Arquivos mensais: fevereiro 2019

DE VOLTA AOS BURACOS

O vereador Fábio Kazuto(PSB) apresentou, na sessão da Câmara de segunda-feira passada, uma indicação onde pede providências para que seja tapado o buraco da foto acima, localizado na esquina das ruas Tocantins e Jorge Amado, bem em frente à Casa de Carnes Premium, no Jardim Arapuã. A foto não mostra a profundidade do buraco, mas, segundo informações, já houve até queda de motociclistas no local.

E na sessão desta segunda-feira, será a vez do vereador Chico do Cartório(MDB) apresentar uma indicação pedindo que a Prefeitura dê seus pulos para tapar um buraco localizado em frente à garagem de uma residência, na Rua Texas, Jardim Estados Unidos. Detalhe: a iniciativa do vereador chega um pouco tarde, pois, como se vê na foto, o dono do imóvel cansou de esperar pela Prefeitura e tratou de tapar, ele próprio, o buraco que o incomodava.

A foto acima foi enviada por um leitor, que está reclamando de um buraco na rotatória do Aeroporto Municipal, bem no início da Avenida “Guilherme Soncini”.

E como diria o Raul Seixas, eu também quero reclamar. Os buracos da foto estão localizados na Avenida Nações Unidas, bairro Santo Expedito, a meio quarteirão da casa que habito. Na verdade, esses buracos já foram tapados algumas vezes – a última vez foi na véspera da Romaria Diocesana, que passou pela avenida – mas eles teimam em reaparecer. E, cá entre nós, não dá para esperar a próxima Romaria.

CÂMARA QUER ALTERAR LEI DA ZONA AZUL PARA ISENTAR IDOSOS E PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

Na sessão da Câmara desta segunda-feira, teremos a leitura do projeto de lei nº 13, que pretende alterar um artigo da lei municipal 4.672/17, para isentar idosos (mais de 60 anos) e portadores de necessidades especiais (deficientes físicos) da tarifa da Zona Azul. O projeto, tudo indica, é obra do vereador Macetão, mas está assinado também por outros vereadores.

Segundo o projeto, a isenção só vale para as “vagas especiais” reservadas aos idosos e deficientes, desde que eles estejam identificados por um “cartão especial de estacionamento” emitido pela Secretaria Municipal de Planejamento e Trânsito. À guisa de curiosidade, a licitação realizada pela Prefeitura diz que 5% das 1.200 vagas de estacionamento devem ser destinadas aos idosos e 2% aos portadores de deficiência.

A licitação e o contrato dizem também – e é aí que a porca torce o rabo – que as chamadas “vagas especiais” são espaços PAGOS, destinados a veículos de idosos e deficientes, “TARIFADOS de acordo com a área em que se encontram”. O estacionamento rotativo se divide em duas áreas: a AZUL e a VERDE, esta última localizada nas proximidades do AME e da Santa Casa.

Não basta, portanto, os nossos atentos vereadores mudarem a lei que, por sinal, foi aprovada por eles mesmos. Terão também que, como se diz no jargão popular, “combinar com os russos”.

Traduzindo, terão que contar com a boa vontade da empresa ASG Engenharia, uma vez que o contrato – com duração de dez anos – prevê a cobrança de tarifa das “vagas especiais”. Nesse caso, Prefeitura e empresa teriam que abrir mão de receitas – algo em torno de R$ 12,3 mil/mês, segundo cálculos baseados na planilha que integra a licitação.

Existe, por fim, uma dúvida sobre a legitimidade dos vereadores para propor esse tipo de projeto. Há quem diga que a proposição só poderia partir do Executivo. Aguardemos.   

BOLSOMINIONS CONTINUAM ESPALHANDO NOTÍCIAS FALSAS NAS REDES SOCIAIS

A quantidade de mentiras que os bolsominions continuam espalhando nas redes sociais é algo assombroso. Ontem mesmo, recebi de um imbecil que se apresenta como “Cabo Romão”, um texto mentiroso sobre o ex-deputado Jean Wyllys.

O texto, por sinal antigo, diz que Jean Wyllys seria o diretor de um filme chamado Corpus Christi, onde Jesus Cristo é apresentado como sendo gay. E, claro, pedia para que eu reenviasse a “notícia” para os meus amigos. O pior é que tem gente que acredita nessas baboseiras: há dois anos, quando foi lançado, o boato viralizou.

Agora temos uma nova mentira. A notícia é do UOL Confere, o serviço de checagem de fake News do UOL. Obs.: a dessalinização que Bolsonaro fala em importar de Israel, como se fosse uma técnica nova, já existe no Brasil desde 2004.

Um texto que surgiu no Twitter e se espalhou por redes sociais afirma que o Partido dos Trabalhadores (PT) havia entrado com uma liminar na Justiça pedindo a anulação do projeto de dessalinização que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) quer implantar para combater a seca no Nordeste.

O texto inicial continha a seguinte frase, que teria sido dita pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann: “A seca no Nordeste é cultural, quase um patrimônio, e não deve ser destruída”. Em outras publicações, uma fala similar foi atribuída a um advogado do partido.

Umas das primeiras divulgações aconteceu em um perfil (hoje suspenso pelo Twitter) chamado “Mônica Bengamo” (@monicaberganho), que fazia referência ao nome da colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo e dizia publicar notícias inventadas como forma de sátira.

O Partido dos Trabalhadores negou que tenha entrado com liminar para impedir o projeto de dessalinização que Bolsonaro quer implantar na região Nordeste com tecnologia importada de Israel. “Isso é mentira, totalmente fake, não caiam nessa! Nunca falei isso pra Mônica Bergamo ou para qualquer outra pessoa”, afirmou Gleisi, em suas redes sociais.

A jornalista Mônica Bergamo postou em sua conta oficial no Twitter: “ALERTA: Páginas com minha foto, nome e marca quase idêntica à da Folha têm sido criadas, retiradas do ar pelo Twitter e recriadas de novo. Tentam usar a credibilidade de nosso trabalho jornalístico para enganar as pessoas. Dizem ser paródia, qdo na verdade disseminam informações falsas”.

NOVA POLÍTICA: PARTIDO DE BOLSONARO CRIOU CANDIDATA LARANJA PARA OBTER VERBA PÚBLICA

Deu no Brasil 247:

Depois do caso das candidatas-laranja em Minas Gerais, em fraude no processo eleitoral supostamente feita pelo atual ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio (PSL), mais um episódio de criação de candidatos laranja vem à tona dentro do PSL, partido da presidência da República. Luciano Bivar (PSL-PE), recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018.

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que “Maria de Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Jair Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos. O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Na época, o hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, era presidente interino da legenda e coordenador da campanha de Bolsonaro, com foco em discurso de ética e combate à corrupção.”

A matéria relembra o caso anterior de uso de laranjas: “no último dia 4, reportagem da Folha revelou que o ministro do Turismo de Bolsonaro e deputado federal mais votado em Minas, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), patrocinou um esquema de candidaturas laranjas que direcionou verbas do PSL para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara. Após essa revelação, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que esse caso deveria ser investigado. No caso de Lourdes Paixão, a prestação de contas dela, que é secretária administrativa do PSL de Pernambuco, estado de Bivar, sustenta que ela gastou 95% desses R$ 400 mil em uma gráfica para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos, tudo às vésperas do dia que os brasileiros foram às urnas, em 7 de outubro.”

A reportagem ainda informa que “cada um dos quatro panfleteiros que ela diz ter contratado teria, em tese, a missão de distribuir, só de santinhos, 750 mil unidades por dia –​mais especificamente, sete panfletos por segundo, no caso de trabalharem 24 horas ininterruptas. A Folha visitou os endereços informados pela gráfica na nota fiscal e na Receita Federal e não encontrou sinais de que ela tenha funcionado nesses locais durante a eleição.”

JORNAL DE JALES: DOM DEMÉTRIO EXPLICA PORQUE CHAMOU MINISTRO DE FHC DE ‘BOBO DA CORTE’

Eis a capa do Jornal de Jales deste domingo, cuja principal manchete destaca a grande quantidade de motoristas multados na rodovia Euclides da Cunha, conforme levantamento divulgado pelo DER. Segundo registro dos radares colocados ao longo da rodovia, 44.039 “ases do volante” foram multados nos 12 meses de 2018. Esse total foi registrado apenas pelos radares fixos e não inclui os radares móveis utilizados pelos policiais rodoviários. Alguns flagrantes mostram que, vez em quando, baixa o espírito do Ayrton Senna em motoristas que trafegam pela Euclides da Cunha: em pelo menos duas ocasiões os radares flagraram “pilotos” dirigindo suas máquinas a mais de 200 quilômetros por hora.

Matéria do JJ registra que os agricultores da região estão preocupados com a falta de chuvas que ocorreu em janeiro, o que poderá, dependendo da cultura, causar a perda de até 30% da produção. É o caso da laranja, uma das culturas que mais sofrem nos períodos de seca. A borracha também sente os efeitos da estiagem e, de acordo com a matéria, a perda de janeiro chegou a 20% da produção, principalmente por causa do calor. As culturas irrigadas, como é o caso da uva, não sentem muito a falta de chuvas, mas a estiagem não faz bem ao bolso dos produtores, pois acaba resultando em mais despesas para eles.

A aula inaugural do curso de Direito da Unijales, ministrada pelo desembargador aposentado e professor da USP, Régis de Oliveira, que foi vice-prefeito de São Paulo na gestão de Celso Pitta; as constatações do advogado Renato José da Silva, após viagem de 25 dias por países da Ásia, incluindo a China; e um artigo do bispo emérito dom Demétrio Valentini, no qual ele explica porque chamou o ex-ministro de FHC, Sérgio Motta, de “bobo da corte”, são outros assuntos do JJ. E o jornal traz, ainda, um interessante artigo do professor da Fatec, Heitor Cardozo, sobre os efeitos da tecnologia e das redes sociais na nossa capacidade de concentração.

Na coluna Fique Sabendo, o jornalista Deonel Rosa Júnior informa que o prefeito Flá Prandi e o empresário Luís Henrique Moreira estão desconfiados de que uma vespa da intriga anda tentando criar atritos entre os dois. Segundo o colunista, o mexeriqueiro seria um personagem muito conhecido no Legislativo que, apresentando-se como porta-voz de Luís Henrique, teria oferecido vantagens pecuniárias a colegas vereadores para votarem contra o projeto que autoriza Flá a contrair um empréstimo de R$ 11 milhões junto à Agência Desenvolve SP. O mesmo futriqueiro teria espalhado um boato dando conta de que Flá proibiu qualquer apoio oficial a eventos com a participação da empresa de Luís Henrique, a LHBorr.   

POLÍCIA RODOVIÁRIA DE JALES PRENDE MOTORISTA COM MEIA TONELADA DE MACONHA

Deu no SBT Interior:

Um homem foi preso com meia tonelada de maconha após perseguição policial nesse sábado (9). O caso aconteceu na Rodovia Euclides da Cunha, em Estrela d’Oeste (SP), no noroeste paulista.

De acordo com o policiamento rodoviário de Jales, o motorista estava dirigindo em alta velocidade, e levantou a suspeita dos policiais que começaram a perseguir o carro.

O suspeito acabou perdendo o controle do veículo e bateu em um barranco. Ele tentou fugir a pé, mas acabou sendo preso.

 Dentro do carro, a polícia encontrou placas de veículos falsificadas, além de 500 quilos de maconha.

O homem foi preso e a droga apreendida e levada para a Polícia Federal de Jales.

GILBERTO GIL E MARJORIE ESTIANO – “CHICLETE COM BANANA”

Nascido em 31 de agosto de 1919, José Gomes Filho, um paraibano de Alagoa Grande, completaria 100 anos neste 2019 de trágico início, caso não tivesse resolvido finar-se em julho de 1982, vítima de uma embolia.

Vindo de uma família de artistas populares, Jackson do Pandeiro – como ficou conhecido nacionalmente – é considerado um dos maiores ritmistas da história da MPB e foi, ao lado de Luiz Gonzaga, responsável pela popularização das canções nordestinas.

Com pouco mais de 20 anos, resolveu deixar sua cidade e arriscar-se em João Pessoa, tocando em cabarés e rádios. O primeiro grande sucesso – “Sebastiana” – só foi gravado quando ele já contava 35 primaveras e morava no Recife.

Foi no Recife, por sinal, que Jackson conheceu sua esposa e parceira, Almira Castilho, uma ex-professora que cantava mambo e dançava rumba. Jackson e Almira formavam uma dupla no palco e na vida. A união durou até 1967, quando se desfizeram a parceria e o casamento.

Durante a década de 1950, Jackson e Almira ganharam projeção nacional e começaram a atuar em filmes populares, mas depois caíram em relativo ostracismo. Foi a Tropicália, comandada por Caetano e Gil, quem resgatou Jackson do Pandeiro. Gal regravou “Sebastiana”, enquanto Gil regravou “Chiclete com Banana”, no disco “Expresso 2222”, de 1972.

“Chiclete com Banana” foi, certamente, o maior sucesso de Jackson, como intérprete. Quando o baiano Gordurinha – o autor da música – ofereceu “Chiclete com Banana” a Jackson, este disse que só a gravaria se o compositor desse a co-autoria para sua esposa, a Almira. E quem contou isso foi a própria Almira, em entrevista.

A letra de “Chiclete com Banana” reflete uma preocupação em manter o samba bem puro, livre da influência de ritmos estrangeiros. Confira essa preocupação no vídeo abaixo, onde “Chiclete com Banana” é interpretada por Gilberto Gil e Marjorie Estiano:

A TRIBUNA: JUSTIÇA DE JALES MARCA PARA ABRIL O LEILÃO DE BENS DO EX-PREFEITO PARINI

No jornal A Tribuna deste domingo, destaque para decisão da Justiça, que determinou o leilão de bens do ex-prefeito Humberto Parini para pagamento de uma multa que ele deve à Prefeitura. O primeiro leilão foi marcado para 17 de abril e, caso não apareçam interessados, o segundo leilão ocorrerá no dia 30 de abril. A multa é por conta de uma ação em que o MP acusou Parini de utilizar irregularmente os recursos repassados ao município em 2009 por conta dos royalties do petróleo. O detalhe é que a própria Justiça reconheceu que o uso irregular dos recursos não causou nenhum prejuízo ao município, mas, mesmo assim, aplicou a multa que, em 2016, beirava os R$ 40 mil. Além disso, O MP está cobrando R$ 742 mil de Parini, relativos a outra ação na qual ele foi condenado – aí sim – por prejuízos causados ao erário público.

Destaque, igualmente, para a sentença do juiz Fernando Antônio de Lima, do Juizado Especial de Jales, que condenou um advogado por litigância de má-fé em uma ação de danos morais contra a empresa de telefonia Vivo S.A. A ação dizia que uma cliente da Vivo – e do advogado – teria perdido tempo com reclamações sobre a mudança de seu plano de telefonia móvel, mas, segundo a sentença do magistrado não houve perda de tempo produtivo por parte da moça. Na sentença, o juiz registra ter percebido, em algumas ações, “a adoção de métodos espúrios na incessante busca por danos morais”.

O questionamento do vereador Macetão sobre a esdrúxula classificação de Jales no tal prêmio Município Verde Azul; o cadastramento obrigatório da biometria, que recomeçou no Cartório Eleitoral de Jales; a terceira incursão da empresa Proposta Ltda na Justiça de Jales para cobrar dívidas da Prefeitura local, relativas à coleta de lixo nos anos 2014/2015; a aula inaugural do curso de Direito da Unijales, que foi ministrada pelo desembargador aposentado e ex-deputado federal Régis de Oliveira; e a reunião do prefeito Flá Prandi com seu secretariado para discutir as metas dos próximos dois anos, são outros assuntos de A Tribuna.

Na coluna Enfoque, escrita por este aprendiz de blogueiro, a informação de que a ex-tesoureira Érica Carpi pediu – e a Justiça concordou – para mudar de endereço, alegando, entre outras coisas, a preservação de sua integridade física e intelectual. Na página de opinião, o prefeito Flá Prandi escreve artigo sobre sua eleição para a presidência da AMA, enquanto o blogueiro Hélio Consolaro escreve sobre Brumadinho. No caderno social, destaque para a coluna do Douglas Zílio e para a formatura do engenheiro agrônomo Gustavo Nogueira, filho do João Oscar Nogueira e da Silvânia, funcionária da Sabesp.  

OITO ASSESSORES DE FLÁVIO BOLSONARO DESAPARECERAM APÓS SUSPEITA DE ‘RACHADINHA’

A matéria com o título “Quanta coincidência!” é um pouco extensa, mas é interessante. Deu na Veja:

No restaurante Bairrada Adega Gourmet, na zona central do Rio de Janeiro, a clientela e os funcionários já notaram que a dona não aparece no local há algum tempo. Alguns dizem que ela mudou de cidade. Outros afirmam que ela simplesmente desapareceu. O administrador do negócio, Antonio Airton da Rocha, tenta explicar enquanto confere as notas do caixa, repetindo-se diversas vezes e notoriamente incomodado: “Parece que ela está de férias”.

A empresária Raimunda Veras Magalhães e Airton da Rocha são sócios no restaurante, mas ele diz que nada sabe sobre o paradeiro dela. “Ela não me deu mais notícia, não”, conta. A última conversa entre os dois aconteceu há mais de um mês. Dias depois, quando VEJA voltou a lhe pedir informações, Rocha enviou a seguinte mensagem por celular: “Quando eu fizer contato com ela, te falo, o.k.?”. Até o fechamento desta edição, Rocha não tinha notícias de Raimunda, que há meses também não aparece na própria residência, na Zona Oeste do Rio.

A dona do restaurante é uma das oito pessoas que trabalhavam no gabinete do ex-deputado estadual e agora senador Flávio Bolsonaro, do PSL do Rio. Ela e os outros sete ex-­colegas saí­ram de cena desde que veio a público que depositavam rotineiramente dinheiro na conta bancária do policial Fabrício Queiroz, o ex-­motorista do parlamentar. As transações, que ocorriam em datas próximas do pagamento dos salários, chamaram a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do governo responsável por fiscalizar movimentações de dinheiro atípicas.

Uma investigação foi instaurada no fim do ano passado para apurar se Raimunda (que depositou 4 600 reais) e outros auxiliares de Flávio Bolsonaro transferiam parte de seus salários a Queiroz, e se este, por sua vez, repassaria os recursos ao antigo patrão. A ilegalidade, comum entre políticos desonestos para aumentar a própria renda, é conhecida como “rachadinha”. A suspeita de que o filho do presidente da República pode ter se valido da trapaça para engordar a própria conta deu ares de escândalo ao caso.

Nos últimos dois meses, VEJA visitou catorze endereços atrás das testemunhas que podem inocentar — ou não — Flávio Bolsonaro. A vizinhança de Wellington Sérvulo Romano da Silva, que repassou 1 500 reais para a conta do ex-motorista, diz que depois do escândalo não o viu mais circulando pelo prédio. Seu apartamento, na Zona Oeste, está vazio e trancado desde então. Alguns moradores especulam até que o funcionário do gabinete tenha se mudado para o exterior.

Luiza Souza Paes, que repassou 3 542 reais, também sumiu. Sua casa, num subúrbio na Zona Norte do Rio, parece abandonada. Há encartes de supermercados amontoados na porta e ninguém atende o telefone ou a campainha. De Jorge Luís de Souza, que repassou 3 140 reais e mora numa favela da Zona Norte, o máximo que se pode observar é a presença de um Celta preto estacionado nas imediações da casa. Nada mais.

Agostinho Moraes da Silva foi o funcionário que menos depositou dinheiro na conta do ex-motorista, segundo o relatório do Coaf — apenas 800 reais. Procurado quatro vezes em sua residência, na Zona Sul do Rio, e na casa de uma irmã, ele é mais um que desapareceu. Na quarta-feira 6, um vizinho relatou que faz semanas que não vê o ex-servidor. O carro de Agostinho Moraes da Silva permanece estacionado em frente ao seu prédio, mas ninguém tem pista sobre seu paradeiro. Familiares dizem que ele está sem celular, incomunicável. “Agostinho é subsíndico do prédio. A gente não consegue falar com ele nem para resolver os problemas do dia a dia”, reclama um morador.

A própria família de Fabrício Queiroz, o pivô do escândalo, também mergulhou em discrição absoluta. Na residência do ex-motorista, na Zona Oeste do Rio, as janelas estão trancadas. A casa fica num beco estreito, coberto por fios elétricos. Os vizinhos afirmam que ninguém aparece por lá há meses. “Quando a cara dele surgiu na TV, ele sumiu daqui”, conta um morador, que, como a maioria dos entrevistados para esta reportagem, pede para não ser identificado.

Márcia Oliveira Aguiar, a mulher de Queiroz, que lhe repassou 18 864 reais, e a filha Nathália, que transferiu 84 110 reais ao pai, também não estão localizáveis. A família, segundo o advogado Paulo Klein, está passando uma temporada em São Paulo desde o fim do ano passado, quando o ex-motorista foi submetido a uma cirurgia para extração de um tumor do intestino. Até onde se sabe, Queiroz continua na capital paulista fazendo acompanhamento médico, mas em local incerto.

(…)

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