A serpente gestada naqueles dias se alimenta da liberdade e do direito de todos.

O mínimo que devemos fazer é denunciá-la.

4 comentários

  • Beto

    Eu não gosto do Reinaldo Azevedo e muito menos da revista “Veja”. Dito isso, a lei está aí pra quem quiser ler:

    O artigo 5º inciso XIV da Constituição Brasileira diz que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Este direito também está garantido no caso de busca e apreensão de material de trabalho [gravador, agenda, computador, etc.].

    O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, em seu artigo. 5º, diz que “é direito do jornalista resguardar o sigilo da fonte”. Também que é dever do jornalista “não colocar em risco a integridade das fontes e dos profissionais com quem trabalha”.

  • Fern@ndinho

    Quanto mais alto o pedestal, maior o tombo!
    Fato absolutamente esperado, vindo dessa ameba, que se acha um semi deus…
    Criou muitos inimigos, dentro dos colegas de trabalho; quem dirá de terceiros.
    Agora colhe os frutos do plantio realizado!

  • Jaleense

    também saiu da rádio jovem pan e seu programa foi extinto (pingos nos is = tils nos cifrões)… já havia se envolvido em questões nebulosas quando sua parceira de bancada mona dorf teve seu nome envolvido no escândalo do hsbc com contas não declaradas no exterior… em governos de direita é sensato ouvir jornalistas de esquerda e vice versa, creio ser a maneira mais eficaz de se saber as verdades… ele perdeu o sentido no atual cenário… jornalismo chapa branca de direita, sempre atendendo os interesses do patrão… o ardiloso tutinha percebeu que ele já havia cumprido seu papel atraindo anunciantes de peso e afastando da redação os jornalistas que estavam fora da linha…

  • O último post de Reinaldo Azevedo na Veja começa com ele dizendo que Andrea e Aécio Neves são seus informantes – Sabendo disso tudo se encaixa.Tudo certo como dois e dois são quatro.

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