EM SEIS MESES DE PANDEMIA, PAÍSES AGIRAM ENQUANTO BOLSONARO ABANDONOU BRASILEIROS
A matéria é da RBA:
“Estamos praticamente vencendo a pandemia”, disse nesta sexta-feira (11) o presidente Jair Bolsonaro. Os fatos apontam para a direção oposta. Embora o político use de tal retórica forçada, o Brasil é um dos piores exemplos no combate à covid-19 no mundo. Nesta data, que marca seis meses desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia em todo o mundo, o país sul-americano esteve (e segue) à deriva.
Nesses seis meses de pandemia, países agiram enquanto Bolsonaro abandonou os brasileiros. Desde o início do surto, o presidente ridiculariza o vírus e os mortos. “Gripezinha”, disse ainda em março. “Morreu, quer que eu faça o que? Não sou coveiro”, disse quando o país chegou em 30 mil mortos. Antes disso, Bolsonaro afirmava que a covid-19 não deixaria mais mortos que a H1N1 que, em seu pior ano (2009), deixou pouco mais de 2 mil mortos.
“Outras gripes mataram mais do que essa”, disse no dia 11 de março, data em que a pandemia foi declarada pela OMS. Questionado sobre o que faria a respeito, completou: “Eu não sou médico, eu não sou infectologista”. A marca de mortes em um ano pela H1N1 é atingida a cada dois dias sob sua gestão, com o novo coronavírus.
Na prática, o bolsonarismo se postou como aliado do vírus. Todas as melhores práticas recomendadas por cientistas e pela OMS foram atacadas pelo presidente. “Abrir comércio é um risco que eu corro. Se piorar, vem para o meu colo”, disse em abril. Piorou muito.
O Brasil passa de 130 mil mortos e 4,2 milhões de infectados, o segundo país mais afetado pela covid-19. Isso, sem contar a subnotificação. O país é um dos que menos testa. Pouco mais de 6% da população já passou por algum procedimento para detecção do sorotipo. Milhões de testes estão parados no Ministério da Saúde por falta de outros insumos para sua aplicação.
Durante todo o período da pandemia, até hoje, Bolsonaro foi se fechando cada dia mais em uma “solução final”. Em sua ideologia de desprezo pela ciência, passou a “receitar” para todos os brasileiros um medicamento, a cloroquina (ou hidroxicloroquina).
Entretanto, após inúmeras pesquisas, de diferentes países, os resultados foram certeiros: nas pessoas, a cloroquina não é eficiente contra a covid-19. As vozes da ciência foram, mais uma vez, ignoradas por Bolsonaro. A postura do presidente foi de simplesmente ignorar os fatos.
Sob suas ordens, o dinheiro do contribuinte foi gasto para comprar estoques enormes da substância inútil para a covid-19. O Exército passou a produzir grandes quantidades da substância. Além disso, o Brasil comprou levas do medicamento dos Estados Unidos.
A compra do medicamento dos norte-americanos é mais um capítulo dessa história de fracasso. Os Estados Unidos bateram o martelo sobre a ineficácia da cloroquina. Então, a agência controladora de medicamentos do país suspendeu seu uso e administração. Ou seja, os norte-americanos reconheceram que a cloroquina não funciona e abandonaram o medicamento.
Mesmo assim, após tal reconhecimento, Bolsonaro prosseguiu com a compra. “Se quiserem comprar, eu vendo”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, questionado se ele venderia um medicamento comprovadamente ineficaz.