AGRESSOR DE JORNALISTA É “CONDENADO” A DORMIR EM CASA DURANTE UM ANO
Deu na coluna Direto ao Ponto, do jornalista Augusto Nunes, na Revista Veja:
Nesta quinta-feira, o vereador cassado Lourivaldo Rodrigues de Morais, vulgo Kirrarinha, foi condenado pela agressão à jornalista Márcia Pache. Ponto para a Justiça. Na sentença, o juiz Gerardo Humberto Alves Silva Junior determinou que, pela bofetada desferida no rosto do Brasil decente, o agressor deve cumprir a pena de um ano de detenção em regime aberto. Ponto para os fora-da-lei. Em tese, esse tipo de prisão obriga o condenado a passar as noites numa “casa do albergado”. Como Pontes e Lacerda nem sabe o que é isso ─ existem menos de 100 casas do gênero em todo o país ─, Kirrarinha poderá dormir em casa depois de passar o dia em liberdade.
O ex-vereador ainda filiado ao DEM ─ que promete expulsar o delinquente desde outubro ─ não compareceu ao julgamento, que começou às 13h10 e terminou meia hora depois. De novo, enviou um atestado médico que o transforma em portador de “depressão aguda”, sem que o dono da assinatura seja enquadrado pelo Conselho Regional de Medicina. O documento foi entregue pelo advogado Waldeci Leles Martins, nomeado pela Defensoria Pública para preencher a ausência do defensor contratado por Kirrarinha. Márcia deixou a sala sob olhares ressentidos de amigos do condenado. Nas horas seguintes, seu celular recebeu várias ligações originárias de aparelhos não identificados. Ao atender, ouviu o silêncio.
Quem assiste a seriados policiais americanos é reapresentado diariamente à cena clássica: depois de anunciada pelo juiz a sentença condenatória, o criminoso com as mãos algemadas é imediatamente encaminhado à cadeia. Em países civilizados, é assim na vida real. O desfecho do julgamento de Kirrarinha reafirma que, nos países primitivos, só é assim na televisão. A nação moderna e justa ainda é apenas um brilho nos olhos dos brasileiros honestos.