DESVIO DE VERBA EM DOLCINÓPOLIS ERA FEITO NA BOCA DO CAIXA, DIZ PROMOTOR
Um dos agentes que aparece na foto foi meu ex-colega de BB, de sorte que acompanhei a luta dele para ser aprovado no concurso da PF. E essa confusão toda com o ex-prefeito de Dolcinópolis acabou me proporcionando uma boa notícia: o depoimento que eu daria hoje à Polícia Federal, sobre um outro assunto, foi adiado.
Tive alguns problemas de saúde nos últimos dias e somente hoje – graças ao excelente atendimento que tive ontem na UPA de Jales – estou me recuperando. De sorte que, para mim, não ter que sair de casa, no momento, é uma boa notícia.
Um detalhe sobre o caso de Dolcinópolis, que nem todos os leitores do blog talvez saibam. O promotor Claiton Luís da Silva, de Estrela D’Oeste, é filho de um antigo comerciante aqui de Jales, por sinal, meu ex-vizinho. Claiton não é de dar moleza pra ninguém.
Na campanha eleitoral do ano passado, o promotor esteve pessoalmente em Dolcinópolis, acompanhado de alguns policiais, para investigar um churrasco “boca livre” que estaria sendo patrocinado por um dos candidatos a prefeito. O caso está tramitando na Justiça Eleitoral.
Mas, vamos à notícia do G1. E quem quiser ver o vídeo é só clicar aqui:
O Ministério Público Estadual de Estrela d’Oeste (SP) identificou durante as investigações na Operação Catatau, que terminou com a prisão do ex-prefeito de Dolcinópolis (SP) nesta terça-feira (21), que eram feitos saques na boca do caixa de contas da prefeitura, o que para o MP não é comum.
“De acordo com a documentação apresentada, começamos a identificar também a possibilidade da realização de saques diretamente na boca do caixa de uma das contas da prefeitura de Dolcinópolis, o que para nós não é comum, geralmente os pagamentos são por transferências, depósitos, cheques, e há indícios de levantamento na boca do caixa em espécie por agentes públicos da prefeitura”, afirma o promotor Cleiton Luís da Silva.
A TV TEM tentou entrar em contato com a defesa do ex-prefeito, mas as ligações não haviam sido atendidas.
José Luiz Inácio de Azevedo foi preso em casa, em Porto Seguro (BA). A prisão é temporária, por cinco dias. O ex-prefeito de Dolcinópolis é investigado por desviar recursos públicos. O ex-prefeito mantem negócios em Porto Seguro, onde é dono de um restaurante, uma loja de conveniência e um lava rápido na cidade. “Foi possível localizar com ajuda da Polícia Federal da Bahia que ele estava na cidade e tinha estabelecimentos comerciais, provavelmente aproveitando o dinheiro desviado da prefeitura”, diz o delegado da Polícia Federal Cristiano Pádua da Silva.
Ele se mudou para a Bahia, no fim do ano passado, com a mulher, o filho e a empregada da família. Um assessor do ex-prefeito, que estava morando na antiga casa dele no município paulista, foi levado para a delegacia. A Polícia Federal cumpriu dez mandados de condução coercitiva na região noroeste paulista.
Os policiais federais de Jales (SP) chegaram cedo a Dolcinópolis, que tem pouco mais de dois mil moradores. Os agentes recolheram documentos na casa do ex-prefeito, na prefeitura e numa chácara que, segundo a polícia, também pertence a José Luiz Inácio de Azevedo.
Além de Dolcinópolis, outros mandados de busca e apreensão foram cumpridos em mais quatro cidades da região. As investigações começaram depois que o Ministério Público recebeu uma denúncia de desvio de verbas.
‘Notas fiscais fictícias’
“Recebemos da prefeitura de Dolcinópolis um grande número de notas fiscais, basicamente da segunda quinzena de dezembro e focamos a atenção nos dias 29 e 30 de dezembro, que coincidiram com recebimento de FPM e recursos da repatriação do governo federal e notamos ali um número grande de notas fiscais emitidas por supostos fornecedores, de oficinas mecânicas e outros fornecedores e a partir disso começamos investigar, eventual emissão de notas fictícias para justificar o desvio de recursos da repatriação e do FPM”, diz o promotor.Um lavador de carros também foi preso. Ele é suspeito de agir como ‘laranja’, nas fraudes do ex-prefeito. Segundo as investigações, o homem , que mora em um bairro simples, aparece como um dos donos de uma construtora e de uma empresa de consultoria, que prestavam serviços para prefeitura, durante o mandato do ex-prefeito.
“Ele seria um laranja, porque uma das empresas que está no nome dele tem capital social de mais de R$ 1 milhão e a função efetiva dele e encerador de carro de um posto de combustível”, diz o delegado.
O prefeito e os aliados nos supostos esquemas de corrupção podem responder por peculato, que é apropriação indevida de dinheiro público, associação criminosa e falsificação de documentos. A polícia pode pedir que o ex-prefeito fique na cadeia até o julgamento do caso e ainda o bloqueio de bens dele.
O ex-prefeito foi conduzido por policiais federais em voo de Porto Seguro até São José do Rio Preto (SP). O avião chegou ao interior de São Paulo por volta das 19h10. Do aeroporto, o ex-prefeito foi escoltado em viatura até Jales para ser ouvido pelas autoridades responsáveis pelas investigações. Ele, posteriormente, será conduzido a presídio da região de Jales onde permanecerá à disposição da Justiça Estadual.