REGIÃO PERDERÁ MÉDICOS CUBANOS. SECRETÁRIOS DE SAÚDE LAMENTAM

O jornal Diário da Região publicou, ontem, matéria onde diz que pelo menos 13 médicos cubanos que atuam em sete cidades da região de Rio Preto deverão se afastar dos atendimentos da atenção básica depois que o governo de Cuba – em resposta a ataques do presidente eleito, Jair Bolsonaro – decidiu encerrar o convênio com o programa “Mais Médicos”.

A conta do Diário da Região deixa de fora algumas cidades, como é o caso de São Francisco, onde a médica cubana Dania Gómez Cabrera utiliza uma bicicleta para visitar os pacientes do Programa Saúde da Família. Dania poderá continuar morando no Brasil, pois se casou com um brasileiro – tenho cá minhas dúvidas sobre se ela se casou bem! – mas só poderá continuar exercendo a medicina se for aprovada no Revalida.

Segundo a matéria, Olímpia poderá ser a cidade mais prejudicada pelas bravatas de Bolsonaro e seus pimpolhos. A cidade conta com cinco médicos cubanos  trabalhando no Programa Saúde da Família. Um desses profissionais, a médica Tatiana Lago, está há quatro anos em Olímpia. “Somos os médicos da família. Trabalhamos no postinho, visitamos quem está acamado, os idosos, acompanhamos o tratamento e a evolução de cada paciente”, explicou Tatiana ao jornal.

Sobre o “regime de escravidão” dos médicos – que não pagaram nada para estudar medicina e agora repassam boa parte do salário para o governo cubano – Tatiana deixa uma lição de patriotismo e gratidão que nós, brasileiros, dificilmente entenderemos. “O dinheiro que a gente aporta para o país ajuda a nossa família. Lá meu filho tem estudo, tem saúde e tudo de graça. Não vemos isso como negativo. É um contrato de trabalho”, disse a médica.

Ela lamenta o rompimento do contrato, mas diz que volta para Cuba. “Retorno para o meu consultório, volto a trabalhar com a população”, afirmou. Para o secretário de Saúde de Olímpia, Marcos Pagliuco, a população que depende da saúde pública perde com o fim do convênio. “Eles abraçaram o município como se fosse a casa deles. Se realmente isso ocorrer, acho que dificilmente vamos conseguir suprir essa lacuna”.

Nova Granada e Votuporanga também perdem profissionais – dois em cada município. A cidade de Tanabi, que conta com uma médica cubana, está na lista das cidades atingidas com o corte. “Com certeza fará falta”, afirmou a secretária de Saúde, Rosana Gonzales.

Cardoso também está na lista. “Tenho uma médica cubana aqui que está há um ano e meio. Ela é excelente. Entende de gestão, tem uma bagagem de muita experiência e se ela sair a população vai sentir muito”, disse a secretária de Saúde, Fermina Mendonça.

No Twitter, o presidente eleito considerou o convênio como exploração. “Atualmente, Cuba fica com a maior parte do salário dos médicos cubanos e restringe a liberdade desses profissionais e de seus familiares. Eles estão se retirando do Mais Médicos por não aceitarem rever esta situação absurda que viola direitos humanos. Lamentável!”, afirmou Bolsonaro.

Não é interessante? Bolsonaro – fã do coronel Brilhante Ustra, um torturador de brasileiros – preocupado com os direitos humanos dos cubanos?

O PROGRAMA

O programa Mais Médicos foi implementado no Brasil, em 2013, e seleciona médicos de acordo com a ordem de preferência: médicos com registro no Brasil (brasileiros ou estrangeiros com revalidação do diploma), médicos brasileiros formados no exterior e médicos estrangeiros formados fora do Brasil. Depois das primeiras chamadas, caso sobrem vagas, os médicos cubanos são convocados.

Quando o programa “Mais Médicos” começou, todas as principais cidades da região – Rio Preto, Mirassol, Tanabi, Votuporanga, Fernandópolis e Santa Fé do Sul – se inscreveram para receber médicos do programa. Jales, à época administrada pela ex-prefeita Nice Mistilides, foi a única exceção.

Fernandópolis, por exemplo, recebeu seis médicos cubanos em abril de 2014 (foto ao lado). Cidades menores, como Turmalina, Estrela D’Oeste,  Macedônia,  Mira Estrela e a já citada São Francisco também receberam médicos cubanos. Jales só aderiu ao “Mais Médicos” em 2016, já no governo Pedro Callado, mas recebeu um médico brasileiro.

O dado curioso é que uma das maiores defensoras do “Mais Médicos” é a jalesense Márcia Pinheiro, assessora técnica do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – Conasems – radicada em Brasília há vários anos.

Em agosto de 2016, ao participar de um Seminário promovido pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Márcia afirmou, em seu discurso, que prefeitos e secretários de saúde precisavam se mobilizar em defesa do “Mais Médicos”, que, na opinião dela foi um “extremo acerto”. Na época, a ameaça ao programa se chamava Michel Temer.

A ameaça apenas mudou de nome, de modo que o recado da Márcia continua valendo.

9 comentários

  • Temos mais médicos brasileiros

    Na reportagem do Jornal de Rio Preto parece que os médicos cubanos são melhores que os brasileiros
    Pelo salário de 12 mil reais, substituiremos os 13 médicos cubanos que deverão ir embora. Será?
    Na região temos medicos recem formados das muitas faculdades de medicina da regiao, para substituí-los

  • Junio

    PROGRAMA MAIS MÉDICOS SERVIA PRA MANDAR DINHEIRO PRA DITADURA CUBANA! OS MÉDICOS CUBANOS AQUI NO BRASIL TINHAM PESSIMAS CONDIÇÕES E OUTRA BOLSONARO ACEITA DAR EXÍLIO PROS MÉDICOS QUE QUEREM FUGIR DA DITADURA! TAMBEM NO GOVERNO BOLSONARO NOVOS MÉDICOS BRASILEIROS SERAO VALORIZADOS

  • É PETISTA.

    Algumas perguntas que ficam no ar, e que o blogueiro não divulga (não lhe interessa):
    Quantos bilhões o Brasil enviou para Cuba ?
    Quantos reais ficou para os médicos cubanos aqui no Brasil ?
    Quanto a São Francisco, porque o blogueiro dúvida, se a médica fez um bom casamento ?, o que o senhor tem há ver com isso, com que direito o senhor fala de FAMÍLIA ?,; se sou o interessado, mandaria um processo na sua cabecinha.
    Quanto a mesma andar de bicicleta, com certeza é porque o governo cubano lhe passa R$ 2 mil reais ao mês, diferente de qualquer médico iniciante em Jales que anda de carro zero.
    Algumas citações do bloqueiro é fantasia do mesmo, visto que o seu todo senhor ontem foi avacalhado pela juíza substituta do nosso salvador SENHOR Sérgio Moro, esta todo nervoso.
    Resumindo, vejam essas informações no UOL, porque o blogueiro só cita o que lhe interessa, claro.

  • Thiago

    Poxa, que pena, perder os escravos cubanos é lamentável, estou muito triste

  • Abraham Lincoln

    Eu lamento muito o fim da parceria cubana no programa mais médicos. Honestamente, não posso afirmar que me sentiria “seguro” tendo um tratamento dirigido por um médico cubano, afinal, não sei da procedência da graduação do profissional (não sei mesmo). Mas o fato é que muitos brasileiros se beneficiaram do trabalho desses profissionais. Até onde sei, o impasse está no fato de que o futuro presidente disse que pretende pagar integralmente os salários aos médicos (e não parte ao governo cubano) e obrigar que os profissionais façam o revalida, exame a que são submetidos os BRASILEIROS que estudam no exterior. Ora, não vejo razões para exigir de Brasileiros e dispensar de cubanos. Aliás, não foram os médicos que pediram para se desligarem do programa, foi o governo (que vai perder a boca) que anunciou o rompimento. Uma coisa é certa, vai chover ações judiciais por parte de médicos cubanos pedindo para continuar trabalhando no Brasil, argumentando que o tempo de profissão já exercido os legitimam para a prática da medicina. Aqui ainda é melhor que lá. Deu tempo.

  • Fern@ndinho

    Louvável o fato dos médicos cubanos, levarem atendimento a população carente, que tanto necessita de assistencia médica por parte do estado, mas sempre, recebe o pior tratamento possível, devido as condições precárias de trabalho!
    Lamentável a situação financeira dos médicos cubanos, que de forma compulsória, têm grande parte de seus rendimentos, enviados a governo cubano!
    Eles terão o direito a pedir asilo político! Cabe a eles, escolher o que melhor lhes interessar.
    Absurdo é o governo compactuar com essa retenção de salário. A decisão é polêmica, mas correta! Que esses médicos se adequem as condições de trabalho brasileiras e chega de contratos de viés político.

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