Arquivos mensais: abril 2011

A CRÔNICA DO PASCHOALINO – “O DEDO DE DEUS”

Abaixo, a crônica do amigo Paschoalino S. Azords, que vai ser publicada no jornal O Debate, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição do próximo domingo. Boa leitura!

O dedo de Deus 

Saio pra fora. Prefiro ser assim redundante a permanecer na sala onde os crentes discutem se, afinal, tsunami é coisa de Deus, ou o que nos pode acontecer se ciência e religião não fizerem as pazes.

O crente graduado fala em voz alta, é do ofício. Tenta tirar Deus da reta e isso me faz recordar alguns épicos do cinema americano. Não de Charlton Heston, que em apenas duas décadas passou de Moisés, em Os Dez Mandamentos, a astronauta da Nasa no Planeta dos Macacos. Penso na bomba atômica de enxofre com que Deus purificou Sodoma e Gomorra. Penso nas dez pragas lançadas sobre o Egito, com direito a chuva de gafanhotos e rãs, e as águas do Rio Nilo virando chouriço, e a morte do primogênito de cada lar – onde não tinha filho, Deus se contentava com a morte de um animal domesticado: um gato, um cabrito, etc. Penso no tataravô dos tsunamis, a chuvarada em que se afogou a humanidade, da qual só sobreviveu o precavido Noé e alguns animaizinhos, recolhidos de dois em dois na Arca, que haveriam de repovoar o planeta e um dia acabar nas paradas de sucesso na voz do Padre Marcelo.

No destino de todos, dos afogados e dos bem aventurados, das pulgas e das moças, das crianças e das maritacas, em tudo, o dedo de Deus. As digitais do Criador foram vistas no ano de 1755, na destruição de Lisboa, “porque a Inquisição ali não funcionava com dureza”, segundo os jesuítas. Em 1906, os protestantes americanos entenderam o terremoto que destruiu San Francisco como castigo divino pela promiscuidade que, desde aqueles tempos, fazia a fama da cidade atraindo para lá gays, lésbicas e simpatizantes. No ano passado, o cônsul do Haiti no Brasil afirmou que o terremoto que matou mais de 230 mil pessoas na capital do seu país era “decorrência da macumba”. 95% da população do Haiti descendem de africanos e, certamente, não comungam da mesma fé do branco, gordo e bem empregado sir. George Samuel Antoine.

Aqui da varanda eu ouço a cidade latir. Prefiro a cachorrada insone e esse cheiro de carrapato que emana da vizinhança do que ouvir o diálogo entre a ciência e a fé. “Se pela fé descobrimos a origem e a finalidade do Universo e da vida” – deixa eu ler de novo para ver se entendo o que diz o crente – “se pela fé descobrimos a origem e a finalidade do Universo e da vida”, por que passar a vida enfurnado num laboratório sem janelas e de tão poucos horizontes? Por que uma boa alma não presenteia Stephen Hawking com a obra completa do Frei Beto? Caberia até um cartãozinho para o santo remetente escrever uma dedicatória: “Caro Hawking, pra você não desperdiçar o seu precioso tempo aí em Cambridge e deixar de ser besta. Três abraços, ou, saudações rubro-negras”.

Stephen Hawking, eu e o hipotético ascensorista do prédio torto de Ourinhos seríamos eternamente gratos por descobrir a origem, a finalidade do Universo e da vida. Até porque, além dessa tríplice equação, o que mais interessa? O sistema reprodutivo dos cavalos marinhos? Como o Paulo Coelho consegue vender tantos livros? A lógica do preço dos combustíveis no Brasil? O nome do responsável pelo trânsito de Ourinhos?

Aqui do fundo do quintal eu vejo a Lua, aonde a fé não tinha nos levado nesses seis ou sete milênios que a Bíblia interpõe entre o presente cotidiano e Adão com sua costela reprodutiva. Sento-me numa cadeira esquisita que comprei em São Pedro do Turvo e me entrego de corpo e alma ao banquete dos pernilongos – se não coçasse tanto, eu me esquecia até do repelente.

A cadeira é velha, a cidade late, mas eu me aquietaria se nessa noite a fé me contasse, não a origem e a finalidade do Universo e da vida, mas uma simples história da Lua apenas. Não a chata e previsível história arqueológica da Lua com seus oceanos de areia e esquecimento. Eu me tranqüilizaria se nesta noite a fé me contasse uma historinha, simples, curtinha, e que antes de dormir eu tivesse compreendido porque é que a Lua cresce e desaparece no céu, porque ela arremeda tanto as mulheres da rua, porque implica com as marés, com as colheitas, com os partos e até com os últimos cabelos da cabeça?

A cadeira que comprei em São Pedro é confortável. A porta dos fundos está fechada. Nada sei das últimas desgraças da TV. A Lua já escalou o muro do vizinho, mas ainda não consegui captar a resposta da fé.

PRODUTORES RURAIS DO CÓRREGO DO CAFÉ CONSERTAM ESTRADAS PARA DIMINUIR PREJUÍZOS

Quando o poder público não funciona, os particulares são obrigados a dar seus pulos. Foi o que aconteceu no Córrego do Café, onde um grupo de produtores rurais teve que comprar entulhos e contratar uma empresa particular para consertar a estrada do bairro. Produtores de laranja e banana, eles amargaram alguns prejuízos na hora de vender a produção, uma vez que os caminhões das empresas compradoras não conseguiam chegar até as suas propriedades.

Segundo informações de um desses produtores, Edílson Gilberto Donda, eles investiram cerca de R$ 1,2 mil no conserto da estrada, mas parece que valeu a pena. Edílson, que é produtor de laranja, confirmou também que a má conservação da estrada causou, apenas a ele, um prejuízo de, mais ou menos, R$ 10 mil.  Abaixo, uma sequência de fotos que mostram a estrada do Córrego do Café antes, durante e depois do conserto providenciado pelos sitiantes do bairro:

 

Um detalhe importante: o programa Melhor Caminho, do governo estadual, havia feito um trabalho de recuperação na estrada do Córrego do Café, no ano passado, mas o desleixo da Prefeitura e a falta de manutenção fez com que o serviço fosse quase que totalmente perdido.

REGIÃO DOS GRANDES LAGOS

Parece que o deputado estadual Itamar Borges(PMDB) e o prefeito de Santa Fé do Sul, Toninho Favaleça (PDSB), andam falando a mesma língua. Favaleça anda defendendo a criação  da Região dos Grandes Lagos, que começaria com a instalação de um aeroporto internacional em uma das quatro principais cidades da região. Agora foi a vez de Itamar Borges, em discurso de ontem na Assembléia Legislativa, defender a idéia. Vejam o que o Diário Oficial do Estado publicou nesta sexta-feira, na seção dedicada à repercussão dos discursos dos deputados na tribuna da Alesp:  

Itamar Borges (PMDB) reforçou o pedido de apoio dos parlamentares para o projeto de criação da região dos Grandes Lagos, que contempla os municípios de Votuporanga, Fernandópolis, Santa Fé do Sul e Jales. “Venho para anunciar esse anseio dos deputados e da região e pedir o envolvimento de todos para que, juntos, possamos fazer desta região um modelo para as outras regiões”.

Só faltava agora, o nosso prefeito acordar do sono profundo a que ele se entregou e começar a defender a idéia também. Mas aí já é querer demais. Vamos deixar o homem dormir seu sono sossegado.

LIXO NA ESTRADA: VEREADORES PROTOCOLAM REPRESENTAÇÃO NO MINISTÉRIO PÚBLICO

Os vereadores José Roberto Fávaro (PSDB) e Aracy Murari Cardoso(PT), a Tatinha, protocolaram no final desta sexta-feira uma representação junto ao Ministério Público Estadual, solicitando providências a respeito do lixo que está sendo despejado na estrada municipal que leva ao antigo Lixão. A atuação dos sujismundos já foi registrada neste blog, em dois posts anteriores.

A representação foi recebida pelo promotor público, doutor Rodolfo Strazzi Arcângelo Pereira,  curador substituto do Meio-Ambiente em Jales. Abaixo, a íntegra da representação:

Nós, que abaixo assinamos, vereadores à Câmara Municipal de Jales, representantes dos munícipes jalesenses, vimos, por este meio, representar contra a Prefeitura Municipal de Jales e contra os responsáveis pelo depósito indevido de lixo nas laterais da estrada que dá acesso ao antigo Lixão, conforme fotos anexas, pleiteando a apuração dos fatos através dos meios legais.
Termos em que,
Pede Deferimento.
Jales, 1 de abril de 2011.
Aracy de Oliveira Murari Cardozo                                        José Roberto Fávaro 

DOMINGO, NA TRIBUNA

Na Tribuna de domingo, informações sobre a CEI da Merenda Escolar, que, na semana que vem, pretende ouvir a secretária Élida Barison e um representante da empresa Gente – Gerenciamento em Nutrição com Tecnologia Ltda. O repórter Alexandre Ribeiro ouviu os diretores do CCTI, que estão pintados para a guerra contra o prefeito Humberto Parini. O prefeito deu 60 dias para que eles desocupem o imóvel localizado no quarteirão do velório municipal, no Jardim São Jorge.

Também na Tribuna, a reclamação de um cidadão que levou a mulher três vezes ao AME de São José do Rio Preto e não conseguiu atendimento, uma vez que o médico não compareceu ao trabalho em nenhuma das ocasiões. Você vai ficar sabendo em A Tribuna, de domingo, da nova investigação do Ministério Público sobre a administração Parini; das reclamações dos produtores rurais que, sem estradas para escoar seus produtos, estão tomando prejuízo; do processo do PMDB contra o vereador Macetão; e também do ultimatum do Tribunal de Justiça, que está acusando a Prefeitura de Jales e outras prefeituras paulistas de criar dificuldades para o pagamento dos precatórios devidos pelos municípios.

Tudo isso e muito mais, na edição de domingo do jornal A Tribuna.

SUJISMUNDOS CONTINUAM DESPEJANDO LIXO EM ESTRADA

Há cerca de 20 dias publicamos post mostrando a situação da estrada municipal que leva ao antigo Lixão, transformada pelos sujismundos em depósito de lixo. Sabem os prezados leitores quais providências foram tomadas? Nenhuma! As autoridades que deveriam fazer alguma coisa para acabar com aquela vergonha continuam com suas bundas pregadas à cadeira, esperando o salário cair nas suas respectivas contas. A fiscalização caberia à Prefeitura, mas isso seria exigir demais da administração Parini, que não consegue manter limpo nem o seu próprio almoxarifado.

E onde estão os órgãos encarregados de zelar pela qualidade do meio-ambiente? Provavelmente, esperando que alguém faça uma denúncia, quando deveriam estar cobrando medidas de quem tem a obrigação de fiscalizar e não o faz. Enfim, Jales é uma cidade onde cada um faz o que quer e todo mundo finge que não vê. Vejam na sequência abaixo, caminhões que despejam entulhos e pessoas revirando o lixo, onde se pode encontrar a Bandeira do Brasil misturada com fraldas usadas e sutiãs multicoloridos.

E nesta outra sequência, vocês poderão observar um cidadão educado fazendo a sua parte. Ele chega em seu carro moderno, despeja a poltrona vermelha e uma caixa cheia de bugingangas e vai embora com a sensação do dever cumprido:

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