NICE QUER AUMENTAR ARRECADAÇÃO COM TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. ADVINHEM QUEM VAI PAGAR A CONTA
Há alguns dias, a assessoria de imprensa da prefeita Nice Mistilides comunicou aos jalesenses que ela (a prefeita) esteve participando de um curso – ou de um seminário – sobre iluminação pública, no Tribunal de Contas do Estado(TCE).
Pelo visto, nossa prefeita assimilou bem o que andou ouvindo por lá. Tanto é que, nesta semana, ela já deu um passo à frente para tentar aumentar a arrecadação com a Contribuição de Iluminação Pública, a famigerada CIP cobrada aos jalesenses.
E como se dará esse aumento da arrecadação? Ora, cobrando mais dos contribuintes, é claro! Para isso, já está na Câmara Municipal o projeto de lei complementar nº 16, de autoria da prefeita, que altera a base de cálculo da cobrança.
Atualmente, cada imóvel residencial paga a tarifa de R$ 3,86, enquanto os imóveis comerciais e industriais pagam R$ 13,15 e os lotes vagos pagam R$ 7,72.
O projeto da prefeita, que ainda terá que ser aprovado pelos vereadores, altera a tarifa: a partir de janeiro de 2015, os contribuintes teriam que pagar 8% do valor mensal do consumo de energia elétrica. Ou seja, se o amigo gasta R$ 100,00 por mês com a energia de sua casa, passará a pagar R$ 8,00 de CIP.
Uma empresa industrial que gasta R$ 2 mil por mês de energia elétrica, deixará de pagar R$ 13,15 e passará a contribuir com R$ 160,00. Os prezados leitores devem estar se perguntando: pode isso, Arnaldo?
Voltemos ao passado! Quando o falecido ex-prefeito José Antônio Caparroz começou a cobrar a CIP – que, à época, era chamada de COSIP – em janeiro de 2003, a contribuição tinha como base de cálculo o valor das contas de energia elétrica. Ou seja, cada contribuinte pagava de acordo com o que gastava em sua casa, exatamente como quer Nice.
Pois bem, em maio de 2003, o Ministério Público de Jales alegou que a cobrança com base na conta de energia dos contribuintes era inconstitucional e acionou a Justiça, que suspendeu a COSIP.
Em dezembro de 2003, Caparroz voltou ao assunto e aprovou na Câmara uma nova tarifa, dessa vez com o nome de CIP. A cobrança tinha valores fixos: um imóvel residencial, por exemplo, pagava R$ 2,50. De lá para cá, a tarifa vem sendo reajustada anualmente e, como já se disse, cada residência paga, atualmente, R$ 3,86 mensais, não importando o tamanho nem o padrão da construção.
Com a lei que mandou para a Câmara, Nice voltaria a incorrer na mesma inconstitucionalidade alegada pelo Ministério Público em 2003. A prefeita alega que, em algumas cidades, a cobrança é feita de acordo com o valor da conta de energia elétrica. E é verdade. Resta saber se, nessas cidades, a oposição e o Ministério Público estão atentos.
Flávia Sousa Dantas, Juíza de Direito e Mestre em Direito Tributário pela PUC/SP, escreveu artigo, há alguns anos, sobre o assunto. Um trecho:
Determinou o legislador municipal que a COSIP terá como base de cálculo o consumo de energia elétrica feita pelo particular. Disso exsurge a seguinte pergunta: existe alguma lógica em se cobrar um tributo para custeio de iluminação pública com base no consumo particular? Certamente que não.
Pode ser que existam juízes com entendimento diferente. Afinal, nossas leis são criadas para propiciar mais de uma interpretação. Quando a Contribuição para Iluminação Pública foi criada pela Emenda Constitucional 39, o nosso mais renomado tributarista, Ives Gandra Martins, disse, em entrevista ao Estadão, que “a Emenda Constitucional 39 está mal redigida e vai provocar uma corrida ao Judiciário”.
Em Jales, ela já provocou pelo menos uma ida ao Judiciário. E, se a alteração proposta pela prefeita for aprovada, pode ser que provoque outra.
Em Tempo: Se a CIP passar a ser cobrada com base na conta de energia elétrica de cada consumidor, como é que os donos de lotes vagos pagarão a contribuição, uma vez que os terrenos sem construção, normalmente, não possuem ligação de energia elétrica?
A VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS JALESENSES E O ARTIGO DO PROFESSOR BELON
Alguns amigos estão querendo saber a votação dos candidatos jalesenses, que concorreram na eleição de domingo. Então, vamos lá: o professor Antônio Rodrigues Bellon, que concorreu a uma vaga de deputado estadual pelo PSTU, obteve 112 votos em Jales e 318 no total.
Demétrio Souza Pinto, do PEN, obteve 161 votos em Jales e 940 no total, enquanto Ademir Natal, o Loló, do PR, igualmente candidato a deputado estadual, teve 121 votos em Jales e 195 no total. Mauro Bernardo, o Bernardão, candidato a deputado federal, pelo PR, obteve 152 votos aqui em Jales e 460 no total.
Rivael Benedito de Souza, o Papinha, nascido em Jales e vereador em Araçatuba, concorreu a uma vaga de deputado federal, pelo PSB, e foi o mais votado em Pontalinda, com 408 votos. Em Jales, 15 eleitores digitaram o número dele. No total, Papinha teve 22.584 votos.
Eduardo Martins Batista – irmão do nosso vereador Jesus Martins Batista – que morou muito tempo em Jales e, atualmente, é vereador em São Carlos, teve 38 votos em nossa cidade e 3.845 no total. Ele concorria a uma cadeira de deputado estadual pelo PSC.
Finalmente, para nossa tristeza a Marina Silva jalesense não foi eleita. Marina Silva Sanches, à direita na foto, nasceu em Jales e mora em Capivari. Candidata a deputada federal pelo PV, ela teve no total, 370 votos. Em Jales, somente 05 eleitores com grande visão política e gosto apurado votaram nela.
A propósito, o professor Antônio Rodrigues Belon enviou artigo sobre os objetivos de sua candidatura e da participação do PSTU nas eleições deste ano. Ei-lo:
O PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) participa das eleições para disputar politicamente a consciência dos trabalhadores e da juventude de nosso país, apresentando uma alternativa de classe, operária e socialista para o Brasil: uma contraposição ao mesmo tempo aos projetos defendidos pela direita tradicional e seus candidatos e ao projeto de governo atual e seus aliados.
O objetivo fundamental é ganhar o maior número possível de trabalhadores e jovens para a luta em defesa deste projeto operário e socialista, e avançar na construção da direção política para esta luta no Brasil, nos Estados, nas regiões e nos Municípios.
O PSTU sempre teve uma estratégia socialista clara, uma definição clara de classe, priorizando o caminho das lutas e da ação direta.
Para nós a mobilização dos trabalhadores e a ação direta mudam a realidade. As eleições, embora sejam um jogo de cartas marcadas para que nada mude, são uma oportunidade para a divulgação do partido e o seu programa. A eleição de parlamentares socialistas pode ser um importante ponto de apoio às lutas e de denúncia do próprio sistema capitalista.
O PSTU não aceita dinheiro de empresas. Tantos nas eleições quanto em seu dia-a-dia, o partido se mantém através de recursos de seus próprios militantes, assim como de trabalhadores e estudantes que concordam conosco e nos apoiam.
Estabelecidos esses pontos iniciais é muito importante analisar a candidatura a deputado estadual (Belon, 16541) sob os aspectos qualitativos apontados. Colocar os aspectos qualitativos acima dos quantitativos.
Nos próximos dias, semanas e meses restantes de 2014, a luta continua. A militância não interrompe o seu processo de organização e de intervenção na realidade social história, na vida em sua materialidade.
Importa manifestar agradecimentos aos votantes na candidatura e aos apoiadores dela, e recolocar as perspectivas partidárias de retomada da mobilização permanente.
Antonio Rodrigues Belon