DOMINGO À TARDE, NO CAMPO DA FEPASA
Ontem, um domingo de céu azul, resolvi dar uns bordejos lá pelos lados do campo da Fepasa, antes do jogo do glorioso Coringão na TV. A idéia era falar com alguns dos esportistas prá saber a opinião deles sobre a proposta do nosso premiado estadista Humberto Parini, que pretende doar o terreno do campo para a União Federal. Afinal, era importante saber o que pensa aquela gente estranha, que, mesmo com uma decisão de campeonato na TV, ainda se dispõe a sair de casa prá ver um bando de cabeças-de-bagre maltratando uma pobre bola.
Em menos de um minuto, já notei que tinha ido ao lugar errado, na hora errada. Logo na primeira rodinha, tive que ouvir palavras nada elogiosas ao meu partido e ao prefeito. Assim que lancei a pergunta “o que vocês estão achando da idéia do Parini?”, fui alvejado por uma saraivada de respostas nem um pouco amigáveis. E foi assim em toda a arquibancada. E o pior é que algumas pessoas achavam que eu estava ali como espião do prefeito. Uma senhora, que aparentava estar um pouquinho acima do peso, foi logo dizendo: “Vocês do PT não gostam de esporte. Querem acabar com o nosso lazer”.
Pensando bem, pelo menos com relação ao prefeito, a robusta senhora tem alguma razão. Ele não gosta mesmo de esporte. E, ao que eu saiba, nunca praticou nenhum, nem mesmo xadrez ou dama. Sou filiado ao PT há mais de 20 anos e conheço o Parini desde quando ele tinha um bigode quase tão negro quanto a asa da grauna. E, nesse tempo todo, eu nunca vi o prefeito em um campo de futebol ou numa quadra de esportes. Só em época de campanha eleitoral, mas aí não vale.
Um detalhe curioso: o prefeito começou a mexer com a doação do campo da Fepasa em julho de 2009, quando ofereceu o terreno à Procuradoria da República e, já contando com a aprovação da sua fantástica idéia, mandou convidar a procuradora-chefe, Adriana Scordamaglia, para o lançamento da pedra fundamental da obra. Nesse tempo todo, ele nunca consultou ninguém a respeito do assunto, nem mesmo os vereadores que ainda o apóiam. Deve ser isso o que o prefeito chama de Gestão Participativa.