Jair Bolsonaro, que foi eleito presidente à base de fake news e utiliza a mentira como método permanente de ação política, anunciou que vai vetar a lei que pretende combater esse tipo de prática. “O Congresso está discutindo, já passou no Senado e está na Câmara, o que seria a lei das fake news. Eu acho que é mais uma maneira de botar limites na liberdade de expressão. Não tem que ter limites, no meu entender”, declarou, em live no fim de semana.
“Se alguém se ver prejudicado, entra na Justiça. Está previsto calúnia, difamação, injúria. Não tem que inventar mais nada, porque nunca vai saber qual o limite. Vai virar um terreno onde vai perder a liberdade, não vai poder mais se manifestar sobre nada. Essa liberdade de expressão, essa mídias sociais, que me botaram aqui na Presidência”, disse ainda Bolsonaro.
Neste fim de semana, deputados de vários partidos anunciaram a decisão de processá-lo por espalhar mais uma mentira: a de que a esquerda pretendia legalizar a pedofilia no Brasil.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o senador Major Olímpio (PSL-SP) afirmou que a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nos debates eleitorais em 2018 era motivo de preocupação de sua equipe de campanha, por conta do despreparo do então candidato para lidar com os temas nacionais.
“Era um desespero nosso, cada dia uma agonia, era isso mesmo. Ele não se preocupava em se preparar. Para disputar uma eleição presidencial, você precisa apresentar um projeto do que você quer fazer para o país. Terminou a eleição e nós não tínhamos um projeto para o país”, explica o senador, que era candidato ao Senado em 2018 e coordenava a campanha de Bolsonaro em São Paulo.
Em 2018, o capitão reformado participou de apenas dois debates eleitorais, na Band e na RedeTV, este último em parceria com a revista IstoÉ.
Em 22 de agosto daquele ano, 14 dias antes da facada sofrida por Bolsonaro, Gustavo Bebianno, então presidente do PSL e coordenador nacional da campanha de Bolsonaro, anunciou que o candidato estava fora dos debates. Depois disso, apesar da liberação dos médicos, Bolsonaro não participou mais dos encontros com os demais presidenciáveis.
Durante a década em que esteve com Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda ex-mulher do presidente, conquistou uma significativa evolução patrimonial.
Quem a vê agora andando pela Câmara Vereadores de Resende, sempre maquiada, cabelo louro impecavelmente escovado, cortado em estilo long bob (mais comprido na frente do que atrás) e salto fino, se recorda pouco da assessora parlamentar sem nenhum imóvel dos anos 1990, quando trabalhava no gabinete do deputado federal pela Bahia Jonival Lucas e conheceu seu futuro segundo marido — até se relacionar com Bolsonaro, ela era casada com um coronel da reserva do Exército.
Uma vez vivendo a nova união, ela se transformou em uma ávida negociadora imobiliária, como revela um levantamento de ÉPOCA feito com base em quase 40 escrituras de compra e venda e 20 registros em cartórios no Rio de Janeiro e em Brasília.
Do final de 1997, quando se envolveu com o então deputado federal, até 2008, momento do ruidoso rompimento, Ana Cristina comprou, com Jair, 14 apartamentos, casas e terrenos, que somavam um patrimônio, em imóveis, avaliado em cerca de R$ 3 milhões na data da separação — o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação.
Bolsonaro, quando se uniu a ela, também estava longe de possuir o patrimônio atual. Na época, tinha apenas dois apartamentos no Rio e um terreno onde depois construiu uma casa, na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis. Um deles ficou com a primeira mulher, Rogéria Nantes Bolsonaro. Tudo havia sido adquirido entre 1996 e 1997, ano em que se separou de Rogéria.
Foi na década seguinte, a mesma em que se concentra parte da investigação das rachadinhas (a conhecida prática de devolução de salários de assessores aos políticos que os contrataram) nos gabinetes de Flávio e Carlos, que a carteira imobiliária de Ana Cristina se multiplicou.
O vereador Deley(DEM) – provavelmente com o objetivo de responsabilizar o vereador Macetão, que era o presidente da Câmara em 2012 – está criticando os vereadores daquela época, que aprovaram a doação à CDHU do terreno onde foram construídas as casas do conjunto habitacional “Honório Amadeu”.
Sobre esse assunto, reproduzo trecho do que escrevi em minha coluna, no jornal A Tribuna de domingo passado:
Durante a semana, à guisa de criticar o local escolhido para construção das 99 casas e atribuir culpas aos vereadores da legislatura 2009-2012, divulgou-se que a Câmara Municipal, sob a presidência do vereador Macetão, aprovou às pressas e por unanimidade a escolha do terreno – realmente inapropriado – em sessão extraordinária realizada em outubro de 2012. Quase no final, portanto, da segunda administração Parini-Viola.
É provável, no entanto, que Macetão e os outros vereadores, ao receberem o projeto, receberam também um recado dando conta de que, se não aprovassem o mesmo ainda naquela semana, poderíamos perder as 99 casas. E a culpa, naturalmente, recairia sobre os vereadores. Ressalte-se, porém, que a escolha do terreno, pelo prefeito Parini, já tinha ocorrido UM ANO ANTES.
Para quem não se lembra, a Prefeitura chegou a divulgar, inicialmente, que seriam construídas 200 moradias, as quais teriam sido conquistadas com a intermediação do deputado Itamar Borges(MDB). Em outubro de 2011, no entanto, a mesma Prefeitura informou que seriam construídas apenas 100 casas, uma vez que Parini não tinha conseguido uma área para construir 200.
Na mesma ocasião, a administração Parini informou que as casas seriam construídas “em terreno da Prefeitura, localizado no final da Avenida ‘Salustiano Pupim’, pouco depois do Córrego Marimbondinho”. A demora de um ano para enviar o projeto à Câmara deu-se porque a Prefeitura teve que, antes, obter as aprovações da Cetesb, do Graprohab e da própria CDHU. Portanto, quando o projeto chegou às mãos dos vereadores, já estava tudo decidido.
Tanto é verdade que, quando a Prefeitura enviou o projeto para que os vereadores aprovassem a doação do terreno à CDHU, a licitação para contratação da empresa que construiria as casas já estava correndo. Por sinal, a licitação foi um capítulo à parte, que rendeu algumas dores de cabeça e uma multa de 160 Ufesps (R$ 4,4 mil) ao ex-prefeito Parini.
Isso porque o Tribunal de Contas, em uma decisão discutível do conselheiro Sidney Beraldo – um ex-deputado tucano – julgou que faltou competitividade à licitação, que teve, ao final e ao cabo, apenas uma empresa concorrendo. Além de multar o ex-prefeito, o conselheiro ainda determinou, em agosto de 2016, a paralisação das obras, o que complicou ainda mais uma situação que já estava complicada.
De seu lado, os sócios da empresa que construiu as casas também não estão vivendo dias (e noites) tranquilos. Muito pelo contrário! Obrigada a fazer serviços que não estavam previstos, a empresa sofreu sérios prejuízos e estaria, como se dizia antigamente, “mais quebrada do que arroz de terceira”, com dívidas impagáveis. Uma dessas dívidas – de quase R$ 80 mil – está sendo cobrada na Justiça e poderá respingar em um ex-vereador, que, sabe-se lá por quais motivos, foi quem assinou as notas fiscais de compra dos materiais de construção.
Com as notícias falsas sendo discutidas em diversas frentes, cientista político disse à Sputnik Brasil que é natural políticos que se elegeram com esse artifício se colocarem contra leis para proibi-las.
Para Antônio Marcelo Jackson, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (MG), esse rol de políticos inclui o presidente Jair Bolsonaro, que, segundo o especialista, conseguiu ser eleito e se mantém no poder se utilizando da propagação de fake news.
“Bolsonaro, assim como outros candidatos, foi eleito a partir das fake news, isso é um fato. Ora, se você tem um candidato que é eleito graças a isso, é claro que esse sujeito, já eleito, vai fazer de tudo para que não exista uma legislação que combata as fake news. Afinal de contas, ele vive disso. Se acabarem as fake news, acaba Jair Bolsonaro”, afirmou o cientista político.
O também cientista político Ricardo Ismael, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), diz, por outro lado, que a produção de notícias falsas com objetivos eleitorais não começou em 2018 e não se limita aos grupos bolsonaristas.
“A desinformação e as fake news são produzidas por diversos segmentos políticos. No caso do Brasil, desde a eleição de 2014 já se tinha isso. A candidata Marina Silva ficou bastante marcada naquela campanha por [ser vítima] uma campanha de desinformação e de ataques via redes sociais”, afirmou Ricardo.
Ressalte-se que a decisão do ministro já era esperada por quem acompanha sua trajetória de puxa-saco do clã Bolsonaro. Deu no Brasil 247:
O STJ (Superior Tribunal de Justiça), que concedeu a Fabrício Queiroz e sua mulher o benefício da prisão domiciliar, por causa da pandemia do coronavírus, negou recentemente o mesmo benefício para um jovem, preso sob acusação de furtar dois xampus, de R$ 10 cada.
A decisão contrária ao jovem foi do ministro Felix Fischer, do STJ. Na decisão, ele afirmou que o jovem que roubara dois xampus ele oferece “risco à sociedade”. O Tribunal considerou que Queiroz não oferece risco à sociedade, apesar de ser o operador do esquema de sustentação financeira do clã Bolsonaro, ser ligado às milícias do Rio e ter ameaçado testemunhas no caso da “rachadinha”.
No despacho em que negou o pedido dos advogados do jovem, Fischer citou sentença de outro ministro do STJ, Rogerio Schietti Cruz, segundo Mônica Bergamo. Na sentença, afirma-se que “a crise do novo coronavírus deve ser sempre levada em conta na análise de pleitos de libertação de presos, mas, inelutavelmente, não é um passe livre para a liberação de todos”. A tese não valeu para o casal Queiroz.
A defesa do jovem apresentou pedido de habeas corpus ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas ele foi negado pela ministra Rosa Weber em 30 de junho. O caso aconteceu em 1º de fevereiro, na cidade de Barra Bonita, interior de São Paulo.
Após o furto dos dois xampus em um estabelecimento, o jovem foi preso em flagrante. Fischer é o relator do caso Queiroz no STJ. A decisão de conceder a ele a prisão domiciliar, no entanto, foi de João Otávio de Noronha, presidente da corte, que está de plantão no recesso e deixou de sair de férias para favorecer o clã Bolsonaro.
Nem tudo está perdido! O coronel traçou um retrato perfeito do Bozo. A notícia é da IstoÉ:
O coronel da reserva da PM de São Paulo Glauco Carvalho apresentou nesta quarta, 8, sua renúncia ao cargo de vice-presidente da Associação de Oficiais da PM em razão de discordar da maioria dos demais associados, que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada após reunião da diretoria, na qual Glauco expôs seus motivos.
Em carta entregue aos colegas, ele disse: “É a decisão mais coerente que eu poderia tomar. Se apregoo e defendo a democracia, nada mais justo e lícito que pedir minha saída, uma vez que o eleitorado da Associação de Oficiais é majoritariamente bolsonarista”, afirmou.
Glauco comandou o policiamento da capital do Estado antes de passar para a reserva. Em janeiro, em entrevista ao Estadão, disse que se sentia envergonhado como militar diante de “tantas ações atabalhoadas, extravagantes, ridículas e mesquinhas” do governo Bolsonaro. Na carta entregue nesta quarta, o coronel volta à carga contra o presidente.
“Convivi com um jovem deputado chamado Jair Messias Bolsonaro no inicio dos anos 90. Ele é a antítese do que é um militar na acepção lata da palavra”, afirmou.
“Como todo espertalhão, prega a ordem, mas descumpriu a ordem estabelecida em normas legais no final dos anos 80. Como todo falastrão, defende o militarismo, mas foi um indisciplinado por excelência. Como todo estelionatário, prega moralismos, mas é useiro e vezeiro em transgredir preceitos éticos públicos. Como todo incauto, despreza e desdenha da doença e da dor alheias. Como todo insensato, cria confusões e disputas em torno de problemas que na realidade não existem. Como todo radical, agride verbalmente e ofende seus adversários. Como todo imaturo, não pode ser contrariado. Como todo estulto, quer valer-se das armas para depor os mecanismos pelos quais ele foi alçado ao poder. Como todo arrivista, quer o poder pelo poder”, disse Glauco.
O coronel também criticou a aproximação de Bolsonaro com o ‘centrão’, afirmando que o Planalto hoje ‘depõe sua confiança em parte do estamento político contra o qual fez toda sua campanha’, como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto. “Suas relações incestuosas com a família Queiroz são o retrato mais aparente da prática delituosa da família Bolsonaro”, afirmou Glauco.
Dicionário:
“acepção lata” = interpretação mais ampla.
“arrivista” = indivíduo ambicioso que se utiliza de quaisquer meios para conseguir seus intentos.
Obs.: Segundo o escritor Rubem Fonseca, há uma diferença entre ignorante e “burro”. O ignorante até consegue aprender e mudar de opinião. Já o “burro” não consegue. Boris Johnson, por exemplo, aprendeu alguma coisa quando foi infectado pelo coronavírus e mudou seu discurso negacionista. Já o Bozo…