O IMPEACHMENT, SEGUNDO IMPRENSA ALEMÃ: “INSURREIÇÃO DE HIPÓCRITAS”
Deu no DCM:
A imprensa alemã destacou nesta segunda-feira (18/04) a derrota sofrida pela presidente Dilma Rousseff na votação do impeachment na Câmara dos Deputados, com especial atenção para o comportamento dos deputados federais no plenário.
Numa análise assinada pelo correspondente Jens Glüsing e intitulada “A insurreição dos hipócritas”, o site da revista Der Spiegel afirma que o Congresso brasileiro mostrou sua “verdadeira cara” e, com o uso de meios “constitucionalmente questionáveis”, colocou o “avariado navio Brasil” numa “robusta rota de direita”.
“A maior parte dos deputados evocou Deus e a família na hora de dar o seu voto. Jair Bolsonaro até mesmo defendeu, com palavras ardentes, um dos piores torturadores da ditadura militar”, escreve o jornalista, que lembra que tanto o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como o vice-presidente Michel Temer são alvos de investigações por corrupção.
Segundo a revista, os deputados que votaram a favor do impeachment vão cobrar postos no governo de Temer, caso ele assuma a Presidência da República, e que muitos deles esperam que, com a vitória da oposição, as investigações da Operação Lava Jato desapareçam.
O site do semanário alemão Die Zeit afirma que a votação na Câmara “mais parecia um carnaval” e que uma pessoa desavisada que visse a sessão não poderia ter ideia da gravidade da situação. “Nesse dia decisivo para o destino político da sétima maior economia do mundo, o que se viu foram horas de deputados aos berros, que se abraçavam, tiravam selfies e entoavam canções”, relata o correspondente Thomas Fischermann.
“Nos discursos dos representantes do povo havia tudo o que se possa imaginar: lembranças aos netos, xingamentos contra a educação sexual nas escolas, paz em Jerusalém, elogio a um torturador do antigo governo militar, o jubileu de uma cidade e assim por diante”, afirma o jornal.
Já o diário alemão Süddeutsche Zeitung destaca que “inúmeros parlamentares que impulsionaram o impeachment de Dilma são, eles próprios, alvos de processos por corrupção”. O correspondente Benedikt Peters lembra que o processo contra Rousseff é controverso e é considerado político. “Contra Dilma nenhum ato de corrupção foi comprovado.”