A notícia é do premiado jornalista Jamil Chade, no UOL:
Enquanto o debate sobre o destino dos trabalhadores brasileiros revela um governo sem rumo, governos europeus tentam evitar a repetição da crise de 2008 e abrem seus cofres para bancar os salários de milhões de pessoas. A previsão da Organização Internacional do Trabalho é de que, em 2020, o desemprego no mundo dará um salto de 25 milhões de pessoas diante da paralisia gerada pela pandemia. Para evitar que tal cenário se transforme em uma crise humanitária e o aprofundamento da pobreza, governos europeus têm mergulhado em novos planos de resgate.
Na UE, todos estão cientes de que isso vai gerar um desequilíbrio nas contas dos estados, a regra de ouro para a existência do euro. Mas os limites foram abolidos, justamente para impedir que a sociedade não seja asfixiada. A estratégia mais completa foi adotada pela Suécia. O governo indicou que poderá subsidiar os trabalhadores para que possam 90% de seus salários, mesmo que trabalhem horas reduzidas ou em casa. Para aliviar os empregadores, todos os impostos foram adiados para 2021. Para arcar com o plano, o governo vai destinar 6% do PIB do país, cerca de 27 bilhões de euros.
A Alemanha indicou que deve repetir a estratégia que adotou em 2008 quando, para evitar um salto no desemprego, fechou um acordo com milhares de empresas para arcar com uma parcela do salário dos trabalhadores. No total, 1,5 milhão de alemães foram beneficiados. Na vizinha Dinamarca, o governo vai subsidiar 75% dos salários dos trabalhadores, com a condição de que a empresa não promova demissões. Na Suíça, uma espécie de seguro-desemprego foi ampliado, com um valor mensal de US$ 2,5 mil para garantir que famílias não passem necessidade.
Na França, o governo fez uma proposta ousada: não deixar nenhuma empresa falir. Para isso, vai despejar 45 bilhões de euros. Paris ainda repete o sistema de pagamento de salários e ainda arcará com licenças por doença, mesmo que as pessoas não estejam doente. Diante do fechamento das escolas, milhares de pais são obrigados a cuidar de seus filhos, abandonando o trabalho.
Enquanto a Inglaterra pretende pagar 80% dos salários dos trabalhadores que ficarão em casa e os Estados Unidos discutem uma renda mínima de US$ 1 mil para cada cidadão, Jair Bolsonaro editou uma medida provisória que permite aos empresários pagar qualquer coisa aos seus funcionários durante quatro meses.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou na noite deste domingo (22) no Diário Oficial uma MP (medida provisória) que autoriza suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses.
No período, o empregado deixa de trabalhar, assim como o empregador não pagará salário. A empresa é obrigada a oferecer curso de qualificação online ao trabalhador e a manter benefícios, como plano de saúde.
Pelo texto, a negociação individual ficará acima de acordos coletivos e da lei trabalhista. Estão preservados os direitos previstos na Constituição. A MP diz que o curso ou o programa de qualificação profissional online será promovido pelo empregador, diretamente ou por meio de entidades responsáveis pela qualificação.
Uma MP tem força de lei pelo período de 60 dias, prorrogáveis pelo mesmo prazo, até que seja apreciada pelo Congresso. Se não for votada, perde a validade.
A medida valerá durante o estado de calamidade pública em razão do coronavírus, com prazo definido até o fim deste ano.
Segundo o texto, o empregador poderá conceder uma ajuda compensatória mensal, “sem natureza salarial”, “com valor definido livremente entre empregado e empregador, via negociação individual”.
O governo cubano informou ter enviado uma brigada de médicos à Itália, após receber pedido formal da Lombardia. Cuba tem alta taxa de médicos per capita, mas já confirmou 21 casos de coronavírus na ilha.
Desde a revolução de 1959, Cuba exerce o que se convencionou chamar de “diplomacia médica”. Na década de 2010, médicos cubanos estiveram na linha de frente do combate à cólera no Haiti e do ebola na África ocidental. No Brasil, médicos cubanos foram enviados para os confins do país para ajudar no combate à dengue e na falta de atendimento continuado.
No entanto, essa é a primeira vez que Cuba está enviando seu “exército de jaleco branco” a um país desenvolvido, a Itália.
“Estamos com medo, mas temos uma missão revolucionária a cumprir, então pegamos esse medo e colocamos ele de lado”, disse Leonardo Fernandez, especialista em cuidado intensivo de 68 anos, a caminho da Itália.
Fernandez contou à Reuters que essa será a sua oitava missão internacional, que incluiu trabalho na Libéria, durante a crise do ebola.
“Quem fala que não tem medo é um super herói. Mas nós não somos super heróis, somos médicos revolucionários”, disse Fernandez.
A Itália é o país com maior número de mortes pelo coronavírus, contabilizando 4.825 vítimas fatais, com 53.378 casos confirmados de COVID-19. Como comparação, a China, mesmo com mais de 81 mil pacientes infectados, registrou 3.144 vítimas fatais.
“Iremos cumprir uma tarefa honrosa, baseada no princípio da solidariedade”, disse o médico cubano Graciliano Díaz, de 64 anos.
Desde o início da pandemia de COVID-19, Cuba já enviou brigadas de médicos para a Jamaica, Venezuela, Nicarágua, Suriname e Granada.
No Brasil, o ministro da Saúde declarou que irá solicitar que os médicos cubanos que permaneceram no Brasil após serem dispensados do programa Mais Médicos voltem ao trabalho para combater a COVID-19.
Não é só Jales e Rio Preto que irão fechar o comércio. A medida agora vale para todo o estado de São Paulo. A notícia é do UOL:
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou a quarentena para todos os serviços não essenciais no estado de São Paulo a partir da próxima terça-feira (24) por causa do coronavírus. A medida terá validade de 15 dias e poderá ser prorrogada.
“É obrigação o fechamento de todo o comércio e serviços não essenciais à população em todo o território de São Paulo até 7 de abril. A medida pode ser ampliada”, disse o governador, em pronunciamento na manhã de hoje. A decisão não afeta o funcionamento das indústrias, ressaltou Doria.
Uma das medidas anunciadas pelo governador é a determinação de fechamento dos bares e restaurantes do estado neste período. Esses estabelecimentos poderão mudar a sua forma de operação e passar a trabalhar em esquema ‘delivery’.
“Bares, restaurantes e cafés deverão fechar. Esses estabelecimentos poderão funcionar como delivery para manter alguma receita e preservar o emprego dos seus funcionários. As padarias, aliás, ficam proibidas de vender alimentação preparada em seus interiores e devem recorrer ao serviço de entrega como os demais estabelecimentos citados”, disse Doria.
Serviços de saúde humana e veterinária, abastecimento e segurança —que são considerados fundamentais— não serão afetados.
O prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB) também falou a respeito da medida. “Muita gente está achando que se trata de uma marolinha, mas é necessário isolamento social. É um ato de respeito ao próximo, de humanidade. Não é férias”, afirmou.
Doria também manifestou “repúdio” a festas em qualquer comunidade e afirmou que adotará “medidas policiais” para coibir aglomerações.
“Nenhum interesse econômico pode estar acima do interesse social de saúde. Manifestações como festa, bailes funk, ou bailes de qualquer tipo de música serão coibidos. Meu repúdio a quem promove esses eventos”, afirmou.
O texto é do jornalista Ricardo Perrone, que viajou ao Paraguai para acompanhar o caso Ronaldinho:
Quando desembarquei em Assunção, no Paraguai, para cobrir o caso Ronaldinho Gaúcho, no final do sábado retrasado, minha temperatura foi medida por agentes de saúde na saída do avião. Antes de pisar no salão do aeroporto.
Na segunda-feira,16, ao chegar ao mesmo aeroporto para voltar para casa minha temperatura também foi medida na entrada do salão principal em busca de um possível sintoma do novo coronavírus.
Quando embarquei em Cumbica rumo ao Paraguai ninguém mediu minha temperatura. Na volta, a mesma coisa. Nada de agentes públicos verificando as condições dos passageiros que acabavam de chegar do Paraguai em Cumbica.
Esses fatos mostram resumidamente como o caso envolvendo os documentos paraguaios falsos de Ronaldinho Gaúcho e Assis me revelaram a distância que o governo paraguaio abriu em relação ao brasileiro no quesito combate à evolução do novo coronavírus.
No último domingo, andei por ruas desertas do centro de Assunção em busca de um restaurante. Boa parte da população atendeu ao pedido do governo para não sair de casa. Parques estavam fechados, e os poucos restaurantes abertos praticamente vazios, atendendo mais a pedidos para viagem.
No Brasil, no mesmo dia, manifestantes favoráveis ao governo Bolsonaro foram às ruas. O presidente chegou a participar de ato com seus entusiastas em Brasília.
Quando uma funcionária do hotel em que me hospedei em Assunção me perguntou como estava a prevenção contra o novo coronavírus no meu país, falei sobre as manifestações e da atuação do presidente. Seu queixo literalmente caiu. “Como assim, o presidente apoiou uma aglomeração?”, disse ela.
Sua indignação teria sido maior se eu tivesse dito que Bolsonaro chegou a tocar os manifestantes, algo que Ronaldinho Gaúcho, Assis e seus colegas de prisão foram orientados a não fazer. Eles participaram de palestra sobre medidas de prevenção.
O quartel da polícia paraguaia adaptado para também receber presos limitou as visitas a uma pessoa por detento. E os visitantes precisam passar por uma checagem médica antes de entrarem.
No início da semana passada, o governo paraguaio, quando existiam cinco casos confirmados no país, adotou medidas drásticas. Eventos com aglomerações e até aulas foram suspensas. A conta até a publicação deste post estava em sete casos.
No Brasil tem sido uma confusão só. O governo aperta aqui, relaxa ali e os cidadãos batem cabeça. Enquanto isso, o vírus agradece e se espalha.
A China deu o aval para que pesquisadores iniciem testes de segurança em humanos de uma vacina experimental contra o novo coronavírus, em meio à corrida para desenvolver uma imunização contra a Covid-19.
Cientistas da Academia de Ciências Médicas Militares da China, ligada ao exército, receberam a aprovação para iniciar os ensaios clínicos em estágio inicial dessa potencial vacina a partir desta semana, informou nesta terça-feira (17) o “Diário do Povo”, jornal oficial do Partido Comunista chinês, citado pela agência de notícias Reuters.
Enquanto isso, cientistas norte-americanos realizaram o primeiro teste da vacina contra o coronavírus em humanos. Autoridades de saúde dos Estados Unidos disseram na segunda-feira (16) que voluntários de Seattle, um dos estados mais afetados pela Covid-19 no país, começaram a ser imunizados.
Um grupo de cientistas da Austrália descobriu como o sistema imunológico combate a Covid-19, informação que pode ser de vital importância na corrida para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus, cuja pandemia já se espalhou para 162 países.
Em um artigo publicado nesta terça-feira na revista científica “Nature Medicine”, uma equipe de pesquisadores do Instituto Peter Doherty de Infecção e Imunidade, da Universidade de Melbourne, afirma que a reação do sistema imunológico contra a Covid-19 é semelhante à da gripe.
Os cientistas estudaram amostras de sangue de uma paciente infectada com coronavírus de 47 anos que viajou da cidade chinesa de Wuhan, origem da pandemia, para a Austrália, que não tinha patologias anteriores e foi colocada em isolamento, onde ela conseguiu superar a doença, 13 dias após contraí-la.
Como é recente o aparecimento do novo coronavírus, os especialistas ainda têm poucas informações sobre seu comportamento e como o corpo humano reage a ele, mas a descoberta da equipe australiana pode servir para facilitar muito a maneira de combatê-lo.
O Ministério de Relações Exteriores de Cuba informou nesta segunda-feira (16) que receberá o navio britânico MS Braemar, da companhia Fred Olsen Cruise Lines. A embarcação leva cerca de 600 passageiros, cinco deles com diagnóstico confirmado do coronavírus.
De acordo com a CNN, o navio passou dias procurando um local para atracar depois de ter sua entrada negada nos portos caribenhos. Em nota, o governo cubano informou que o pedido de atraque veio das próprias autoridades do Reino Unido e que vai tomar as medidas sanitárias necessárias para garantir a segurança dos pacientes.
“Ante a urgência da situação e o risco para a vida das pessoas enfermas, o governo de Cuba decidiu permitir o atraque da embarcação e adotará as medidas sanitárias estabelecidas para receber todos os cidadãos a bordo, com os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde Pública de Cuba”, disse.
O governo cubano também disse à CNN que está disposto a receber o navio por compreender a “difícil situação em que esses passageiros se encontram”.
“São tempos de solidariedade, de entender a saúde como um direito humano, de reforçar a cooperação internacional para enfrentar nossos desafios comuns, valores que são inerentes à prática humanística da Revolução e de nosso povo”, concluiu a nota.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, afirmou ontem que médicos cubanos que trabalhavam no programa Mais Médicos serão chamados para ajudar no controle da pandemia do novo coronavírus.
Em entrevista à Globonews, ele acrescentou que o chamado se estenderá para estudantes de medicina a partir do sexto ano e médicos aposentados.
Gabbardo explicou que a medida tem como objetivo ajudar a repor parte da mão de obra perdida durante o trabalho, já que os médicos também ficam doentes.
“A preocupação com o médico é muito importante porque ele é muito atingido com o coronavírus. Na Itália aconteceu isso, 40% da força médica e de enfermagem a gente perde no transcorrer da doença, porque eles ficam doentes. Mesmo que os sintomas deles sejam leves, eles têm que ser isolados para não ficar transmitindo a doença para os seus pacientes”, disse.
“Esses cinco mil médicos que vão ser chamados irão para a atenção básica de todo o país. E vamos fazer mais do que isso: nós vamos chamar a partir de amanhã (hoje, 16), todos os médicos cubanos que estavam trabalhando no programa inicial”, concluiu Gabbardo.