Achei que já tivesse postado alguma coisa sobre duas empresas jalesenses, abertas no mesmo dia e no mesmo endereço, mas, revendo o que escrevi, notei que mencionei o caso apenas “an passant”, em um post sobre a iniciativa privada e o tráfico de influência. Então, vamos ao caso:
A foto aí do lado mostra a sede de duas empresas abertas para a mesma finalidade: oferecer palestras e cursos de capacitação, principalmente, na área social de prefeituras, inclusive a de Jales. Mais ou menos a mesma finalidade da empresa EM FOCO Cursos Livres, Técnicos e Profissionalizantes, aberta em 2009 pelas senhoras Rosângela Parini e Marli Mastelari. O prédio possui apenas uma sala, onde, antes de as empresas o alugarem, funcionava um açougue, mas, para efeito de abertura das empresas, ele possuía duas salas, a sala “A” e a sala “B”. À Comissão de Licitação da Prefeitura, a dona do imóvel disse que os dois empresários pagavam o aluguel, mas nunca utilizaram o prédio.
Na sala “A” funcionava, em tese, a empresa Ronaldo Maschetti – Cursos Técnicos-ME, enquanto na sala “B” deveria funcionar a empresa Gustavo Petinari – Cursos Livres. Reparem como esse pessoal é criativo na hora de escolher o nome de suas empresas. Pois bem, essas duas empresas abertas no mesmo dia e no mesmo endereço, na Rua Nova Yorque, começaram suas atividades participando de duas licitações na Prefeitura de Jales e, uma delas, a Gustavo Petinari – Cursos Livres, “ganhou” ambos os certames.
Como essas empresas foram convidadas para participar de licitações na Prefeitura de Jales, é um assunto que precisa ficar melhor esclarecido, mas isso caberá, no tempo certo, à Câmara e ao Ministério Público. Duas coincidências chamam a atenção: Ronaldo Mascheti, um dos empresários, é um eletricista que, há bastante tempo, trabalha junto com a nossa primeira-dama, Rosângela Parini, no Fundo Social de Solidariedade; Gustavo Petinari, o outro empresário, é psicólogo, tal como a primeira-dama e, segundo dizem, era muito amigo dela. Na época em que resolveu virar empresário, Gustavo prestava serviços na Secretaria de Promoção Social da nossa Prefeitura, como contratado da Aderj.
Em março de 2009, a dupla tentou ganhar mais uma licitação, mas a Comissão de Licitação da Prefeitura – alertada por pessoas da própria Secretaria da Promoção Social, que não concordavam com aquele estado de coisas – tratou de efetuar algumas diligências e encaminhar o caso à Procuradoria Geral do Município. Em seu relatório, a procuradora jurídica da municipalidade, Tatiana Queiroz Félix, apontou os indícios de fraude na licitação e sugeriu medidas administrativas contra as duas empresas, entre as quais a proibição de contratar com a Prefeitura de Jales.
Resta saber se as empresas pertenciam realmente aos dois “empresários” e se os cursos e as palestras foram efetivamente ministrados. Tenho cá um palpite, mas vou guardá-lo prá mim.